Num artigo
do Avante!, o PCP considera que o fim do Muro representou a destruição das
"realizações económicas, sociais e culturais de mais de 40 anos de poder
dos trabalhadores" na ex-RDA.
Na semana em
que se assinalam 25 anos sobre a queda do Muro de Berlim, o Partido Comunista
Português (PCP) publicou um artigo no jornal Avante! em que recorda
as “notáveis realizações nos planos económico, social e cultural” da
República Democrática Alemã (RDA). A reunificação da Alemanha é vista como uma
“anexação” que deu origem a uma “‘grande Alemanha’ imperialista”.
“Aquilo a
que assistimos no território da ex-RDA foi à destruição forçada das realizações
económicas, sociais e culturais de mais de quarenta anos de poder dos
trabalhadores”, pode ler-se no editorial publicado
pelos comunistas a 6 de novembro. Referindo-se sempre à “chamada queda do Muro
de Berlim”, o PCP considera que as celebrações do fim do muro são a forma
capitalista de celebrar o fim do socialismo e da RDA, através de uma
reunificação que consideram ser, na verdade, uma “anexação” que levou
à formação de uma “‘grande Alemanha’ imperialista”.
“Hostilizada
e caluniada pela reação internacional, a RDA, pelas suas notáveis realizações
nos planos económico, social e cultural e pela sua política antifascista e de
paz, impôs-se e fez-se respeitar no concerto das nações como Estado
independente e soberano”, escrevem.
Sem nunca
referir as pessoas que morreram a tentar sair da RDA para a República
Federal da Alemanha (RFA), o texto responsabiliza “o imperialismo” por nunca
ter desistido “das suas tentativas de liquidar a RDA socialista acabando em
1989 por alcançar a vitória, conseguindo que manifestações, nomeadamente em
Leipzig, que na sua essência reclamavam o aperfeiçoamento do socialismo e não a
sua destruição, ganhassem a dinâmica contra-revolucionária que conduziu à
precipitação dos acontecimentos e à anexação forçada da RDA pelo governo de
Helmut Kohl”.
A construção
do Muro
Para o PCP,
a construção do muro de Berlim em 1961 era necessária pelo
seu “caráter defensivo”. “É a resposta a constantes provocações na linha
de demarcação entre a parte Leste e Ocidental da cidade e reiteradas violações
de soberania da RDA, no coração de cujo território se encontrava Berlim,
num incontestável ato de segurança e de soberania”.
“Independentemente
da opinião que se tenha sobre a construção do muro de Berlim, a verdade é que
este, se não contribuiu, pelo menos não impediu que a RDA fosse
internacionalmente reconhecida como Estado independente e soberano”.
Ao mesmo
tempo, o editorial critica a hipocrisia dos que celebram a queda do Muro de
Berlim porque “têm construído e continuam a construir barreiras do mais
variado tipo (sociais, raciais, religiosas e outras) por esse mundo fora,
incluindo muros físicos, intransponíveis de que o exemplo mais brutal é o muro
erguido por Israel para cercar e aprisionar o povo palestiniano na sua própria
pátria, a que se juntam os muros erguidos pela Coreia do Sul na Península da
Coreia dividida, por Marrocos contra a luta libertadora do povo sahauri, pelos
EUA na fronteira com o México e outros”.
Segurança e
paz na Europa ficaram comprometidas
No final,
derrubar o Muro não trouxe segurança nem paz à Europa, escreve o PCP.
“A anexação da RDA, as derrotas do socialismo no Leste da Europa, não
contribuíram para a segurança e a paz na Europa e no mundo. Pelo contrário”.
A Alemanha,
manifestando as suas ambições de grande potência económica e militar, estende a
sua esfera de influência para o Leste do continente europeu e lança-se na
destruição da Jugoslávia tornando-se responsável pela primeira guerra na Europa
depois da 2.ª Guerra Mundial.
A situação
que hoje se vive na Ucrânia, nomeadamente com a ascensão ao poder de forças
fascistas, a perseguição anticomunista e a escalada de confrontação com a
Rússia é o desenvolvimento lógico da «cavalgada» do imperialismo para Leste que
se seguiu às derrotas do socialismo na RDA e noutros países socialistas”.«Observador»
6 comentários:
Há sempre os dois lados da moeda.
Uns vêem a queda do muro como libertação, outros vêem o seu contrário.
Infelizmente o PCP não fala das centenas ou milhares de mortos que procuraram atravessar o muro, muitos só porque queriam visitar familiares.
O PCP o partido que apregoa as Amplas Liberdades mostra sempre o seu verdadeiro lado negro de partido defensor do Partido Único e depois borra sempre a escrita toda ao defender a Coreia do Norte e outros países anti-democráticos.
Eu tenho para mim que se um dia o PCP chegasse ao Poder como Governo, ai de nós os que fizéssemos greve ou disséssemos alguma coisa contra o governo. Seríamos acusados de contra-revolucionários e arranjariam a maneira de acabarem com as eleições livres. Isso é feito nas câmaras municipais onde eles são maioria.
Como pensam vocês por exemplo que são escolhidos os membros das comissões de trabalhadores e os membros do sindicato nas câmaras de maioria comunista?
São escolhidos democraticamente claro mas... por LISTA ÚNICA de elementos militantes ou simpatizantes do PCP, porque assim não chateiam.
A quem é que vocês pensam por exemplo que está entregue a Direcção do Grupo Desportivo dos Trabalhadores da Câmara de Alpiarça?
Não sabem? Pensem um bocadinho!
Num dia chuvoso e triste como o de hoje, haja alguém que nos faça soltar uma sonora gargalhada. Não me ria tanto desde que ouvi o deputado europeu João Ferreira defender a saída de Portugal do euro.
Para qualquer pessoa, conhecedora da vida prática, mesmo que seja leiga em política, concluirá facilmente sobre quem vivia bem e quem vivia mal nos dois reinos da Alemanha, parte ocidental e parte oriental.
Ao deitar abaixo o muro, qual foi a parte que não teve dúvidas em abandonar o local onde nasceu, cresceu e trabalhou? É óbvio! Todos sabemos que foi a parte oriental sob a influência comunista que sentiu o alívio das grilhetas que arrastava há quarenta anos! Se o lado oriental fosse essa maravilha social que nos pintam, a fuga seria inversa. O fluxo seria do lado ocidental para o lado oriental comunista.
Será que o Povo é assim tão ignorante e estúpido que não reconhece o que é efectivamente bom ou mau para si próprio?
Eis a questão.
senhores democratas porque não falam também no muro de tábuas da PALESTINA?
A política é um pouco como a religião.Tem pecadilhos em toda a parte.
Agora que a queda do muro de Berlim, foi uma espinha atravessada na garganta de muitos comunistas, não há dúvida. É preciso algum estofo psicológico para ver desmoronar o castelo que antes pensavam ser indestrutível e, depois, assistir ao colapso da "muralha de aço"!
Daí o relembrar dos factos pelo jornal Avante - órgão oficial do Partido Comunista Portugês.
Como diria o outro: " É a vida Alvim!"...
Sim, comparando a vida nesta sociedade do após 25 de Novembro de 1975, não está nada melhor para os desempregados, reformados,jovens...só está boa para quem tem capital e quem os defende.
MFPLeal
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