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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A causa pública


O Estado é compreensivo para quem serviu a causa pública. É um bom e um justo Estado – que reconhece a devoção dos titulares de cargos públicos e políticos. Seria uma injustiça sem nome despachá-los no fim da comissão com nota de agradecimento e respectiva comenda.
O Estado compensa generosamente o espírito de missão com uma reforma – considerável e vitalícia. É o mínimo que pode fazer aos patriotas que, sem o mais leve lamento, aceitaram carregar o fardo de uma vida de martírio nos corredores do poder, nas autarquias, nos gabinetes das empresas públicas, nas bancadas parlamentares.
Não interessa, por exemplo, se deputados dormiram no hemiciclo, se passaram duas legislaturas sem abrir a boca (nalguns casos, ainda bem que se mantiveram calados) ou se picavam o ponto à sexta-feira de manhã e iam mais cedo para o fim-de-semana. Muito menos interessa se muitos dos nossos eleitos e governantes lucraram com empregos mais ou menos duvidosos (falo de ética) arranjados durante o mandato. Também não importa se impolutas figuras correram a fazer dois ou três meses na Assembleia da República para assegurarem a reforma por inteiro. A verdade é que tanta generosidade nos custa um preço demasiado alto – injusto e incompreensível. O Estado, exaurido e de mão estendida aos agiotas que ainda o financiam, vê-se agora nesta ingrata situação: não tem dinheiro para pagar as reformas milionárias.
Fonte:
«CM»
Enviado por um leitor

3 comentários:

Anónimo disse...

Nós pagamos com ordenados de miséria, com desemprego,dificuldades de acesso à saúde,à educação,com trabalho precário, para os grandes vigaristas deste país viverem na maior.

Anónimo disse...

Não vi nenhum ex. presidente de Câmara, ex. deputado no desemprego .

Anónimo disse...

Conversa de bêbedos
Os partidos do regime assinaram um acordo com a ‘troika’ e suspenderam a política nacional. Verdade que o PS diz que não: há sempre uma ‘margem’ (no orçamento, na acção governativa, quem sabe na cabeça dos seus deputados) para fazer ‘diferente’. Mentira.
Ou o país cumpre o que assinou; ou não cumpre – e tenta negociar outros prazos; outras condições de empréstimo; um perdão parcial da dívida; uma saída amparada do euro. Se nada disto está no cardápio, o resto é paisagem – uma paisagem onde faltam ideias e abundam ‘casos’. O último deles foi a exortação de Passos para que os portugueses deixem de ser ‘piegas’. A frase pode soar ridícula no seu moralismo de mestre-escola. Mas ganhou proporções de escândalo porque a política a sério, feita por adultos e para adultos, desapareceu quando entregámos a chave a uma gerência estrangeira. A política portuguesa é hoje uma conversa de bêbedos: implicativa e estéril. Mas os bêbedos não gerem a tasca.
Fonte Jornal«CM»