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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

VOTO DE PESAR

VOTO DE PESAR

Com 90 anos faleceu no passado dia 19 de Novembro Leocádio Teodoro do Vale.

Foi um alpiarcense que desde adolescente, e perante as injustiças que sentia no seu dia-a-dia de trabalho e das que presenciava, sofridas por muitos dos que o rodeavam e ainda pelos ecos que por cá chegavam da terrível guerra civil que a poucas centenas de quilómetros acontecia em terras de Espanha, despertou para o lado dos que clamavam por Justiça, por direitos sociais e políticos, pela Democracia.
E cedo também se envolveu na actividade política-partidária, filiando-se no Partido Comunista Português, do qual foi militante até à sua morte.
Pagou bem cara essa militância política. Foi preso pelos esbirros da PIDE, polícia política do regime de Salazar, a qual o sujeitou à tortura psíquica e física. Esteve encarcerado nas prisões políticas do regime durante mais de oito anos, acabando por ser o lutador antifascista de Alpiarça que mais tempo foi mantido atrás das grades.
Mais tarde e já após o 25 de Abril de 1974, foi regedor em Alpiarça, até esta figura administrativa ser extinta.
Leocádio Teodoro do Vale, homem respeitado na comunidade alpiarcense, foi também um importante promotor e actor da Cultura. Envolveu-se e envolveu gerações de alpiarcenses em actividades culturais, particularmente na arte cénica. Sabia ouvir e fazia ouvir a sua sabedoria.
Fez parte do Grupo Cénico da Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro e, mais tarde, do Grupo Amador de Teatro de Alpiarça, uma estrutura comum às Secções Culturais daquela colectividade e do C. D. Os Águias. Além disso também foi um elemento preponderante nas suas Secções Culturais, então locais de confraternização e de difusão da Cultura e de ideais políticos contra a ditadura fascista.
Leocádio Teodoro do Vale também pintou, declamou e escreveu algumas obras do foro filosófico.
Por tudo isto, a Assembleia de Freguesia de Alpiarça, reunida em sessão ordinária delibera:
Manifestar o seu mais profundo pesar pela perda deste alpiarcense e apresentar as condolências à sua família.
Delibera ainda esta Assembleia de Freguesia comunicar publicamente este voto de pesar à população de Alpiarça, através de anúncio a ser inserido no mensário Voz de Alpiarça.

Alpiarça, 18.12.2013

1 comentário:

Anónimo disse...

Homenagem póstuma de um discipulo:
Tinha eu então 14 anos em 1952,quando comecei a ler Marx e Lenine, livros que este camarada, nessa data tinha em seu poder.
Pelo seu intermédio vi a saber que tinha sido o meu pai a emprestar-lhe os ditos livros, fiquei de facto admirado, pois pensava que o meu pai já não tinha
livros nessa época. Lá lá vão 63 anos e recordo a pessoa que me iniciou a ler e a compreender Marx e Lenine.Que a sua alma esteja em Paz onde ela estiver.