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sábado, 29 de janeiro de 2011

A Blogosfera e as redes sociais

Porque os políticos da “nossa praça” que não acreditam (excepto nas campanhas eleitorais autárquicas, como foi o caso da última levada a efeito em Alpiarça em que usaram e abusaram, para agora nos desconhecerem) muito na blogosfera e muitos menos nas redes sociais não quero deixar de lhes dedicar o artigo que se segue, publicado hoje no jornal “O Público”

Para os “políticos da nossa praça” ai vai:

 
 
A revolução é do Twitter, do Facebook e da Al-Jazira


«Ao derrube do Presidente Ben Ali já se chamou "revolução Facebook", "revolta Twitter" e até "a primeira revolução WikiLeaks". As redes sociais ajudaram. A WikiLeaks terá tido um pequeno papel, com telegramas a mostrarem que não eram só os tunisinos que viam a família Ben Ali como uma máfia - os norte-americanos também. Mas a "velha" Al-Jazira teve um papel fundamental, difundindo para as massas aquilo que os ciberactivistas publicavam na Web. Tal como acontece agora no Egipto
“Os protestos que abalam o mundo árabe têm apenas uma tendência a uni-los: a Al-Jazira, o canal por satélite com sede no Qatar cuja cobertura agressiva ajudou a impulsionar as emoções dos revoltosos, de uma capital à outra”, escreve esta sexta-feira o diário “The New York Times”.
"O Facebook é fantástico e nunca esqueceremos o que a Al-Jazira fez", escreveu no site da BBC Zouhair Ben Jemaa, um consultor reformado de Tunes. O que desencadeou os protestos foi a imolação pelo fogo do jovem Mohamed Bouazizi. E foram os tunisinos, internautas ou não, quem recusou sair da rua, mesmo quando a polícia disparava a matar. Os partidos da oposição, pouco representativos, e o sindicato único, estiveram com eles. As redes sociais foram "a caixa de ressonância" da sua contestação, descreveu Pierre Haski, no site rue89.
Mais do que televisionada, a "revolução na Tunísia foi twittada". A ideia no título do artigo de Firas Alatraqchi, professor de Jornalismo no Cairo, é repetida por muitos. "O Twitter e o Facebook já eram o meio de contornar a censura. Mas isso ganhou uma amplitude inesperada. A informação multiplicou-se. E o extraordinário é que pessoas que não eram militantes entraram na dança, substituindo a sua foto de perfil no Facebook pela bandeira de luto ou ensanguentada. São coisas dessas que dão esperança aos que se estão a manifestar", disse à AFP a historiadora Leyla Dakhli, especialista em media árabes.
A Tunísia é o mais internauta dos países do Magrebe. Mais de 34 por cento dos 10 milhões de tunisinos estão online e, destes, quase dois milhões usam o Facebook – os ciberactivistas tunisinos aprenderam precisamente com os egípcios, os primeiros árabes a usarem o Twitter e o Facebook para fazer oposição a Hosni Mubarak.
Na Tunísia, o oposto da moeda é que o regime se especializou na censura, desenvolvendo uma firewall eficaz e identificando e prendendo bloggers. Os Repórteres Sem Fronteiras consideram o país como um dos dez inimigos da Internet.
Claro que, com tanta eficácia do lado do regime, também os activistas se tornam peritos em contornar a censura, utilizando proxies, que permitem esconder a origem de uma ligação. Sites como o Nawaat.org, que existe desde 2004, profissionalizaram-se, e para publicar os telegramas da WikiLeaks, por exemplo, desenvolveram "um sistema quase à prova de censura, a não ser que fechassem o Google e a Internet na Tunísia", explicou ao "Le Monde" um dos administradores. Aquilo que Mubarak terá conseguido fazer no Egipto.
Sem redes sociais, dificilmente o suicídio-protesto do jovem vendedor ambulante tunisino teria tido tanto impacto. Face ao silêncio dos media tradicionais, houve bloggers a viajar pelo país a filmar polícias a disparar contra manifestantes e a divulgar esses vídeos no YouTube e no Dailymotion, enquanto usavam o Twitter para dar conta de mais um protesto, de mais um morto. Outros organizavam essa informação no Facebook.



Uma nova narrativa árabe

Tunisinos a viver em Portugal disseram ao PÚBLICO que acompanhavam os acontecimentos via Facebook e Twitter, mas explicaram que os tunisinos com que falavam no seu país sabiam menos do que eles. E é aí que entra a Al-Jazira. "Sem os novos media sociais, as imagens extraordinárias dos manifestantes poderiam nunca ter furado a manta de repressão - mas foi a difusão desses vídeos na Al-Jazira, mesmo depois de o seu escritório ter sido encerrado, que levou essas imagens ao público árabe e a muitos tunisinos que, de outra forma, poderiam não ter percebido o que estava a acontecer no seu país", escreve Mark Lynch na "Foreign Policy".
A Al-Jazira aprendeu a incorporar o que é produzido nos media sociais. É assim que consegue trabalhar nos países em que vai sendo proibida. Lynch chama a esta conjugação de esforços "a última fase da revolução mediática no mundo árabe", uma revolução que contorna a censura e constrói uma nova narrativa.
De certa forma, este é o momento da Al-Jazira. Pelo papel que desempenha e pelo papel que teve na criação desta narrativa de raiva popular contra governos autoritários apoiados pelos Estados Unidos, assim como contra Israel. “A noção de que há uma luta comum no mundo árabe é algo que a Al-Jazira ajudou a criar”, disse Lynch ao “New York Times”. “Eles não provocaram estes acontecimentos, mas é quase impossível imaginar isto tudo a acontecer sem a Al-Jazira»
Saiba mais em:
http://www.publico.pt/Mundo/a-revolucao-e-do-twitter-do-facebook-e-da-aljazira_1477585?all=1

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