A Carta Autárquica do Partido
Socialista para o Distrito de Santarém esteve em debate no último sábado, em
Tomar. A sessão moderada pela candidata do PS à presidência da Câmara de Tomar,
contou com a presença de Salomé Rafael, Presidente do Nersant, de Luís
Ferreira, produtor cultural, e de André Escórcio Soares, professor do Ensino
Superior. A abertura dos trabalhos esteve a cargo do ex-deputado João Sequeira,
do Secretariado Distrital da Federação do PS, que sublinhou a importância desta
iniciativa política não só para os futuros autarcas, mas sobretudo para as
populações, já que se trata de um instrumento coordenador da futura ação
autárquica do PS.
Salomé
Rafael, primeira oradora da sessão, colocou o acento tónico na questão
empresarial, destacando um conjunto de casos de sucesso no distrito,
nomeadamente alguns ligados aos sectores agro-pecuário e turístico, que
“comprovam o dinamismo e as múltiplas capacidades da região”. Salomé Rafael
lamentou que esta dinâmica se perdido em Tomar nos últimos anos, sublinhando a
necessidade de implementar um novo ciclo, de maior apoio ao sector empresarial
e ao desenvolvimento de nichos de mercado sectoriais.
Para Salomé Rafael, é igualmente de extrema
importância que os futuros autarcas saibam destacar e valorizar a marca
“Ribatejo”. A Presidente do Nersant sublinhou igualmente a importância
estratégica do Instituto Politécnico de Tomar para a região do Médio Tejo ao
destacar o dinamismo e a inovação que as parcerias com esta instituição podem
imprimir na dinâmica empresarial. Para Salomé Rafael, a capacidade de liderança
e de mediação dos autarcas são fatores determinantes para a eficácia da
coordenação estratégica nos respetivos concelhos. Sem lideranças eficazes, os
concelhos enfrentam a estagnação, foi o recado que a líder do Nersant deixou.
Luís
Ferreira, produtor cultural e dirigente associativo em Tomar, referiu a sua
experiência como organizador de eventos, nomeadamente do Festival Bons Sons,
para sublinhar a necessidade de implementar instrumentos capazes de criar
dinamismo económico e de relevância turística na área da cultura, do
associativismo e da produção de eventos. Luís Ferreira notou que “quase sempre
é ignorada diferença entre o custo de um evento e o seu valor como fator
contribuinte para uma ideia mais abrangente, por exemplo ao nível de uma
estratégia concelhia ou para a capacidade de atrair atenção e investimento para
outros projetos.
André Escórcio Soares, professor do Instituto
Politécnico de Tomar e dirigente associativo na área do voluntariado, colocou o
enfoque na necessidade de realizar trabalho conjunto entre as empresas, as
autarquias e as instituições académicas para a introduzir valor nos produtos e
eventos, capacidade de atrair e fixar população e melhoria da qualidade de vida
dos cidadãos. A ideia das modernas cidades criativas foi invocada a este
propósito com André Escórcio Soares a lembrar que este novo modelo assenta em
três pilares: tecnologia, tolerância e talento.
Anabela Freitas acabou por intervir na fase de
debate frisando que “só a interligação entre o mundo empresarial e educativo e
a dinâmica cultural,associativa e da cidadania ativa, pode retirar a região, e
especificamente Tomar, da difícil situação em que se encontra”. Anabela Freitas
considera que “uma autarquia deve ser permanentemente facilitadora da
iniciativa privada, da iniciativa associativa, da iniciativa individual e deve
ter essa estratégia como seu fio condutor da sua ação desde o primeiro minuto”.
Ficou ainda o compromisso de, caso venha a ser eleita Presidente de Câmara, “concretizar
um projeto de liderança com capacidade de diálogo, capaz de valorizar os
aspetos positivos da comunidade e de apostar nas pessoas como mais-valia”.
O público participou na fase de debate que
fechou com uma intervenção de António Rodrigues, Coordenador Distrital da Carta
Autárquica. O Presidente da Câmara de Torres Novas deixou algumas pistas sobre
os desafios que se colocarão aos novos autarcas, particularmente “graças às
dificuldades económicas que o país atravessa e também às linhas orientadoras do
novo quadro comunitário de apoio, viradas essencialmente para o combate à
pobreza e exclusão social, o empreendedorismo e criação de emprego, a
tecnologia, a cultura, sempre com o comum denominador da estratégia de
desenvolvimento sustentável”. António Rodrigues afirmou ainda necessidade dos
próximos autarcas apostarem no diálogo e no trabalho conjunto no seio das
comunidades intermunicipais, uma vez que será aí que a maioria das decisões
será tomada, nos próximos anos.
Ao longo da sua intervenção final, o Coordenador
Distrital da Carta Autárquica lamentou a perda de competitividade por Tomar a
vários níveis, afirmando que esta situação “é má também para a região, e
incompreensível quando Tomar tem todas as condições, do património à capacidade
instalada, para estar numa posição de vanguarda”. António Rodrigues deixou
ainda uma farpa ao atual Presidente de Câmara, ao agradecer – em nome de Torres
Novas – uma estratégia autárquica que ao longo de 15 anos tem estado contra a
instalação de empresas no concelho.
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