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domingo, 9 de novembro de 2014

Juan Sánchez, guarda-costas de El Comandante durante 17 anos, conta em livro os segredos da intimidade do líder cubano




Quatro iates. Uma ilha privada. Coutadas de caça. Álcool só whisky Chivas Regal de 12 anos, três a quatro garrafas por dia. Não, não é o retrato de um qualquer milionário, mas de Fidel Castro, feito por Juan Sánchez, o homem que foi seu guarda-costas durante 17 anos. Um autocrata, paranóico e maquiavélico, que sempre adorou espiar as pessoas e é obcecado por escutas telefónicas. Frio, manipulador e calculista, cúmplice de traficantes de droga, Fidel sempre foi um líder por excelência: carismático, inteligente, culto e sedutor.

Porque escreveu este livro?
Porque ainda na prisão assumi o compromisso de dar a conhecer ao mundo esta faceta de luxo da vida de Fidel, que sempre se tratou em Cuba como um segredo de Estado. Quando decidi reformar-me, ele enviou-me para a prisão. Por isso, já não sinto o compromisso de guardar segredo.
Quando é que saiu de Cuba?
Em 2008. Saí da prisão em 1996. Até 1998 estive a organizar toda a informação que tinha para poder tirá-la de Cuba. Fiz dez tentativas de saída e só na 11ª é que consegui sair para os Estados Unidos.
Quando é que começou a trabalhar com Fidel?
Desde 1977 até 1994, quando me enviaram para a prisão. Vivi com Fidel durante 17 anos.
Quais é que são os maiores segredos de Fidel que revela neste livro?
O maior segredo de Fidel é a doença, que sempre se tratou como um segredo de Estado. Ele tinha cancro no intestino desde 1983, apesar de dizerem que ele não tinha cancro. O que Fidel tem agora são as sequelas de todos os tratamentos que fez e das três operações. Fidel está numa cadeira de rodas e quase não se consegue mexer. Também já tem muitos momentos em que não está lúcido.
Quais são os outros segredos de Fidel Castro?
A família de Fidel sempre foi também um segredo em Cuba. Outro segredo é toda a fortuna e sumptuosidade com que ele vive. Porque Fidel sempre assumiu publicamente a postura de que o revolucionário tem de se sacrificar pela revolução, tem de ser austero e levava uma vida imersa no modo de vida capitalista. Os gostos de Fidel são gostos que pode ter um milionário de qualquer país. Fidel gosta muito de passear de iate, tem quatro iates, uma ilha privada, tem coutadas de caça. Fidel não bebe rum cubano, nem cerveja, só whisky Chivas Regal de 12 anos. Era o seu vício. Bebia, em média, três, quatro garrafas durante o dia. Mas não o via embriagado. A família toda vive às custas do governo e passam férias nas estâncias turísticas a que o povo cubano não tem acesso.
Como é a relação de Fidel com os filhos?
Nunca vi Fidel ter uma frase ou um gesto de carinho para os filhos ou destes para com ele.
E com as mulheres?
Não era o típico mulherengo latino. Ele não mudava frequentemente de mulher. O que acontecia é que podia ter duas ou três ao mesmo tempo. Tinha uma relação com a Celia Sanchez, com Dalia, sua esposa hoje, e com a sua tradutora, Juanita Vera.
Como é a relação de Fidel com os amigos?
Fidel é como um jogador de xadrez. Cada vez que faz um movimento, espera uma resposta, E fá-lo com uma intenção determinada. Ele tinha um círculo muito reduzido, que pode dizer-se de amigos que eram mais íntimos, e servia-se deles. Por exemplo, era rara a noite que não via ou não conversava com o escritor Gabriel Garcia Márquez.
Como era a amizade com Garcia Márquez?
Fidel Castro usou Garcia Márquez. Ele foi o enviado de Fidel a Bill Clinton para mediar as relações Cuba/Estados Unidos. Foi uma das fontes que o informou que o Governo dos EUA estava atrás da pista de altos oficiais cubanos envolvidos nonarcotráfico.
Quais são os maiores defeitos e as maiores qualidades de Fidel Castro?
É um homem inteligente, que lê muito, culto, sedutor, carismático, sabe encontrar os argumentos para convencer. O principal defeito é que é um grande manipulador. Vi-o manipular não só personagens da cultura, da ciência, mas presidentes, convencê-los e levá-los a fazer coisas que beneficiavam o governo cubano. Depois de usar as pessoas, quando já não precisa delas, afasta-as e não mais volta a ter relações com elas. Vi-o fazer isso com ministros, membros do grupo político, oficiais das Forças Armadas e até
Inclusivamente com familiares.
O seu maior vício era o poder?
Sim. Era um egocêntrico. Comentávamos entre nós que uma câmara de TV ou um microfone eram como um íman, atraíam-no.
Politicamente, acha que Fidel alguma vez acreditou no socialismo e nos ideais da revolução?
Não. Acredito que ele se usava disso para chegar onde queria em Cuba e fora de Cuba. Ele mandou milhares de cubanos à guerra de Angola, mas nenhum filho foi. Portanto, o socialismo é para os outros, não para a sua família. Não acredita. Aplica quando lhe convém, em benefício próprio.
«NM»

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta é uma realidade incontestável para quem a quiser ver, naturalmente. Foi assim com a União Soviética, é assim com a Coreia do Norte e outros países totalitários.
Embora muitos outros países, sob a capa da democracia, usem a mesma prática. É a política em todo o seu esplendor!
Por isso insistimos de que devemos estar atentos com todos, mas TODOS os políticos!
Esta é uma história para refletirmos acerca dos mitos ideológicos que nos querem impingir a toda a força. Afinal, todos eles parecem ter luxúria, interesse pessoal e... pés de barro.