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sábado, 26 de fevereiro de 2011

NOVAS MANEIRAS DE FAZER POLÍTICA OU A VONTADE DE NÃO A FAZER SEQUER

Por: Anabela Melão
Desde que comecei a fazer militância político, e foi-o muito recentemente, tenho experimentado os antípodas dos sentimentos. Quase que me apetece recorrer ao conceito de Civic Hacking que, em síntese, estimula acções de participação política da comunidade web, de modo a dar expressão da população via rede. Em outras palavras, "faz uso estratégico da rede para fortalecer o poder político da sociedade.". Civic Hacking é mais que um termo, é uma alternativa, uma táctica que se insere na e-democracia. Esta dita táctica podia controlar o chorrilho de asneiras com que somos literalmente torturados dia a dia.
Quando Pedro Passos Coelho apareceu – tal qual se aguardava por El-Rei Dom Sebastião – entre o cinzentismo politiqueiro, fui das primeiras pessoas – incluindo Manuela Ferreira Leite – a admitir que poderíamos estar perante um rival à altura de José Sócrates. E como acredito que a Democracia e os governos se fortalecem com oposições competentes, senti uma ténue esperança.
Ora bem, o homem foi pisado e repisado pelo seu próprio partido, e até os que deram a ordem para a sua morte política lavaram as mãos como Pôncio Pilatos, e consagraram-lhe a Santa Bajulação. O homem é o produto de um dos maiores mentores da política nacional (Ângelo Correia). O homem, entretanto, até tirou uma licenciatura, como um bónus de inteligência. Raios o partam, tanta gente jurou a pés juntos que voltara El-Rei Dom Sebastião. Em suma, uma renovada forma de fazer política. Com todas as condições para vir a ser o Alberto João do Continente.
É líder da oposição mas não se opõe a coisa nada. A cada medida que o Governo apresente tem cinco caminhos: recusa, porque acha inadmissível); negociação, quer obrigar o Governo a discuti-la e forçá-lo a revê-la de acordo com as suas exigências; confusão (os laranjas apelam à confusão, valendo-se de um nevoeiro informativo sobre o que quer e o que não quer); aceitação (o PSD anuncia que, por força do interesse nacional, se vê forçado a concordar) com a medida do Governo); vergonha (o PSD penitencia-se e pede perdão ao País).
Assim, o eleitorado está em vias de punir o PS, porque “governa”, seja por causa das Scut e dos chips nas matrículas e a levantar ao púlpito, apesar dos malabarismos políticos que o movem, presenteando-nos com o apoio ao Governo nas referidas questões. O povo nomeou Sócrates como bode expiatório por todas as calamidades públicas (ora porque chove no Verão ora porque faz sol no Inverno). Passos Coelho, o anjo que legitima, apoia e compreende todos os desastres políticos supostamente provocados pelo Governo, assume-se, finalmente, como um herói popular.
Tenho andado a pensar na explicação para tais fenómenos, mas nem a minha perguntar: a nova forma de fazer política ainda será política ou já entra na pura fraude educação dominicana consegue que se faça luz para esta propensão para o sofrimento, a dorme e a penitência.
Nem chego a perceber se Passos Coelho toca o coração ou a carteira, nem sei se seduz os ricos ou os pobres, mas estou convencida que, seja pelo que for, o rapaz ainda vence esta coisa e desata a pedir desculpas a Sócrates, e a fazer birra, que bem é capaz de lhe dar um chilique, e oferecer de bandeja, de novo, a governação a Sócrates. Sugiro que, a exemplo, de um seu colega de partido já dinossauro na política, caso os portugueses endoideçam de vez e o empurrem para a cadeira de primeiro-ministro, peça desculpa ao povo, incluindo a Sócrates, e nos presenteie, e a Sócrates também, com uma torradeirazinha ou um frigorificozinho. Que assim temos assegurado no seu mandato pãozinho quente e um leitinho fresco.
Mas o que o pobre coitado não quer mesmo é que fique conhecido como o mentor de uma nova forma de fazer política: evitar o poder a qualquer custo. Pelo que cabe?
Inspiração no artigo de Alberto Gonçalves do DN Opinião de hoje, com mais um temperozinho aqui da pequena.



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