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quinta-feira, 17 de março de 2011

De quem é a culpa da situação da crise que se vive em Portugal?

Por: Arlindo Moreira

Já não é novidade para ninguém que Portugal está financeira, económica e socialmente muito debilitado. Ou seja, em bom e vernáculo português, estamos todos nas lonas e já começámos a senti-lo nos bolsos. Mais grave ainda é que, a acreditar nos economistas e “opinion Makers” mais pessimistas (realistas) da nossa praça e não só, ainda a procissão vai no adro!
Perante tão complicada e tenebrosa situação formulo, muito frequentemente, uma pergunta a mim próprio: será que existe algum cidadão adulto neste país que possa afirmar categoricamente que está totalmente isento de culpas do estado a que o país chegou? Paradoxalmente, ou talvez não, concluo sempre que ninguém se pode eximir da sua quota-parte de responsabilidade! Faço aqui, no entanto, a devida e justa excepção aos verdadeiramente inimputáveis, mas estes, infelizmente, por motivos reais de saúde!
Por exemplo: as constantes reivindicações e pressões junto dos vários governos por parte dos sindicatos e das múltiplas associações socioprofissionais; as agremiações e associações patronais a reclamarem permanentemente benefícios fiscais e outras concertações; na mesma direcção, embora de forma diferente, estão os partidos políticos fora da área governativa, mas com assento na Assembleia da República, nomeadamente PCP, Os Verdes e BE; as exigências constantes dos partidos políticos da área governativa quando não estão no poder, como são o caso do PS, PSD e ainda do CDS/PP (não esquecer que este último partido conta já com mais de uma dezena de anos com responsabilidades governativas); depois vêm os vários e inevitáveis governos que, ao longo de mais de três décadas, efectuam despesas excessivas e muitas das vezes com realizações inúteis e sem sentido, gerindo os dinheiros públicos de forma irresponsável e sem o controlo adequado, cedendo ainda sistematicamente às pressões sempre que há eleições à vista; por fim, mas não por último, a maior parte dos gestores públicos sem perfil para o serem, gastando o que não é deles, enriquecendo e fazendo enriquecer os seus seguidores sem serem punidos e, muito menos, despedidos como acontece com os gestores do sector privado. Às vezes até são promovidos...
Depois temos ainda a estrutura de gestão regional com os Governos Civis; centenas de Câmaras Municipais desbaratando dinheiro em fantasias e rotundas para alimentar vaidades pessoais; mais de quatro mil e duzentas Juntas de Freguesia (algumas nem se percebe porque existem); milhares de empresas municipais e municipalizadas para colocar os “boys” locais; e, evidentemente, não podemos esquecer os múltiplos institutos públicos para colocar os outros “boys”, ex-governantes, entre outros apadrinhados, mas que são sempre os mesmos e dos mesmos, com algumas e honrosas excepções...
Daí que, invariavelmente, os governos, eleitos após campanhas eleitorais baseadas em promessas de redução de impostos e cortes na despesa pública, mudem o tom e o som ao diapasão e passem a aumentar as despesas correntes, aumentem também os impostos e reduzam os investimentos, para com isto poderem alimentar toda esta máquina devoradora dos recursos que não possuímos porque fazemos parte, definitivamente, de um país pobre. No entanto, os nossos governantes desculpam-se sempre e invariavelmente com as mesmas decalcadas alegações: é tudo devido aos erros de gestão dos governos que lhes antecederam e da conjuntura internacional, mas nunca deles!
Posto isto, considero que também nós, cidadãos comuns, temos algumas culpas no cartório! Senão vejamos: somos culpados porque andamos distraídos, somos culpados porque somos comodistas e burgueses, somos culpados porque os seguimos e aplaudimos, somos culpados porque acreditamos neles, somos culpados porque os desculpabilizamos, somos culpados porque votamos, e por aí adiante! Mas, quer queiramos quer não, também somos culpados porque todos temos beneficiado, directa ou indirectamente, das reivindicações de terceiros, da distracção dos governantes e ainda do despesismo público.
Não me levem a mal mas, pensando bem, acho que na realidade somos todos culpados!
Para finalizar, faço aqui outra pergunta mas, desta vez, a todos: será não está chegada a hora de mandarmos os partidos actuais às malvas e começarmos a pensar numa nova forma de organização e de governação partindo de novos movimentos de cidadãos de boa fé?
Pensem bem nisso!

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