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terça-feira, 10 de março de 2015

«AS ROSAS TAMBÉM VOTAM»

DEBATE SOBRE O PAPEL DA MULHER


Foi na Chamusca e teve lugar no Centro de Artesanato o debate sobra a violência contra as mulheres e o seu papel na vida pública e privada.
Organizado em parceria pela Câmara Municipal da Chamusca e pelo Departamento Federativo das Mulheres Socialistas de Santarém (DFMSS), o encontro reuniu dezenas de participantes, que tiveram oportunidade de escutar um vasto conjunto de intervenções sobre a matéria.
Moderado por Carla Batista, Presidente da mesa da Comissão Política das Mulheres Socialistas, o encontro contou com a participação de Hugo Costa, em representação do Presidente da Federação Distrital do PS, que mencionou a importância participação das mulheres na vida do PS ao longo de uma curta intervenção.
Cláudia Moreira, Vice-Presidente da autarquia, abordou a luta pelos Direitos das Mulheres numa perspetiva histórica, lembrando «os muitos sacrifícios a que se sujeitaram muitas e muitas mulheres ao longo dos tempos para que se chegasse ao reconhecimento pleno da mulher e do seu papel na sociedade. Lamentavelmente», acrescentou Cláudia Moreira, «vivemos tempos de retrocesso, nomeadamente em Portugal, onde as mulheres voltam a ser mais discriminadas do que já foram».
Anabela Estanqueiro, jurista e coordenadora do Grupo de Trabalho da Justiça do DFMSS, sublinhou precisamente este facto : «as mulheres já foram mais respeitadas em Portugal, basta ver o crescimento dos números da violência.» No entanto, sublinha Anabela Estanqueiro, «há a registar aspetos positivos, nomeadamente na vertente legal, como seja a institucionalização do princípio da indignidade, um princípio legal que entrou em vigou em final do ano passado e que impede um assasino de herdar os bens da vítima, situação que ainda ocorria em casos de mulheres assasinadas pelos maridos».
Carlos Anjos, Presidente da Comissão de Proteção às Vítimas de Crime, centrou-se na questão da proteção e defesa das vítimas, nomeadamente sublinhando «a importância da denúncia das situações». Segundo Carlos Anjos, «continua a existir muita violência escondida, fruto de uma postura cultural que tem de ser ultrapassada pelas próprias mulheres». Ficou ainda a lembrança de que «há sinais de alerta que são ignorados tanto pelas vítimas como por quem as rodeia, como pelas próprias autoridades, e essa é também uma barreira que tem de ser derrubada», sublinhou o ex-Presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária.
Nesta sessão participou igualmente Maria do Céu Albuquerque (foto), Presidente da Câmara de Abrantes, que notou « a importância do papel das autarquias no acompanhamento de muitas situações», revelando que «as câmaras, muitas vezes, não só não têm recursos para tratar das situações dos seus próprios conseclhos como ainda têm de acorrer a situações de concelhos vizinhos, que são totalmente negligenciadas». Maria do Céu Albuquerque, Secretária Nacional do PS, falou da sua experiência pessoal na política, nomeadamente para dizer que foi «muitas vezes confrontada com questões de âmbito pessoal ou familiar que nunca viu colocadas aos políticos do género masculino».
A fechar a sessão, Maria da Luz Lopes, Presidente do DFMSS, sublinhou a importância da «Educação para a Cidadania, uma disciplina que tem de ser transversal a todo o percurso escolar e académico, que tem de ajudar a preparar cidadãos, nomeadamente em matéria de igualdade». Maria da Luz Lopes lançou ainda um «alerta para a evolução da diferença salarial entre homens e mulheres, que tem vindo a aumentar, em lugar de diminuir». Para a líder das Mulheres Socialistas do Distrito, «as mulheres são as mais prejudicadas pelas políticas de austeridade na medida em que geralmente são elas as responsáveis pelos filhos quando há uma separação». Ou seja, «ao retirar recursos às mulheres, condenam-se crianças à pobreza e isto é uma forma de violência social de género intolerável», sublinhou Maria da Luz Lopes.
A iniciativa reuniu cerca de 40 participantes, entre homens e mulheres, revelando que a sociedade não quer ver esta temática circunscrita ao debate no feminino.

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