Por. Anabela Melão
Vem a propósito o papel crescentemente relevante que as mulheres vão assumindo por toda a parte e em vários níveis da vida e a forma solitária como algumas seguem o seu caminho.
A Revista Fortune elegeu Maria da Conceição Ramos como a 9ª mulher mais influente de todo o mundo empresarial. É a actual directora executiva do grupo bancário sul-africano ABSA. As mulheres já podem engrossar as fileiras da Guarda Suíça - o exército, até agora exclusivamente masculino - que protege o Papa. 4 procuradoras marcam a vida judicial portuguesa: Cândida Almeida, a primeira mulher portuguesa a entrar para a magistratura e que, hoje, dirige o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que coordenou a 'Operação Furacão' e o caso Freeport; Maria José Morgado, directora do DIAP de Lisboa; Hortênsia Calçada que deixou a liderança do DIAP do Porto e foi substituída por Maria do Céu Sousa, por fim, Francisca van Dunem, à frente da procuradoria-distrital de Lisboa. Todas igualmente fortes e invulgares! Do resto do mundo, Indra Nooyi, CEO da Pepsi Co - até aqui tida como a mulher mais poderosa do mundo pela Forbes - foi ultrapassada por Ângela Merkel, chanceller da Alemanha, que ocupa agora o número 1, e até por Sheila Bair, chairman da Federal Deposit Insurance Corp. O 4º lugar é ocupada por Cynthia Carroll, CEO da Anglo American (Reino Unido), no 5º está Ho Ching, CEO da Temasek (Singapura), e no 6º está Irene Rosenfeld, CEO da Kraft Foods (Estados Unidos).
Está no ar a pergunta: o que torna estas mulheres importantes? Fica por apurar, mas uma coisa se constata, um traço que é comum a algumas - a solidão, resultante, não tanto da força e do empenho e até do tempo que dedicam aos seus caminhos pessoais, mas mais da dificuldade que os homens parecem demonstrar em coabitar com esta tribo de matriarcas sociais. E em Portugal? Afasto Manuela Leite que já não concorre a lugar nenhum (quero acreditar nisso, tanto mais que "correr" ao que quer que fosse ser-lhe-ia muito difícil, pelos motivos óbvios! e refiro-me somente à idade). Mas lembro mulheres como a presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, ou Elisa Ferreira, candidata à Câmara do Porto, ou Fátima Campos, presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão, ou Teresa Caeiro ou Edite Estrela, são já uma marca política; Maria Belo, na defesa do feminismo, foi-o também (minha madrinha do coração); no mundo empresarial, pense-se em Ana Maria Fernandes, CEO da EDP Renováveis, em Esmeralda Dourado, presidente da SAG ou em Vera Pires Coelho, presidente da Edifer, ou, a minha amiga do peito, Ana Bela Pereira da Silva, Presidente da Associação de Mulheres Empresárias.
Se os custos de uma carreira empenhada custam a solidão das guerreiras, parece que muitas estão dispostas a pagar esse preço! Mesmo que a realização profissional não chegue para aquecer as noites gélidas do Inverno e por vezes lhes reste o eco e o espelho como reflexo de outra alma humana em casa. É duro! Mas é um caminho! E, se ao longo da história houve sempre grandes mulheres dispostas a ficar "por detrás" de grandes homens, parece que a estes lhes falta a coragem para trocar de papel! E, caso sejamos tão idealistas que ainda acreditemos que homem e mulher devem caminhar lado a lado, comungando um mesmo projecto de vida, ou simplesmente, partilhando-a, somos levadas a desistir! A outra metade da laranja deve estar nos Antípodas! Somos vetadas à eterna busca do nosso Santo Graal, a força dentro de nós, sem olhar para trás, sob pena de continuarmos sozinhas, mas como a mulher de Jó, feitas estátuas, a perder a hipótese de viver e de nos sentirmos gente!
E agora que se descobrem cada vez mais grandes mulheres, onde estão os pequenos grandes homens? Ou melhor, refaço a frase, ainda há espécimes desses por aí?
4 comentários:
Pela vontade de muitas mulheres, na verdade, já estariam extintos! Mas não, continuam aí de pedra e cal! Compreensivos, observadores, distintos, admiráveis e ainda lhes sobra tempo para alimentar os caprichos de muitas mulheres com expectativas exageradas.
Gentleman
Mais palavras para quê? Parabéns ao autor que só pode ser mesmo um verdadeiro cavalheiro.
Claro que continuamos a necessitar e a admirar os homens. Sem eles o que seria de nós?
(Uma mulher sem traumas ou ressentimentos)
Também aí continuam os intransigentes, os cobardes, os agressores, os assediadores, os deploráveis e os rasteiros a quem sobra tempo para disseminar as ideias e os comportamentos mais medievais no que toca ao género feminino. Estes sim extingam-se pois não fazem falta à sociedade! Dão mau nome ao seu género e conspurcam o o que de mais belo o ser humano tem!
Como se costuma dizer:" Nem tanto ao mar nem tanto à terra!"
Homens e mulheres fazem parte do género humano.
Entre uns e outros, quando se trata de saber qual o mais desleal e velhaco...que venha o diabo e escolha.
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