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domingo, 16 de maio de 2010

Uma homenagem a Álvaro Brasileiro

Vinha regalado a olhar os campos batidos pelo sol que se tem feito rogado e, por isso, mais saboreado.Tinha ido a Alpiarça, para estar presente numa homenagem ao Álvaro Brasileiro, um dos nossos melhores e mais prestigiados deputados, o deputado seareiro, da reforma agrária, grande amigo e camarada.Vinha reflectindo.
O sol e ao sol.
Lentamente, porque escolhera a estrada “do campo”, entre Vale de Cavalos e Chamusca. Quer dizer, a 50 kms/hora, apesar do piso estar muito bom. Um tapete. Vinha a pensar no que me levara a Alpiarça, no que está a ser o concelho recuperado, nos problemas que herdou, nos esforços que se estão a fazer com uma enorme seriedade. Tudo isto dá que pensar.Mas… a olhar os campos, como os 50 kms/hora permitem, outras reflexões se impuseram.
Estão lindos os campos! E são campos, campos, campos cultivados, embora ainda muitos o não estejam. É cada vez maior a área cultivada. Dá-me a ideia que, depois de décadas de abandono progressivo (progressivo?, regressivo!) das terras, há uma recuperação bonita de ver. Esta é a economia real. Como é que ela entra na estatística, no orçamento, nos défices?
É verdade que ali, na estrada “do campo” ribatejano, as explorações não são pequenas, para subsistência, do mini(micro)fúndio que encontro pelas encostas do Malhão e das Silveiras, ou aqui mesmo, à porta de casa, neste baixo do Zambujal, mas, por todo o lado, parece-me descortinar uma redescoberta da velha relação do homem (do homem e da mulher, claro…) com a natureza (de que somos, aliás).
Insisto, esta é (parte) da economia real.
Que não vai à bolsa. Talvez, até… sei lá dessa gente…, alguns dos que têm dinheiro de sobra tenham resolvido que seria melhor (mais útil, decerto é) aplicá-lo ali, por aqueles campos, do que entrar em jogos enganadores e aliciantes de bancos e sociedades de investimento com cantos de sereias fora das costas ribeirinhas (assim traduzo off-shores, posso?). Sim, estava a pensar em BPNs, BPPs e quejandos!………Estava eu nestas cogitações, quando me assaltou o noticiário das 17, na RDP1, e lá me entrou no carro e nas reflexões o senhor primeiro ministro, aquele que ainda é com a ajuda do outro que quer ser… embora haja outros (muitos) galos na barganha pelo mesmo poleiro.
Ia distraído e comecei a não lhe dar grande atenção. Deveria estar a justificar porque disse ontem o contrário do dito anteontem, e (ou)via-se que antecipava resposta a questões antecipadas por um seu interlocutor na reunião de concertação social extraordinária que vão ter na próxima 3ª feira… quando, de repente, fui sobressaltado pelo (diria patético) apelo ao patriotismo.Isso não, senhor José Sócrates.
Depois de tudo o que lhe tem saído da boca para fora, vir agora abusar dessa tecla do patriotismo, não!
Porque, depois de ensaios, essa parece ir ser a palavra-mote: patriotismo. Mas isso não. Não se atreva a querer impor o seu conceito de Pátria aos trabalhadores, desempregados, pensionistas, a dizer-nos o que é ser patriota, e o que é sacrifício pela pátria. Para o "A Bem da Nação", já demos… e o sacrifício – que nem sacrifício foi – que assumimos foi o de resistência patriótica (qualquer o entendimento), de que outros se demitiram.
Por: Sérgio Ribeiro
http://anonimosecxxi.blogspot.com

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