Um (a)deus para sempre
(Por: Pedro Gaspar)
Nelson, morre em mim a esperança, pese embora longínqua, de te conhecer pessoalmente. Falar contigo. Partilhar um momento.
Inspirei-me tanta vez no que pensavas e na forma como o escrevias. Observava nos outros a forma como a tua aura avassaladora os libertava , lhes soltava amarras e os salvava da corrosão que é o sentimento de vingança.
Nelson, em boa verdade, tentei seguir os teus conselhos. Percebi, no entanto, que não estava à altura . Em poucos meses "pecava" mais do que tu alguma vez o fizeste em toda a tua vida.
Escrevo-te , desta forma naufraga , assim como um abandonado numa ilha. Um solitário que lança uma garrafa com uma mensagem na tênue esperança de que chegue ao destino . A Algum destino . Qualquer destino.
Porque Nelson, hoje sei que nunca te vou conhecer . Porque para o sítio onde vais jamais caberá uma pobre alma como a minha. Sentar-te-ás no conselho dos deuses. Pleno direito celestial adquirido enquanto terráqueo .
Mas Nelson, permite-me mais um pecado . O da vaidade . A vaidade de poder dizer aos meus filhos que vivi no mesmo planeta que tu e no mesmo espaço temporal.
Perdoa-me Nelson porque, e na certeza que , peneirada a vaidade, entrego aos meus filhos o ouro negro e puro dos teus ensinamentos.
Serei fiel depositário.
Um abraço amigo
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