Professores, engenheiros, profissionais de saúde e da hotelaria têm procura em mercados externos.
"Empregos correm atrás das pessoas". A manchete de um diário de São
Paulo resume bem o clima de procura de talentos que se vive no Brasil.
As estimativas apontam para que sejam necessários quase oito milhões de
profissionais, até 2015, no mercado de trabalho brasileiro. Recentemente
foram divulgados números que apontavam para a necessidade de 50 mil
engenheiros para empresas brasileiras.
No futuro, os países de língua portuguesa (Brasil, Angola e outros
países africanos), Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia
serão os destinos preferenciais, antevê Francisco Madelino, presidente
demissionário do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Para o responsável deste organismo, em declarações feitas no balanço dos
Dias do Emprego em Novembro, a procura de emprego no estrangeiro "é uma
tendência natural nos portugueses e que, na actual conjuntura, não pode
ser reprimida - porque constitui, de facto, uma alternativa válida e
uma mais-valia em termos profissionais e de internacionalização".
O tema voltou à ribalta, na sequência das declarações do
primeiro-ministro em entrevista ao "Correio da Manhã", na qual sugeriu
que os professores sem emprego devem procurar novas qualificações ou
procurar novas oportunidades, por exemplo, nos PALOP. As declarações
foram mal recebidas, até porque é o segundo membro do Executivo a
incitar à emigração. O primeiro foi o secretário de Estado da Juventude e
Desporto.
Com a taxa de desemprego a rondar os 12,5%, este ano, muito acabam
por procurar oportunidades lá fora. "Há uma quebra muito significativa
em todos os sectores em Portugal", diz Amândio da Fonseca da EGOR, o que
significa que emigrar "não é o seu sonho de carreira, mas um recurso,
sobretudo para os mais qualificados", conclui.
Conscientes da qualificação dos profissionais portugueses e,
simultaneamente, da sua disponibilidade para sair de Portugal à procura
de melhores oportunidades, cada vez mais países europeus, têm vindo a
recrutar no país.
Docentes do ensino básico e secundário e educadores de infância, por
exemplo, são profissionais com grande procura por países como Reino
Unido, Noruega, Alemanha, França, Suécia ou Finlândia, revela Francisco
Madelino, presidente demissionário IEFP. Só a Alemanha disponibiliza 400
mil ofertas de emprego no portal do instituto de emprego alemão.
Esta procura estende-se a outras áreas, como engenheiros de diversas
especialidades, excepto para a construção, ou profissionais das
tecnologias de informação. Há também boas oportunidades para enfermeiros
- nomeadamente na Noruega, que os procura activamente, segundo o
embaixador Ove Thorsheim - assistentes sociais e cozinheiros e chefes de
cozinha, revelam as conclusões do IEFP.
"Espanha, apesar da crise, continua ainda a registar algumas
oportunidades, pela proximidade geográfica e da língua, com
correspondente colocação de trabalhadores portugueses, em animação
turística e desportiva, engenharias e hotelaria", acrescenta Francisco
Madelino, apontando, porém, que esta oferta tem registado "um retrocesso
muito significativo, nos últimos três anos".
Experiência prévia de trabalho no estrangeiro, acompanhada de uma
preocupação com competências linguísticas, é uma das características que
os empregadores estrangeiros procuram nos candidatos portugueses, "o
que não significa que não surjam oportunidades para recém-graduados,
muitas vezes enquadradas em programas de estágios", lembra o presidente
do IEFP.
Existe ainda uma preferência por profissionais com experiência na
gestão de projectos e supervisão de equipas, domínio de técnicas de
investigação, experiência em teletrabalho, conhecimentos profundos em
algumas linguagens de programação", conclui Francisco Madelino.
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