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quarta-feira, 23 de março de 2011

José Sócrates: "As dificuldades das familias ficaram reféns do calculismo político"

O cenário confirmou-se. José Sócrates apresentou esta noite a demissão do cargo de primeiro-ministro. Sócrates diz que "a sofreguidão do poder explica esta crise política", "evitável" e "inoportuna". Mas afirmou que será novamente candidato nas próximas eleições legislativas.
Num discurso pautado por recados à oposição, José Sócrates demitiu-se este noite do cargo de primeiro-ministro. Numa curta declaração Sócrates afirmou que a crise política dos últimos dias era perfeitamente "evitável" e "inoportuna".
O ainda primeiro-ministro descreveu um "cenário lamentável", aquilo que se passou hoje na Assembleia da República.
"Hoje todos os partidos da oposição rejeitaram as medidas que o governo propôs para evitar que Portugal recorresse à ajuda externa. E fizeram-no sem apresentar alternativas à negociação. A oposição tirou ao governo todas as condições para continuar a governar", acrescentou.
O primeiro-ministro demissionário alertou para as consequências "negativas" de um programa de ajuda externa "para as pessoas, para as famílias e para as empresas", e disse que foi exactamente essa a sua luta que tem vindo a travar "há vários meses".
Sócrates reiterou que até ao "último minuto" mostrou total disponibilidade para negociar com os partidos o novo pacote de medidas da austeridade.
"Fiz inúmeros apelos à responsabilidade e pedi a todos [os partidos] que pensassem duas vezes no que iam fazer. Lamento que tenha sido o único a fazer esse apelo e lamento ainda mais que nenhuma outra força política tenha respondido a esse apelo”, declarou José Sócrates na sua comunicação ao país.
"Calculismo político" e "sofreguidão do poder" explicam esta crise
Claramente direccionado para o PSD, José Sócrates responsabilizou o principal partido da oposição pelo cenário de crise política que levou à sua demissão acusando os sociais.-democratas de "calculismo político" e "sofreguidão de poder".
"As dificuldades das famílias ficaram reféns do calculismo político. Hoje os partidos acrescentaram dificuldades políticas às dificuldades económicas ", referiu.
Tal como era já esperado, num cenário de eleições antecipadas, José Sócrates anunciou que será candidato às próximas legislativas.
"Irei submeter-me à vontade dos portugueses. Tenho confiança na energia, na vontade e na capacidade dos portugueses. Eu confio em Portugal", finalizou Sócrates.
«SAPO»

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