Por: Eduardo Costa |
Tendo conhecimento que
os contornos tenebrosos desta matéria da responsabilidade da empresa
intermunicipal “Águas do Ribatejo” (adiante designada apenas por AR),
em conivência com os vários autarcas da região que ratificaram estes aumentos
brutais, estão já a ser denunciados; a finalidade deste artigo é elucidar os
leitores de forma isenta e sem conotações politicas sobre esta vergonhosa
situação.
Como forma de mitigar
o argumento político de que a denúncia desta matéria supra-partidária dos
aumentos da água, visará encapotadamente, criar-se dificuldades financeiras às
“Águas do Ribatejo”, no sentido de posteriormente se promover a sua privatização;
parto de 2 pressupostos para melhor fundamentar a legitimidade dos meus
argumentos:
1º As AR apresentam actualmente uma
sólida situação financeira de muitas largas centenas de milhões de euros
(Fonte: Anuário Financeiro dos Municípios 2011/2012);
2º A inflação oficial do INE de 2012
foi de 2,7% e a prevista para 2013 é de 1,6%, muito inferior
aos aumentos previstos.
Fugindo à
superficialidade da hipócrita abordagem politica, onde se fala falaciosamente
de aumentos de apenas alguns cêntimos; demonstrei objectivamente, comparando a
minha actual factura, com o novo preçário para 2014; quais os aumentos
reais que se irão verificar na Tarifa Doméstica.
Assim, passo a
descriminar os aumentos que se verificarão, malgrado as AR dizerem que serão
apenas de 4,6%, como mais adiante desmascararei:
- Tarifa
Variável da Água (1º, 2º e 3º Escalões de consumo): 4,6%
- Tarifa Fixa
da Agua (contador com 20mm de calibre): 6%
- Tarifa
Variável de Saneamento (1º, 2º e 3º Escalões de consumo): 21%
- Tarifa Fixa
de Saneamento (contador com calibre de 20mm): 6%
Sobre a Taxa
de Recursos Hídricos (TRH), verifica-se que, à revelia do artº17º do
DL 97/08, segundo o qual, as actualizações devem ser em função do índice de
preços ao consumidor do INE; a TRH/Água mantêm-se inalterada, enquanto
a TRH/Saneamento incompreensivelmente sofrerá um aumento ilegal de 75%.
Importa também
denunciar publicamente, o absurdo da metodologia de
revisão anual dos tarifários das AR no período de 2013-2017,
referindo que a Tarifa Nova, seria maior que a Tarifa Actual, afectada de um
factor multiplicativo, designado de “Índice de Actualização”(IA). Este IA,
resulta do somatório da “Variação do Índice de Harmonização de Preços no
Consumidor” (ligeiramente inferior à Inflação para 2013: 1,6%), com o “Índice
de Evolução Real (?) dos Preços de Abastecimento”.
Ora afigura-se um
manifesto exercício de imbecilidade económico-financeira, as AR
apresentarem projecções a 5 anos (2013/2017) da evolução real (?)
de preços, quando o próprio MinFin não possui esses dados macroeconómicos, para
o fazer a 6 meses sequer. Mais! Jamais as AR poderão por exemplo, justificar
com um mínimo de rigor científico, a evolução desse índice real (?)
de evolução dos preços de saneamento, que no triénio de 2015-2016-2017 (por
exemplo), considera a seguinte evolução real (?) dos preços: 10%-0%-20%,
respectivamente, conforme poderão confirmar pelo seguinte quadro:
Evol. Real de Preços (?)
|
2013
|
2014
|
2015
|
2016
|
2017
|
Abastecimento
|
0%
|
5%
|
0%
|
0%
|
0%
|
Saneamento
|
0%
|
5%
|
10%
|
0%
|
20%
|
Permitam-me a ironia,
mas caso eu esteja enganado, será razão para se propor as AR para o próximo
“Prémio Nobel da Economia 2014”.
Importa referir a
hipocrisia social das AR, ao considerarem que o aumento de 6,6% do tarifário,
resultante do somatório da Inflação de 1,6% com o tal índice de 5% (para 2014),
sendo socialmente injusto, seria diminuído de 2%, passando para 4,6% (que
já antes desmascarei ser falso), mas que essa diferença de 2% seria descontada nas
rendas que as AR pagam (?) às autarquias. Será caso para nos interrogarmos, se
estamos perante uma “TRIOKA” intermunicipal ribatejana liderada pelas AR?
Afigura-se também
socialmente hipócrita, as AR afirmarem que as famílias mais desfavorecidas, com
rendimentos até ao “Ordenado Mínimo Nacional” (OMN), terão tarifário social
reduzido em 100% no 1º Escalão de Consumo e em 50% no 2º Escalão; não só por
esse “benefício” já não se aplicar a quem tenha um cêntimo de
rendimento acima do OMN, como também, por estas tarifas sociais, se
aplicarem apenas às tarifas fixas de água e saneamento,
que não representam mais de 20% do total que pagamos.
E foi assim que as AR impuseram estes
tarifários, nestas condições a TODOS os municípios que integram esta empresa
intermunicipal e que, subservientemente, TODOS eles os terão ratificado,
manifestamente à revelia dos superiores interesses dos seus munícipes e sem
antes questionarem as AR sobre estas matérias.
Espero que ainda se vá
a tempo de se corrigir estes absurdos tarifários, mas estou séptico, porquanto,
seria necessário uma MOBILIZAÇÃO POPULAR em todos os municípios atingidos, os
quais nem sonham o que se está passando.
1 comentário:
Tudo aponta para que algo esteja mal na estratégia e orgânica da empresa "Águas do Ribatejo" relativamente ao procedimento de pouca transparência dos seus atos (caso das tarifas sociais e aumento despropositado da fatura em vários items). Estas questões nada têm a ver com investimento e sustentabilidade de qualquer empresa. São questões meramente éticas que devem fazer parte de qualquer pessoa ou empresa: Honestidade e Transparência de atos.
A empresa AR ou alguém por si mandatado, ainda não explicou as questões concretas que têm sido levantadas nos meios sociais de comunicação por vários analistas e consumidores. Apenas se limita a informar que não vai rever o seu tarifário e que os seus preços estão abaixo dos valores praticados pelas suas congéneres da vizinhança.
O consumidor merece respeito por parte da AR e um esclarecimento cabal sobre o assunto.
É que, como se costuma dizer: "Quem não deve, não teme!"
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