Por: Lino Mendes |
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O Povo
………..Um Povo
Falar de Folclore é falar de Povo, que não tem hoje o significado de “grupo social de estatuto mais baixo, de plebe”, podendo definir-se como o”conjunto de pessoas de um lugar, de uma região, de um país”. Isto é, quando hoje falamos no POVO, não nos estamos a referir a uma classe ou camada social e os da minha idade se lembram certamente do “clero, nobreza e povo” da nossa História mas sim ,de “um conjunto de indivíduos unidos entre si por laços comuns de ordem rácica, histórica ,cultural ,religiosa, etc.”, digamos que de toda uma população independentemente da sua actividade e condição social.
Temos assim e por exemplo, o povo português que por sua vez é constituído por vários grupos étnicos ou culturais, como o são as populações minhotas, alentejanas, ribatejanas, algarvias e beirãs entre outras, que se consubstanciam nas diferenças que nos caracterizam e definem. Tendo cada uma delas algo que as caracteriza entre si, nem por isso deixam de internamente ter também as suas diferenças, o que mais enriquece a sua identidade.
Entretanto, e por se falar em “grupo étnico”, para Tomaz Ribas é esta a designação correcta a ocupar o lugar de “raça”, que hoje constitui um termo “sem verdade nem validade científica”,”já que sobre o globo terrestre já hoje não existem raças puras.”Desde há muitos milhares de anos que os povos se têm cruzado tanto e de tal maneira que já não é possível afirmar com verdade que um determinado grupo humano em determinado momento histórico se não cruzou com qualquer outro grupo humano.”
Falámos de POVO .Mas acontece que a Etnografia e o Folclore estudam não O POVO mas sim UM POVO (sinónimo de grupo étnico), É que a expressão POVO ”tem um significado social visto que se refere a uma dada camada da sociedade, aliás aquela camada da sociedade que engloba todas as classes que não são propriamente a burguesia”, enquanto a expressão “UM POVO ” “não tem exclusivamente um significado social, de classe social ,mas sim um significado étnico. Digamos que (a Etnografia e o Folclore) estudam os “usos e costumes”,as “tradições”,que aliás só os povos evoluídos têm. Os outros povos (não evoluídos) não têm ”tradição”,têm a sua “Cultura”,que em Ciências Humanas não tem o significado de “soma de conhecimentos “,mas sim o de “cultura ancestral” de um povo que não evoluiu.
Alguns exemplos: o fandango, o corridinho, a Chotiça, o trajo de minhota ou de alentejano, um coral do Alentejo (para mais não citar) são FOLCLORE”porque sendo manifestações populares são-no de um povo que vive dentro dos padrões sociais actuais usando das conquistas técnicas universais.”Por sua vez,”um batuque no interior da África, uma doença ou uma canção da Polinésia”não são Folclore, são Cultura de um povo primitivo, que não evoluiu.
Ora, sendo assim, se apenas os povos evoluídos têm folclore, não se pode afirmar que este seja evolutivo, pois que acontece no período em que o desenvolvimento se instala e deve manter-se inalterável, como ponto de referência no tempo.
É uma simples opinião!
Entretanto, que diferença entre Folclore e Etnografia?
Ora bem, será esse o tema do próximo artigo.
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