Sr
Primeiro-Ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a
crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes? Também eu,
senhor Primeiro-Ministro. Só me apetece rugir!...
O que o Senhor fez, foi um Roubo! Um Roubo descarado à classe média, no
alto da sua impunidade política! Por isso, um duplo roubo: pelo crime
em si e pela indecorosa impunidade de que se revestiu. E, ainda pior:
Vossa Excelência matou o País!
Invoca Sua Sumidade, que as medidas
são suas, mas o déficite é do Sócrates! Só os tolos caem na esparrela
desse argumento. O déficite já vem do tempo de Cavaco Silva, quando,
como bom aluno que foi, nos anos 80, a mando dos donos da Europa,
decidiu, a troco de 700 milhões de contos anuais, acabar com as Pescas, a
Agricultura e a Industria.
Farisaicamente, Bruxelas pagava então,
aos pescadores para não pescarem, e aos agricultores para não
cultivarem. O resultado, foi uma total dependência alimentar, uma
decadência industrial e investimentos faraónicos no cimento e no
alcatrão. Bens não transacionáveis, que significaram o êxodo rural para o
litoral, corrupção larvar e uma classe de novos muitíssimo-ricos. Toda
esta tragédia, que mergulhou um País numa espiral deficitária, acabou,
fragorosamente, com Sócrates. O déficite é de toda esta gente, que hoje
vive gozando as delícias das suas malfeitorias. E você é o herdeiro e o
filho predileto de todos estes que você, agora, hipocritamente, quer pôr
no banco dos réus?
Mas o Senhor também é responsável por esta crise. Tem as suas asas crivadas pelo chumbo da sua própria espingarda.
Porque
deitou abaixo o PEC4, de má memória, dando asas aos abutres financeiros
para inflacionarem a dívida para valores insuportáveis e porque invocou
como motivo para tal chumbo, o carácter excessivo dessas medidas.
Prometeu,
entretanto, não subir os impostos. Depois, já no poder, anunciou como
excecional, o corte no subsídio de Natal. Agora, isto!
Ou seja, de mentira em mentira, até a este colossal embuste, que é o Orçamento Geral do Estado.
Diz
Vossa Eminência que não tinha outra saída. Ou seja, todas as soluções
passam pelo ataque ao Trabalho e pela defesa do Capital Financeiro.
Outro embuste. Já se sabia no que resultaram estas mesmas medidas na
Grécia: no desemprego, na recessão e num déficite ainda maior. Pois o
senhor, incauto e ignorante, não se importou de importar tão assassina
cartilha. Sem Economia, não há Finanças, deveria saber o Senhor. Com
ainda menos Economia (a recessão atingirá valores perto dos 5% em 2012),
com muito mais falências e com o desemprego a atingir o colossal valor
de 20%, onde vai Sua Sabedoria buscar receitas para corrigir o déficite?
Com a banca descapitalizada (para onde foram os biliões do BPN?), como
traçará linhas de crédito para as pequenas e médias empresas,
responsáveis por 90% do desemprego?
O Senhor burlou-nos e
espoliou-nos. Teve a admirável coragem de sacar aos indefesos dos
trabalhadores, com a esfarrapada desculpa de não ter outra hipótese. E
há tantas! Dou-lhe um exemplo: o Metro do Porto. Tem um prejuízo de
3.500 milhões de euros, é todo à superfície e tem uma oferta 400
vezes!!! superior à procura. Tudo alinhavado à medida de uns tantos
autarcas, embandeirados por Valentim Loureiro. Outro exemplo: as
parcerias público-privadas, grande sugadouro das finanças públicas.
Outro exemplo: Dizem os estudos que, se V.Exa cortasse na mesma
percentagem, os rendimentos das 10 maiores fortunas de Portugal,
ficaríamos aliviadinhos de todo, desta canga deficitária. Até porque
foram elas, as grandes beneficiárias desta orgia grega que nos tramou.
Estaria
horas, a desfiar exemplos e Você não gastou um minuto em pensar em
deslocar-se a Bruxelas, para dilatar no tempo, as gravosas medidas que
anunciou, para Salvar Portugal!
Diz Boaventura de Sousa Santos que
o Senhor Primeiro-Ministro é um homem sem experiência, sem ideias e sem
substrato académico para tais andanças. Concordo! Como não sabe,
pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles,
compreensão e consideração.
Genuina ingenuidade! Com tudo isto,
passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy,
quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um
Líder, com uma Ideia e um Projeto para Portugal. O Senhor, ao desistir
da Economia, desistiu de Portugal! Foi o coveiro da nossa independência.
Hoje, é, apenas, o Gauleiter de Berlim.
Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo.
(Nicolau Santos, na sua habitual coluna do semanário Expresso)Enviado por um leitor
3 comentários:
Este Sr. Nicolau Santos é mais um dos fazedores de opinião do regime.
Junta verdades, com meias verdades e misturando tudo num cadinho perigoso, omite que em poucos anos a dívida pública passou para o dobro.
Foi culpa deste Coelho que nas autoestradas, no Parque Escolar e em todas as PPP do regime estivesse o outro Coelho ("o Coelhone") através da Mota Engil a mamar?
