A FALÊNCIA DO "MOUCHÃO DO INGLÊS" FOI A MÁ GESTÃO ONDE NEM DINHEIRO HAVIA PARA ARRANJAR OS TRACTORES

Já à algumas semanas atrás eu debrucei algumas das minhas palavras sobre a questão da agricultura e falei até dos programas de apoio que o QREN , virados para a agricultura, no entanto verifico agora que as pessoas, anónimas por sinal, não têm a mínima noção do que é a agricultura nos dias de hoje em Portugal e muito menos o que se passa ou que se passou no Mouchão do Inglês. Se quanto ao que é agricultura em Portugal eu posso vos dar o meu ponto de vista, e é claro que o vou fazer, mas agora o assunto da Cooperativa do Mouchão do Inglês, eu conheço-o de certeza melhor que muitos dos que têm falado e escrito e só vos tenho uma coisa a dizer, (o problema da falência da Cooperativa foi a sua má gestão, não por parte dos últimos que lá estiveram, mas sim de quem lá esteve e que deixou as contas da Cooperativas numa autêntica ruína, sem investimento visível, onde a maquinaria estava obsoleta e nem dinheiro para arranjar tractores havia. Se isto não foi má gestão foi o quê? Eu sei mas não digo….)

Quanto à Agroalpiarça o problema foi também de má gestão, e esta sim um pouco por culpa da conjuntura, ou seja má opção estratégica, maus investimentos e falta de capital que lhe permitisse uma reestruturação acertada e capaz de dar frutos.

Nos dias de hoje uma empresa independentemente da dimensão que tenha, não se pode dar ao luxo de ter os seus trabalhadores a trabalhar somente de segunda a sexta, tem de se trabalhar também ao sábado e se for necessário até ao domingo. Tem de se fazer um investimento bem calculado e preponderado, ou seja que não seja desajustado e que permita capacitar a empresa de modo a que a mesma se torne rentável.

Não foi isto que se passou nas duas entidades acima referidas, pois por exemplo, não se pode deixar que um Cooperativa que de dois tractores que tem para trabalhar nas vinhas faça apenas um capaz de trabalhar, ou que gaste uma fortuna numa máquina de vindimar que não presta e que não dá rendimento suficiente.

Senhores, é por esta e outras razões similares que as Cooperativas abrem falência (neste caso, pois das outras como a do João Duarte não sei muito bem o que se passou, mas se é verdade o que muita gente diz, os gestores destas cooperativas deveriam á muito ter sido responsabilizados)

O problema dos agricultores é de facto muito grave e merece um tratamento diferenciado, mas não são o Mário Pereira ou a Sónia que de certeza vão resolver o problema, se bem que sempre podem ajudar. A agricultura de hoje é completamente diferente da que existia à vinte anos atrás, hoje o pequeno e médio agricultor deve ter uma estrutura empresarial que defenda os seus interesses, não só desde o baixo preço dos produtos para a produção das suas culturas, mas também para o escoamento dos mesmos. Essas estruturas até existem, só que devido a problemas internos, deixam de ter capacidade de trabalhar, pois como é sabido, as pessoas desta terra não aceitam que terceiros vendam os seus produtos sem elas saberem muito bem como, entre outras coisas, ou seja por vezes a ganância e a desconfiança fazem com que os bons projectos morram ou sejam feridos com uma gravidade tão grande que tarde ou nunca se endireitam.

Enquanto os pequenos e médios agricultores não pensarem como um só, estão lixados e nunca mais se desenvolvem e progridem, o que faz com que não passem do mesmo e depois venham criticar quem de facto pensa e sabe trabalhar.

Para terminar, espero que todos os que têm andado aí a criticar a torto e direito, vão ao Mouchão do Inglês e vejam o que de bom se tem feito por lá este ano, pois pelo que me disseram, além dos trabalhadores andarem satisfeitos, porque são bem recompensados pelo seu trabalho, as searas estão como já não estavam á muitos anos.

E sobre este assunto mais não digo.

Por: Adam