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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cadernos de Etnografia e Folclore

Lino Mendes

( 6 )

O grande Festival de Folclore e os ingredientes necessários

Um grande (bom) Festival de Folclore não é necessariamente o que decorre durante vários dias e tem a participação de muitos grupos, pois basta um dia de festa ,cinco /seis grupos no respeito por todas as necessárias valências que se interligam.
Ora vejamos…
Cinco grupos(com qualidade.com representatividade) cada um dispondo de vinte minutos( o suficiente para se mostrar),o que totaliza em quaisquer das situações—5/6 agrupamentos---o máximo de duas horas ,o que não cansa.
Um grupo vai sair e logo o seguinte se perfila para subir ao palco. Preferimos o apresentador do próprio grupo desde que saiba passar quase despercebido apenas demorando o mínimo tempo necessário para que em palco os elementos se preparem para a “moda” seguinte. Que não haja espaços mortos; que não interessa quantas viagens o grupo fez ao estrangeiro mas sim qual a sua matriz etnográfica. A qualidade do “palco” é muito importante, o que é muito descurado mesmo em festivais de renome. Deve ser liso e não escorregadio, ter pelo menos 8X8 de espaço para dançar a que se juntará para a “tocata” e neste caso, mais 2X8 encostado mas não pregado. Se for possível ,um pouco mais alto.
Alimentação com qualidade a servir—sentados ,se possível-- antes de trajar. Um desfile à tarde será muito bonito ,mas inoportuno e não aconselhável. Se a organização não dispuser de espaço para que os grupos comam ao mesmo tempo, devem as refeições ser servidas por ordem de distâncias, que igualmente deverá ser a de actuação, que o hábito de deixar para o fim os mais mexidos ou de mais nome não tem razão de ser, que a qualidade deve ser marcante em todos os participantes.
Iluminação que encha o palco e não encandeie os participantes. Um som que não seja barulhento, não prejudique os que estão nas casas vizinhas, e deixe que os assistentes se consigam ouvir entre si, o que nem sempre acontece .Aliás na C.M. deve ser tirada uma “licença de ruído” que indica a sonoridade permitida.
Acompanhamento”.Da chegada à abalada deve cada grupo ser acompanhado por um par de “guias” atentos às respectivas necessidades, e prontos a dar quaisquer esclarecimento ou resolver qualquer situação.
É oportuno, especialmente em tempo de muito calor que a organização esteja prevenida com garrafas de água.
Nos casos em que a entrega de “lembranças” se realize antecedendo as actuações, o que levará ao palco algumas entidades, as eventuais palavras que possam vir a ser ditas, apenas devem ter a ver com folclore. É grave e já tem acontecido, o aproveitamento da situação para propaganda política ou qualquer outra.
Os horários são para cumprir, e devem ser estudados ao pormenor.
É certo que nem todas as organizações dispõem das necessárias condições---mas seria bom que as entidades de apoio e para que tal aconteça , comecem a pensar nestas pequenas(?) coisas.
Há quem diga que o público vai estando farto de espectáculos à maneira tradicional, o que está errado. De que o público está farto, isso sim, é de festivais mal organizados, onde por vezes até coabitam grupos representativos com outros que de folclore nada têm.

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