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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A minha Terra

Por: Lino Mendes - Temas Culturais
MONTARGIL a minha terra

Permitam-me que hoje apresente a minha terra, que para nós é sempre a melhor. Mesmo quando nos é madrasta, não deixa de ser…a nossa terra.
Pois bem, no ponto onde o Alentejo e o Ribatejo se encontram fica MONTARGIL. Lá no alto olhando a Guarita e tendo a seus pés a Barragem, fica a vila rodeada de serras, montes e vales, e de algumas aldeias— Foros do Mocho, Farinha Branca e Vale de Vilão-- que são um convite para quem deseja respirar o sabor retemperante da ruralidade .
Porque não se lhe conheciam figuras ilustres e feitos heróicos, chegou a considerar-se uma terra sem história, mas não, simplesmente foi escrita por gente anónima que encheu celeiros, e que descalça, dormindo ao relento percorriam os longos caminhos que a levavam ao trabalho, onde a verdura dos campos era a creche dos filhos que de cesto à cabeça ou alforges aos ombros transportavam de torgalho.
Toda a terra tem a sua identidade, e a de Montargil dizia o sociólogo e historiador José Salvado Travassos que era/é a expressão da alma alentejana com a riqueza da charneca ribatejana. Mas eu acrescento mais um pouco dos Algarves que os tiradores de cortiça por aqui deixaram, e outro tanto dessa gente boa e trabalhadora que eram os “ratinhos” em tempo de ceifa.
Mas quando me perguntam se Alentejo ou Ribatejo eu tenho que dizer simplesmente Montargil. Como se sabe, MONTARGIL ( todo o concelho de Ponte de Sor) é geograficamente RIBATEJO, mas administrativamente ALENTEJO.
Mas então e Etnograficamente? Dizem os que tudo decidem que ALTO ALENTEJO. Mas quanto a mim é essencialmente, uma zona de transição. E o curioso é que, entrando no campo do folclore cantam-se e bailam-se aqui as SAIAS ,baila-se o CORRIDINHO e o FANDANGO. Mas aqui, e analisando com cuidado os três géneros musicais, encontramos umas SAIAS com toda a essência alentejana, um CORRIDINHO bem distante do algarvio, e um FANDANDO só para homens e atirado para as tabernas.
No entanto, dizem-nos, sempre se caminhou mais para os lados do Ribatejo, quer para a Feira de Santarém, quer para as Vindimas e o desbravar da Charneca.
Voltaremos ao assunto.

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