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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ensino privado vs público

 
O ensino privado não é melhor que o público: selecciona os alunos, e claro que tem melhores resultados
Na discussão sobre o ensino privado alimentado pelos nossos impostos volta sempre o velho mito da suposta qualidade dos colégios. Aparentemente os pais escolheriam os colégios porque estes teriam melhores resultados.
Para começar esquece-se uma evidência: se fosse concedido aos pais escolherem a escola para os seus filhos e todos optassem pelo privado, além de o público ficar às moscas, gostava de ver a proclamada qualidade do privado que não pudesse seleccionar os alunos. Porque essa é a questão: quem escolhe alunos (como aqui provei que se escolhe, tendo em conta “o percurso escolar do aluno”) fica com os melhores e estes obtêm melhores resultados. É óbvio. Tão óbvio como este velho texto do Pedro Sales, que mantem a sua actualidade ranking após ranking:
O colégio São João de Brito é da Companhia de Jesus, a qual tem mais duas escolas com ensino secundário. O Instituto Nun´Álvares, em Santo Tirso, e o Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache – Coimbra. Como acontece com quase todas as escolas privadas no interior, têm um contrato de associação com o Estado. Ao contrário do São João de Brito, recebem alunos de todas as classes sociais. A Companhia de Jesus afirma que os métodos de ensino, contratação e formação de professores são idênticos. Quais são, então, os resultados? O Nun´Álvares ficou em 177.º, a Imaculada Conceição em 91.º. Há quatro anos, ficaram em 164.º e 249.º, respectivamente. O São João de Brito, com os mesmos métodos pedagógicos e de ensino, ficou este ano em 3.º no ranking e, há quatro anos, foi a ”melhor” escola…
Questionado, na altura, pelo “Público” sobre essa brutal disparidade entre uma escola que recruta os seus alunos entre a elite da elite e dois colégios privados com todo o tipo de estudantes, o responsável pelo São João de Brito diz que “o Colégio de Coimbra fica num meio paupérrimo”. “é um meio rural, com fraco nível cultural. Teríamos outra posição no ranking se estivéssemos mais perto de Coimbra”. Pois é, teria a Companhia de Jesus e a escola secundária de Alpiarça ou a de Campo Maior. Mas não têm, o que não as impede de ver na comunicação social que as escolas privadas são melhores do que as públicas. Uma leitura redutora que, como se vê, tem os seus dias. Ou melhor, os seus sítios e classes sociais.

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