Foi culpa deste láparo que se andassem a distribuir computadores Magalhães por tudo o que mexia?
A empresa fornecedora, com processos por dívidas ao Estado, e as operadoras de telecomunicações gostaram muito dos milhões dados de bandeja.
Foi este Coelho que inventou um embuste chamado "Novas Oportunidades" em que se esbanjaram milhões num povo que continua inculto e que enriqueceu a rapaziada amiga do partido?
Depois diz que o deficit vem do Cavaco...
Essa tirada vindo dum economista é de "escavacar" a rir!
Pode afirmar que o Dr. Silva deu cabo de TODO o tecido produtivo e que permitiu que se formasse um gang que assaltou o erário público.
Aí, teria totalmente razão.
Agora, tentar confundir aumento exponencial do déficit público com destruição da economia não é legitimo, nem sério.
Qualquer dona de casa sabe que se do lado da receita há uma diminuição, não poderá aumentar a despesa.
O que foi feito foi precisamente o contrário!
Com uma economia afundada e em declínio, o governo do Sr. Sócrates distribuiu dinheiro por todos os compadres e investimentos que nem os países ricos se atrevem a fazer (energias renováveis).
Ninguém se esquece do aeroporto de Beja que tem menos passageiros num mês do que a CP de Santarém, e obras dessas por todo o País.
Ainda me lembro da "salvação" da Quimonda, que todos os dias ia ser viável, mas que nunca chegou a saber quantos milhões custou essa viabilidade...
É por isso que os "Nicolaus Santos" deste País me metem nojo.
Tentam justificar um aldrabão com os desmandos de outro.
Deviam era ter a coragem de afirmar que desde 1974 tem sido um regabofe em que o erário público foi assaltado pelos interesses dos dois gangs do "Centrão" (PS-PSD)
Vota Sócrates que é melhor... se tivessem vergonha na cara e trabalhassem mas era...
Quando não se sabe do que se fala, melhor seria que se estivesse calado, senão vejamos:
diz este senhor que o Metro do Porto é todo à superfície...hehehe, só pode estar a brincar ou então ser algum lisboeta que nunca andou no nosso metro pois a "Micas" tuneladora andou por cá muitos meses a furar o chão e temos muitos km de tuneis (enterrados) para lhe mostrar. Gostava também que explicasse o que quer dizer com ter uma oferta 400 vezes (!!!) superior à procura. Vê-se bem que nunca andou cá no nosso metro, pois eu ando com frequência e nas alturas de maior movimento (inicio e fim da manhã e inicio e final da tarde) nunca há lugares sentados e inclusivé na nova linha laranja inaugurada em 2011 há imensas queixas por andar sempre tão cheio que ninguém aguenta a falta de condições.
Quanto ao prejuízo do Metro do Porto, de facto é grande mas tem uma explicação. Em 2011 foi de 397 milhões de euros (M€) e são justificados em parte pelos avultados investimentos numa nova rede que foi criada de raiz e em parte por por ter um financiamneto assente no endividamento bancário.
Em vez de ser o orçamento do estado a suportar os encargos com esta obra, fizeram a Metro do Porto recorrer à banca e dos 2100 M€ investidos no projecto entre 2003 e 2007, 1600 M€ foram obtidos através desse financiamneto bancário com o respectivo pagamento de juros. Com o corte do rating da dívida Portuguesa pela S&P, todo o custo do financiamento se agravou e desses 397 M€ de prejuízo em 2011, 136 M€ foram para juros e 55 M€ para provisões.
Ainda assim a Metro do Porto conseguiu em 2011 um crescimento da procura em 4,1% com um total de 55 MILHÕES de passageiros transportados, o que revela bem a grandiosidade e necessidade desta ora para as populações abrangidas, tendo ainda conseguido uma redução de 5,8% nos custos directos da operação. Conseguiu ainda melhorar a sua taxa de cobertura (rácio entre a receitas dos bilhetes e os custos directos da exploração da rede) atingindo os 89%, o que representa um aumento de 35% relativamente a 2007.
Quanto à outra "maravilhosa" solução que apresenta para ficarmos aliviadinhos desta canga deficitária, cortando como diz na mesma percentagem os rendimentos das 10 maiores fortunas de Portugal, não entendo o que quer dizer ou de facto não sabe mesmo fazer contas, senão vejamos:
O déficite público de Portugal era no final de 2011 - 184 MIL MILHÕES de euros
o empréstimo que a Troika nos fez foi de 80 MIL MILHÕES de euros...
As 25 (não apenas as 10) maiores fortunas de Portugal estão avaliadas em 17 MIL MILHõES de euros...
Assim sendo, mesmo que rapássemos o dinheiro todo aos 25 (não apenas aos 10) mais ricos de Portugal, apenas pagariamos cerca de 10% do nosso défice público ou então cerca de 20% do emprétimo da Troika, então como é que resolvia o problema?
De facto, falar sem nada dizer é fácil, acertar é que é um pouco mais dificil...
Enviar um comentário