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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Actualidades

Por: Carina João *
Há 15 dias a ministra da educação brindou-nos com um vídeo ao melhor estilo Noddy, para crianças, explicando porque razão é bom estudar.
Encontro-me neste momento em Taiwan, a ilha a que os portugueses um dia chamaram de Formosa. Uma ilha em semelhante dimensão à Holanda, mas que constitui a 18ªeconomia do mundo, um dos tigres asiáticos, com um crescimento esperado para 2010 de 7,7%, entre outros rácios interessantes. Quando perguntei ao ministro dos negócios estrangeiros, qual a fórmula do sucesso, como poderia um território tão pequeno e em tão pouco tempo, estar a par de economias como a China, e o Japão, e uma das respostas foi: apostamos muito na educação para ter os melhores a competir com os melhores. Têm taxas de literacia na ordem dos 97% e cerca de 25% do seu orçamento é gasto com a educação. E acima de tudo sabem fazer. Senti naquele momento vergonha de ter uma ministra a “leccionar” qualquer coisa tão ridícula como aquele vídeo de “eduquês”. Em Portugal, as baixas qualificações constituem um entrave ao processo de convergência real, e nunca foi entendida como um sistema que deve envolver um conjunto de políticas integradas, como o sejam a educação em consonância com o mercado de trabalho, a imigração e o nosso sistema fiscal. Isto não sou eu que o digo, está num estudo bastante completo e isento apresentado na Comissão de Orçamento e Finanças sobre a heterogeneidade e o retorno da educação em Portugal.
Mas continuamos a discutir fecho de escolas em zonas rurais, instabilidades do corpo docente, dos agrupamentos, se chumbam ou passam alunos, mais complexo escolar menos complexo escolar…continuamos desfocados daquilo que deveriam ser as nossas prioridades, que são as reais qualificações dos alunos, aquilo que efectivamente serão capazes de fazer. Que foi feito de nós, descobridores de meio mundo, que agora parecemos não sair do mesmo sítio?
Estamos no inicio de mais um ano lectivo, onde quase todos os professores que conheço dizem mal da vida que levam, os estudantes dizem mal da vida que levam, os pais e investidores dessa educação fazem contas à vida e perguntam-se se valerá a pena e, regra geral, ninguém leva a educação muito a sério, em especial o próprio governo socialista.
Esta semana está em discussão outro tema, e não criticando o seu conteúdo, apenas digo que em nada dignifica neste momento as nossas prioridades, que é a possibilidade de mudança de sexo…já tínhamos o vídeo ridículo, agora o tema do sexo…com tantas mentiras propagadas diariamente, fazemos jus a qualquer mau filme de Hollywood (sexo, mentiras e vídeo)…é triste.
* Deputada do PSD na Assembleia da República e colaboradora do JA

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