Por: Antonieta Dias (*) |
A
consulta do viajante destina-se fundamentalmente ao aconselhamento de
medidas preventivas que devem ser adotadas, antes, durante e depois da
viagem.
Esta consulta deve ser
efetuada pelo menos, 4 a 6 semanas antes da partida, são realizadas por
médicos com competência para a sua efetivação, que se responsabilizam
por prestar todo o tipo de cuidados médicos especializados e fornecer as
recomendações, relacionados com os riscos para a saúde, nos países para
onde os viajantes pretendem deslocar-se, quer a sua viagem se destine
ao lazer ou ao trabalho.
Dentro do
que é preconizado na consulta, faz parte a avaliação das condições de
saúde da pessoa que pretende viajar, sendo os conselhos personalizados
de forma específica de acordo com as características dos viajantes
(adultos, crianças, grávidas, idosos) que padeçam ou não de doenças
crónicas e que possam ou não necessitar de terapêutica.
Estão
incluídos no protocolo desta consulta, as vacinações (febre amarela e
todo o tipo de vacinas obrigatórias ou recomendáveis nos países de
destino), as prescrições medicamentosas para a profilaxia da malária ou
outras doenças, bem como a abordagem e aconselhamento de medidas
antecipatórias, designadamente no que se refere aos cuidados a ter com a
exposição solar, com as medidas de higiene individual, o modo como
devem utilizar as bebidas (informação sobre o risco e prevenção de
doenças transmitidas pelas águas e alimentos contaminados)e ainda as
atitudes a tomar perante a presença de uma toxinfecção alimentar a fim
de obter a resolução da sintomatologia (vómitos, diarreias) de forma
célere.
Nesta consulta recomenda-se, elabora-se e prescreve-se um “kit”de viagem (farmácia individual do viajante).
A
prescrição da farmacoterapia, dependerá das necessidades individuais de
cada viajante, depois de ponderados todos perigos existentes nos países
de destino.
Os certificados internacionais das vacinas (ex. febre amarela) serão emitidos sempre que haja necessidade à imunização.
A
vacina contra a febre amarela é obrigatória nalguns países, sem a qual
os viajantes não estão autorizados a entrar. Esta vacina é também
recomendada noutros países, fazendo-se o aconselhamento e a sua
ministração.
A vacinação deve ser efetuada preferencialmente com uma antecedência de trinta dias, sendo o mínimo recomendável de dez dias.
A
periodicidade da vacina da febre amarela tem uma validade de dez anos, e
apenas se encontra disponível nos centros internacionais de vacinação
distribuídos pelo país.
Existe um
regulamento internacional das vacinas obrigatórias para cada país, sendo
a vacina da febre amarela a que é mais exigida internacionalmente, sem a
qual não poderá ser emitido o respetivo certificado comprovativo da
vacinação ficando assim inviabilizada a entrada do viajante no país para
o qual esta vacina é exigida.
Porém,
outras imunizações poderão ser obrigatórias nas quais se incluem a
poliomielite, ministrada em dose única no adulto, mesmo que já tenha
sido ministrada em criança.
O tipo de
vacinas impostas para a entrada nos diversos países vai depender da
legislação em vigor destinada à autorização da entrada de passageiros
(turistas, executivos ou trabalhadores).
A
título de exemplo temos o caso da Arábia Saudita que impõe a
obrigatoriedade da imunização da poliomielite se o viajante vem de um
dos quatro países onde o vírus é endémico(Índia, Nigéria, Afeganistão,
Paquistão) e a imunização contra a meningite meningocócica.
O
esquema vacinal será decidido na consulta e aconselhado, tendo em
consideração os locais para onde a pessoa pretende viajar, porém,
podemos já acrescentar quais são as vacinas mais prescritas: tétano,
hepatite A, hepatite B, febre tifóide, raiva, gripe, cólera, difteria e
encefalite japonesa.
São ainda
fornecidas informações sobre as condições de assistência médica
existentes no país, recursos, condições de segurança e direções dos
consulados com o objetivo de esclarecer detalhadamente os viajantes
sobre as instituições que poderão ser úteis durante a sua permanência
nos países do destino.
Faz parte
também dos objetivos da consulta a realização de uma observação médica
pós viagem, destinada a fazer o diagnóstico de eventuais doenças
adquiridas no local do destino, com avaliação global do bem estar do
viajante e para o controlo sanitário das pessoas que permanecem durante
períodos prolongados de tempo no estrangeiro onde o risco de contrair
doenças é elevado.
Sempre que uma
pessoa pretende viajar deve dirigir-se a uma instituição de saúde
(pública ou privada), para se submeter ao exame global de saúde e para
que lhe sejam fornecidos todos os conselhos sobre os cuidados que devem
ter para prevenirem o aparecimento das doenças.
Uma vez escolhido o destino, os viajantes devem providenciar a efetivação da consulta do viajante, o mais rapidamente possível.
É
nesta consulta que os utentes colocarão todas as suas dúvidas, para as
quais os médicos estão habilitados a responder, explicando os
procedimentos a adotar, fazendo o aconselhamento necessário, dirigido
sempre para a adoção de atitudes e medidas preventivas destinadas a
colmatar os riscos da viagem.
Sabe-se
que anualmente cerca de 8%, dos utentes que viajam procuram assistência
médica por problemas relacionados com a própria viagem.
Importa,
contudo referir que a grande maioria das pessoas que viajam não sofre
qualquer doença, porém isso não exclui a necessidade de efetivarem esta
consulta.
A Organização Mundial de
Saúde recomenda a realização da consulta do viajante na pós-viagem
internacional, sobretudo nos doentes portadores de doenças crónicas tais
como diabéticos, doentes cardíacos ou pacientes que sofram de qualquer
outra patologia crónica.
Estas
recomendações destinam-se também aos viajantes que tenham permanecido
noutros países por períodos superiores a três meses ou que tenham estado
expostos ao contato com doentes portadores de doenças infeciosas.
Resta,
ainda alertar para a necessidade de uma observação médica sempre que
surjam situações de hipertermia (febre elevada), doenças dermatológicas,
diarreia, vómitos ou icterícia, em doentes que viajaram recentemente.
Em
suma, a consulta do viajante é recomendada a todos os viajantes e
destina-se a prevenir ou minimizar os riscos do aparecimento de doenças
das viagens.
(*) doutorada em medicina
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