Jacinto Nunes, economista e ex-ministro das Finanças, diz que já não há nada a fazer a não ser esperar pelo leilão de OT.
Se a crise de financiamento fosse um jogo de xadrez, Portugal não teria neste momento mais nenhuma jogada possível para evitar o xeque-mate dos mercados. O Governo insiste em reforçar as mensagens de optimismo, mas os juros continuam em escalada, imunes às palavras de confiança. E os economistas acreditam que o Governo já nada pode fazer.
O juro da dívida voltou na sexta-feira a romper a barreira dos 7%, fechando nos 7,104%. Isto num dia em que o Banco Central Europeu (BCE) até foi ao mercado comprar dívida portuguesa, segundo informação avançada pela Bloomberg. Perante tal cenário, o Governo tem-se desdobrado a passar mensagens de confiança. Sexta-feira foi a vez do primeiro-ministro ir ao Parlamento dar "três boas notícias". Sócrates avançou aos deputados que, em 2010, "as receitas fiscais ficaram acima do esperado, a despesa do Estado ficou abaixo do esperado e o saldo orçamental vai ser aquele que estava previsto".
As palavras caíram em saco roto, à semelhança do que tem sucedido desde o final do ano passado. Mas a verdade é que o Governo não pode fazer mais nada. "Chegou a altura de invocar a Nossa Senhora de Fátima", ironiza Jacinto Nunes, economista e ex-ministro das Finanças. "Agora é esperar e ver o que acontece na próxima quarta-feira, quando se emitirem as Obrigações do Tesouro", diz, "porque se os juros forem para os 7%, é insustentável pagar aquilo".
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