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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Directores acusam Central de Compras de ser pedregulho no caminho do ensino


Por: Ramiro Marques
Mais de 100 directores reuniram ontem na Escola Secundária Eça de Queiroz, em Lisboa, para tomarem posição colectiva face às últimas medidas tomadas pelo ME que, no entender dos directores, põem em causa a qualidade do ensino.
Na mira dos directores está a obrigatoriedade de as escolas comprarem bens e serviços na Central de Compras.
Os directores acusam:
# Em muitos casos, o preço dos bens adquiridos é superior ao que é possível obter fora da Central de Compras.
# A obrigatoriedade de aquisição de elevadas quantias é um convite ao desperdício.
# O ME não deu formação aos serviços administrativos das escolas sobre a utilização da Central de Compras.
# Os directores passam horas de volta da aplicação informática para poderem efectuar uma aquisição de um bem ou serviço.
Durante o encontro, os directores criticarem também a redução do crédito horário das escolas, a qual - acusam os directores - põe em causa a escola a tempo inteiro.
Os directores têm razão em sentirem-se indignados: de um momento para o outro, o ME reduziu quase para metade o suplemento remuneratório dos directores de agrupamentos com menos de 1800 alunos. Além disso, reduziu o número de assessores e de adjuntos. E o diálogo entre a ministra e os directores deu lugar à imposição intempestiva de medidas e ameaças a quem não as cumpra.
Mas essa de dizer que os cortes colocam em causa a escola a tempo inteiro não cola. Então, não é uma coisa boa acabar com a escola a tempo inteiro? Ou será que os directores estão todos contaminados pela ideologia socialista da escola serviço de apoio social?
A estratégia de resistência recomendada aos directores pelo especialista em gestão escolar, José Matias Alves, parece-me demasiado tímida: criação de alianças entre os directores, os municípios e os pais dos alunos.
Não seria muito mais eficaz os directores dizerem basta?
Por exemplo, não usarem a Central de Compras enquanto o ME não lhes der formação e não simplificar a aplicação informática.
Ou simplesmente apresentarem a demissão aos conselhos gerais. Podia ser, por exemplo, já no dia 25 de Janeiro. No dia dos cortes salariais. Isso, sim, tinha um grande impacto e era eficaz.

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