Oitocentos mil. A irrealidade do número não mitiga o drama pessoal de cada um dos portugueses que se encontra desempregado.
É vital para a preservação da nossa dignidade colectiva que a monstruosidade daquele número não se sobreponha ao rosto e ao nome de cada português que não tem forma de sustento. Entre os jovens, a desolação é ainda mais gritante – são mais de trezentos mil. Ou, para que a estatística não nos obnubile a (boa) consciência, imagine que tem três filhos jovens em idade activa: um deles estará irremediavelmente desempregado. Esta é a realidade de milhares de famílias. E a realidade pode ser ainda mais negra, quando num casal estão ambos desempregados ou quando se deixa de receber qualquer apoio social. Conhecemos as razões do flagelo e porque continua a aumentar. Também sabemos o que tem de ser feito e o que está a ser feito. Mas é fundamental compreender o risco. O risco que as pessoas, desesperadas, deixem de responder por si. E que alguém passe a responder por elas. Um dado histórico para reflectir: quando Hitler subiu ao poder, nos anos 30, a Alemanha tinha seis milhões de desempregados.
Fonte:«CM»Enviado por um leitor
Sem comentários:
Enviar um comentário