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domingo, 23 de maio de 2010

"Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos"

À boa maneira de alguns dos nossos clássicos do século XIX, cujo estilo acutilante e mordaz retratava a época, repórter Y (O grito do Ipiranga) traça-nos aqui algumas situações reais e caricatas da nossa sociedade que pouco mudou em mentalidade, apesar de já estarmos no século XXI.Não sei se as situações relatadas pertencem a esta alma lusitana de que tanto se fala mas, que são curiosas sob o ponto de vista histórico e cultural, lá isso são.
Os culpados de determinada situação económica caótica e, portanto, digna de apuramento de responsabilidades, ao invés de serem chamados a responder pelos seus actos de uma gestão comprovadamente duvidosa, foram premiados com lugares de destaque social e político como se tudo tivesse a correr sobre rodas e o seu desempenho tivesse sido um sucesso.
Esta política: “quem vem atrás que feche a porta”, “hoje há conquilhas, amanhã não sabemos” etc., não nos parece a mais séria e desejada numa sociedade que queremos mais justa e fraterna possível.
O respeito que todos devemos uns aos outros parece estar, neste e noutros casos, comprometido e ferido de legitimidade moral e democrática que, em nada abona a honestidade e verticalidade de quem alinha nestas bandeiras de compadrios e desenrascanços políticos.

Por: Fernando Soares

2 comentários:

Anónimo disse...

Estou a lembrar-me de "As Farpas" de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão que satirizavam o comportamento lusitano à época.
De facto, passado mais de um século, 120 anos para ser mais preciso, pouco ou nada mudámos em matéria de xico-espertismo e sacanice.
É uma sina que nos persegue pela vida fora, como se de uma praga má se tratasse.

Leitor atento

Anónimo disse...

Poucas coisas tão acertadas como estas li nestes últimos tempos,mesmo em jornais ditos profissionais.
Realmente parece que estamos na mesma ou pior ainda.
O Marquês de Pombal à beira desta gente, foi um santo.