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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Fechou Colónia Balnear da Nazaré por falta de condições de segurança

A falta de condições de segurança do edifício da Colónia Balnear da Nazaré, um espaço pertencente à Assembleia Distrital de Santarém, levou António Rodrigues, presidente daquele órgão, a encerrá-la.

As condições de habitabilidade não são as melhores e os 21 municípios membros da Assembleia Distrital estão cada vez mais de costas voltadas para a utilização daquela casa. Uma das excepções tem sido o município de Alcanena, que todos os anos tem promovido actividades naquele local.
Terá sido mesmo aquele município a utilizar a colónia pela última vez, quando em Maio alguns idosos do concelho aí estiveram, no âmbito das férias na Nazaré, promovidas pela Câmara Municipal de Alcanena. Dias antes da actividade, a autarquia deslocou uma equipa de funcionários para realizar acções de limpeza e dotar a Colónia Balnear da Nazaré de condições mínimas de higiene e conforto. As casas-de-banho necessitam de uma grande volta, o refeitório está em condições péssimas de utilização e a instalação eléctrica necessita de ser remodelada.
Estes são apenas alguns dos problemas referidos por Luís Azevedo, presidente da Câmara de Alcanena, que não augura um futuro decente para aquele edifício. Em causa tem estado a falta de interesse dos responsáveis: “Tem havido um alheamento da política distrital para com aquela casa. As Câmaras que são responsáveis pela colónia não lhe ligam e muito poucas fazem uso das instalações”, continuou.António Rodrigues, que está a cumprir o último ano do mandato enquanto presidente da direcção da Assembleia Distrital, pouco ou nada conseguiu fazer para inverter a situação.
Nem têm sido realizadas reuniões entre os parceiros: “Este é um dos maiores patrimónios que o distrito possui” sublinhou Rodrigues, acrescentando que o que se está a passar é uma “vergonha inconcebível”. Por norma, refere, respondem às convocatórias para reuniões quatro presidentes de câmara no universo dos 21 do distrito.
Entretanto, lembrou Azevedo numa recente reunião de Câmara, o presidente da Câmara de Torres Novas propôs há algum tempo que cada município disponibilizasse uma verba de 25 mil euros para que fossem feitas algumas das obras mais urgentes: “Se considerássemos este valor, a juntar a uma eventual candidatura a fundos europeus, com certeza que conseguiríamos uma boa verba para se fazerem as obras necessárias”, notou o independente.
Luís Azevedo lançou até a ideia de implicar a Câmara Municipal da Nazaré na gestão da colónia, considerando que havendo interesse por parte daquele município, mais facilmente a estrutura reuniria melhores condições. O autarca sugeriu até que o edifício fosse rentabilizado com a criação de uma escola de hotelaria.
Para Ermelinda Toscano, da Comissão de Trabalhadores das Assembleias Distritais, o estado actual do edifício é grave e este não deveria sequer ser utilizado por questões de segurança: “É um risco autorizar a cedência das instalações”, referiu. Contactada pelo JT (antes da decisão de se fechar a colónia), a responsável admitiu que os elementos da assembleia distrital não reúnem há uma série de anos e nessa medida não há planos de actividades nem orçamentos. “Uma situação que põe em risco o futuro da colónia”,disse.
Nesta altura, a Assembleia Distrital tem dois funcionários (administrativos) que desempenham a actividade na sede, em Santarém. Em Dezembro de 2008 terminaram os contratos de quatro funcionários (director de serviços, um administrativo e dois funcionários de limpeza). “Se o número de funcionários já era insuficiente, agora torna impossível o funcionamento daquele espaço”, vincou a responsável.
Na perspectiva de que as autarquias não têm dado a devida importância à colónia, Ermelinda Toscano desafiou os autarcas a reunirem e a deliberarem no sentido de que não estão mais dispostos a gerir a Colónia Balnear da Nazaré. Entretanto, e nos últimos dois anos, a assembleia distrital teve um parceiro, a Ideias e Soluções Associadas, uma associação sem fins lucrativos, mas que foi afastada. Segundo referiu a representante dos trabalhadores, António Rodrigues ter-se-á incompatibilizado com a associação, afastando-a.
Para Ermelinda Toscano uma das soluções para o futuro da colónia poderia passar pela Ideias e Soluções, entidade que teria meios para recorrer à banca e investir naquele espaço. “Uma situação que não está ao alcance da assembleia”, em virtude da sua condição estatutária.Para a representante dos trabalhadores das Assembleias Distritais, a culpa é, em primeiro lugar, dos autarcas, do presidente da Assembleia Distrital e dos governos dos últimos 20 anos, que têm permitido este desleixo.Colónia já foi alojamento de retornados da guerra.
O edifício foi construído em 1940 e teve outras denominações: Junta de Província do Ribatejo, Junta Geral do Distrito de Santarém e Junta Distrital de Santarém. A inauguração ocorreu no dia 8 de Junho de 1941 e o edifício teve diversas utilizações, como casa de alojamento aos retornados das ex-colónias, no após 25 de Abril, e até ao ano de 1980.
Nesse período foram realizadas diversas reparações e ampliações, e a partir de 1984, o edifício ficou enquadrado numa nova dinâmica social e pedagógica, onde têm sido dinamizadas ao longo dos anos actividades de tempos livres e de reinserção social para jovens e idosos.

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