Por: Daniel Coelho * |
Na minha humilde sabedoria sobre agricultura, ocorre-me falar sobre umas das principais culturas do Ribatejo, e também claro, Alpiarça.
O cultivo do tomate de industria.
O cultivo de tomate de indústria tem sofrido ao longo dos tempos varias transformações, tanto a nível das variedades produzidas, tipos de solo, e maneira como se prepara o solo.
Há não muito tempo atrás (20/25anos), o tomate de indústria era uma cultura que era feita através de muita mão-de-obra.
Mão-de-obra essa, que ao longo dos tempos foi escasseando foi dando origem a que os agricultores se mecanizassem e modernizassem.
Mas vamos começar pelo início:
No início, o tomate de indústria era uma cultura em que a preparação do terreno para a instalação da cultura era feita de forma bastante rudimentar.
O tomate era plantado á mão, por alagamento. Todos os trabalhos de condução da cultura eram feitos manualmente, com ranchos enormes de mulheres.
Até as próprias desinfecções que era necessário fazer, era com um pulverizador ás costas. O tomate era transportado para as fábricas em pequenos tractores e camionetas.
O mundo evolui, e como tal, a agricultura, e em concreto o tomate de indústria, também assim foi.
Com a evolução dos tempos, a mão-de-obra foi ficando cada vez mais escassa, e em consequência disso, foi ficando, também, menos necessária.
Nesta altura, um grande produtor de tomate fazia entre 10 a 15 hectares.
Seara de Toamte |
Em comparação, hoje em dia, um pequeno agricultor faz entre 20 a 25 hectares.
Hoje em dia, tudo é diferente.
As variedades são outras, a maneira de preparar o terreno, é outra, tudo é diferente.
Hoje, um agricultor para fazer entre 100 a 150 hectares de tomate, necessita apenas de aproximadamente 10 a 15 trabalhadores.
Ao contrário de á uns anos atrás, hoje tudo é mecanizado.
Desde a preparação dos solos, ate á colheita, passando pelas plantações e desinfecções fitossanitárias, tudo é mecanizado.
Até ao nível de um dos bens mais preciosos que temos, a água, a cultura do tomate sofreu uma enorme evolução.
Hoje em dia o tomate é regado, só com a agua, restritamente necessária. Através de rega gota a gota localizada.
Em conclusão: a grande evolução na agricultura deve-se, principalmente á falta de mão-de-obra. Os agricultores foram obrigados a arranjar soluções.
Pode parecer um contra-senso, visto que a taxa de desemprego no nosso país é tão elevada, mas o que é certo, é que na agricultura, continua a existir carência de mão-de-obra.
3 comentários:
Gostei do artigo e de forma simples dá uma explicação cabal sobre a evolução da cultura do tomate, havendo muitas parecenças com a evolução da cultura do melão principalmente na rega, na plantação e na escolha das variedades que se procuram cada vez mais produtivas e saborosas.
Discordo porém numa coisa com o Daniel que é sobre os motivos que levaram a esta evolução nos métodos de produção. Somos levados a pensar que é a escassez de mão-de-obra, é provável que sim, os preços pagos aos trabalhores agrícolas e as condições em que se trabalha (ao sol, à chuva, ao frio, comer muitas vezes de pé ou sentados no chão ou na borda de um "rego"), não digo que os baixos preços pagos sejam culpa da entidade patronal, sei por experiência própria que por exemplo no caso do vinho, há certas produções que não pagam nem sequer a vindima, quanto mais o resto dos trabalhos.
Só queria lembrar o Daniel das grandes lutas operárias da chamada Revolução Industrial, com o aparecimento da máquina a vapor e logo depois da electricidade, quando milhares de operários começaram a ser despedidos pela mecanização dos processos de fabrico. Uma máquina não se cansa, não vai à casa de banho, não adoece, não goza férias, nem licença de parto, não tem horários, o Daniel sabe que há motores eléctricos que trabalham anos sem pararem dia e noite. Basta olharmos para a industria automóvel em que quase tudo já é feito por robots. O numero de automóveis produzidos numa fábrica a dividir pelo numero de operárias chega a médias de 7 automóveis por dia e por operário, ora como é possível um homem produzir 7 automóveis? Claro, centenas de peças fornecidas de fora, soldadura e pintura a velocidades inpensáveis para o ser humano e uma electrónica sofisticada que controla todos os processos de fabrico, evitando erros e desperdícios.
Se hoje o tomate fosse produzido como nos tempos do avô do Daniel, provavelmente seria impossível produzir um kg de tomate por menos de 2 ou 3 euros ou mesmo mais.
Para terminar só para dizer que em certas zonas do país se apostar na mão-de-obra barata em detrimento de novas tecnologias e modernização das fábricas, principalmente no têxtil, não se conseguem acompanhar os preços e o despedimento tem sido e vai continuar a ser massivo.
O desemprego em Portugal, e em parte por esse mundo fora é da responsabilidade da evolução da informática, quanto mais evolui menos pessoas são precisas para trabalhar, hoje basta uma pessoa para fazer o serviço que há 15 anos eram precisos mais de 50. Tambem temos que vêr e verdade seja dita, quem é que quer trabalhar nos campos? A meu vêr podiam e bem aproveitar as pessoas do RSI, e dar-lhes uma ocupação, seja na agricultura ou nas câmaras, e porque não criar equipas com presos e pô-los a limpar as valetas,sempre era uma maneira de fazerem algo de útil à sociedade, em vez de estarem de papo pró ar a esturrarem os nossos impostos.
JPS
concordo com o artigo publicado,tal como o resto das áreas a agricultura seguiu os passos da modernidade e da inovação, a meu ver bem porque hoje a população é muito maior que há um cento de anos atrás, a mecanização e a modernização da agricultura veio possibilitar uma maior abundancia de produtos agricolas, podendo assim o consumidor comprar a preços mais competitivos, não vejo, nem há nenhuma desvantagem que a agricultura seja cada vez mais mecanizada.
O problema da mão de obra na agricultura é um problema nos dias que correm porque hoje em dia este trabalho agricola exige uma maior formação e instrução e aqui é que está a principal preocupação porque ainda há o estigma que quem não sabe fazer nada"vai para a agricultura", um erro crasso pois é nesta área que cada vez mais precisamos de gente com vontade e experiência.
E lembrem-se na conjuntura actual que vivemos em portugal e visto que não somos produtores de diamantes nem de petróleo está na altura deste e de outros governos que vierem por aí olharem para este sector, e de uma vez por todas o colocar como o principal motor de desenvolvimento deste país.
CMV
Enviar um comentário