Jerónimo de Sousa desafiou, ontem, o Partido Socialista a
rasgar o acordo assinado com a troika para não cair em contradição. Num
comício em Faro, o secretário-geral do PCP disse que António José Seguro
tem que se definir: não pode ser simultaneamente situacionista e
oposição.
"O PS que se defina. É um subscritor do 'Pacto de Agressão', então é
cúmplice desta política, não quer ser então rasgue essa assinatura e
venha para a luta contra esta situação em que nos encontramos, venha
ser, de facto, a oposição que agora não é", incitou Jerónimo de Sousa
durante um comício em Faro.
O líder do PCP acusou o PS de se ter metido num "nó cego" ao querer
ser "da situação e da oposição ao mesmo tempo" e de querer ser visto
como opositor ao pacto sem renunciar ao que de mais grave ele contém.
"Assinar o 'Pacto de Agressão' e as medidas que preconiza e depois
vir rabujar e criticar a sua aplicação conduz sempre a ser apanhado em
contra pé e em contradição", acrescentou.
Jerónimo de Sousa teceu ainda duras críticas à decisão do Governo de
financiar empresas privadas de trabalho temporário em vez de combater
efetivamente o flagelo do desemprego.
"Esta medida é brincar com os desempregados, abusar dos dinheiros
públicos, facilitar mais alguns amigos de empresas do trabalho
temporário e apoucar o próprio instituto de emprego e formação
profissional", criticou.
Segundo o secretário--geral do PCP, o objetivo fundamental da
política de direita do Governo é a de manter e pressionar um "exército
de desempregados".
"Pressiona os desempregados pela vida que têm e, simultaneamente,
quem tem emprego porque quando estes reivindicarem salários, quando
reivindicarem um direito, lá vem a ameaça: "Se te fores embora tenho
aqui mais dez para colocar no teu lugar". Este é o objetivo fundamental
de manter um exército de desempregados", acusou.
A taxa de desemprego disparou no quarto trimestre para os 14 por
cento, face aos 12,4 por cento observados no trimestre anterior, com o
número de desempregados a ultrapassar os 770 mil, segundo os últimos
dados do INE.
A taxa de desemprego média anual situou-se nos 12,7 por cento, acima
da estimativa do Governo inscrita no relatório do Orçamento do Estado
para 2012 e da estimativa da 'troika' (de 12,5 e 12,4 por cento,
respetivamente).
Lusa
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