Por: Lino Mendes |
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POVO que não respeite, preservando e divulgando as suas “memórias”, não existe como tal. E no nosso país ressalvando a acção altamente meritória de uns tantos grupos, de umas tantas pessoas, o desconhecimento do que são a etnografia e o folclore, atinge as raias da ignorância. No entanto, algumas mensagens nos foram legadas por credenciados investigadores, mas completamente ignoradas.
“Temos obrigação de salvar tudo aquilo que ainda é susceptível de ser salvo para que os nossos netos, embora vivendo num Portugal diferente do nosso, se conservem tão Portugueses como nós e capazes de manter as suas raízes culturais mergulhadas na herança social que o passado nos legou”(JORGE DIAS);entretanto, e referindo-se à utilidade dos textos, temas e formas populares, uma riqueza que se estava a perder ou descaracterizar( 1976) M.VIEGAS GUERREIRO lançava o apelo de um “Acudamos a tudo enquanto é tempo!”
Certo que o Estado Novo tudo manipulava para que as representações etnográficas [?] no estrangeiro dessem a imagem que lhe interessava. Mas de qualquer modo em 1967 já se sentia um movimento lutando para que a cultura tradicional não fosse alienada tendo por isso havido mais que tempo para que “os valores da nossa identidade”estivessem na Escola a par da Língua. Mas, qual quê, e pese embora a Sociedade de Língua Portuguesa que tal só se admite a analfabetos e pessoas de pouca cultura, ainda hoje figuras gradas da nossa praça intelectual criaram para “folclore” o sinónimo de coisa de somenos. Que interessa isso, não passa de folclore.! E, meus amigos, o povo transforma deturpando ,conceitos que nunca foram pensados.
Apenas alguns exemplos de degradação cultural.
1)-Director de orquestra que muito admiro com tal e num programa televisivo de que era júri, perguntava a um concorrente que pertencia a um grupo de cante alentejano se já tinham cantado Lopes Graça. O quê…nem sequer o Milho Rei?
Lamentavelmente desconhecia que um “grupo de folclore” não canta “música de autor”
2)um acreditado cronista regional, professor de profissão, contestava o facto de um “grupo de folclore” ter voltado a determinada terra, sem que tenha alterado uma única coreografia .Ao mesmo tempo que uma senhora cronista lamentava o mau gosto dos grupos alentejanos, ao trajarem de escuro não seguindo o bom gosto das minhotas Desconheciam simplesmente que em folclore não se inventa, simplesmente se recolhe o mais representativo possível e preserva. Mantendo uma referência no tempo.
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