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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Proto-estrelas enfeitam enxame da Árvore de Natal

Artigo escrito por Paula Teixeira


Paula Teixeira é uma alpiarcense licenciada em astrofisica e a residir já a algum tempo nos EUA onde colabora com a NASA e outros organismos de investigação incluindo a Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

Esta imagem de NGC 2264 no infravermelho é composta por duas imagens obtidas pelo Spitzer, com câmaras diferentes: a IRAC observou no infravermelho próximo e médio (3,6 µm, 4,5 µm, 5,8 µm, 8 µm) e a MIPS no infravermelho longínquo (24 µm). Crédito: NASA/JPL-Caltech/P.S. Teixeira & C.J. Lada (CfA), E.T. Young (U. Arizona). Paula Teixeira, astrofísica portuguesa realizando o seu doutoramento no Centro Smithsonian para a Astrofísica (Universidade de Harvard, EUA), é a autora principal de um estudo de NGC 2264 no infravermelho
infravermelhoRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin. , que se revelou um excelente laboratório para o estudo da formação de
estrelas
estrelaUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.. Também conhecido como o enxame da Árvore de Natal, NGC 2264 é um enxame aberto embebido numa
nebulosa
nebulosaUma nebulosa é uma nuvem de gás e poeira interestelares.difusa, que ganhou o seu nome devido à sua aparência quando observada pelos pequenos telescópios: as estrelas desenham um triângulo como se fossem luzes da árvore de natal. Embora as estrelas que dão o nome ao enxame não sejam brilhantes no infravermelho, outros enfeites da Árvore surgiram neste
comprimento de onda
comprimento de ondaDesigna-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.e maravilharam os astrónomos. A equipa, constituída por astrónomos do Centro Smithsonian para a Astrofísica e da Universidade do Arizona, utilizou o
telescópio espacial Spitzer
Spitzer Space TelescopeO Telescópio Espacial Spitzer é um telescópio de infravermelhos colocado em órbita pela NASA a 25 de Agosto de 2003. Este telescópio, anteriormente designado por Space InfraRed Telescope Facility (SIRTF), foi re-baptizado em homenagem a Lyman Spitzer, Jr. (1914-1997), um dos grandes astrofísicos norte-americanos do século XX. Espera-se que este observatório espacial contribua grandemente em diversos campos da Astrofísica, como por exemplo na procura de anãs castanhas e planetas gigantes, na descoberta e estudo de discos protoplanetários à volta de estrelas próximas, no estudo de galáxias ultraluminosas no infravermelho e de núcleos de galáxias activas, e no estudo do Universo primitivo. (
NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.) para realizar as observações no infravermelho. A imagem mostra uma colecção de proto-estrelas brilhantes, até agora nunca observadas. As estrelas bebés aparecem como pontos rosa e vermelho, para o centro da imagem. A sua configuração geométrica indica que as estrelas se formaram em intervalos de espaço regulares ao longo de estruturas lineares. Segundo Paula Teixeira, esta regularidade espacial entre as proto-estrelas dá-nos uma pista crítica para a natureza do processo de formação de estrelas, confirmando o que a teoria prevê: a distância média entre proto-estrelas deve ser dada pela
densidade
densidadeEm Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume. e temperatura do material da nuvem que lhes dá origem. Nuvens com formação de estrelas, como esta, são estruturas dinâmicas e em evolução. Suspeita-se que a partir de um certo estágio da sua evolução, os movimentos internos caóticos nas nuvens provocam a formação de filamentos de gás e poeira. Quando arrefecem, o gás e a poeira desses filamentos aglomera-se e fragmenta-se mais, podendo criar uma linha regularmente espaçada de proto-estrelas. A distância média que separa as estrelas bebés é determinada pela temperatura e densidade dos filamentos. Estas proto-estrelas devem ter apenas cerca de 100 000 anos. Com o tempo, estas estruturas afastar-se-ão do seu local de formação e os movimentos naturais de cada estrela quebrará esta ordem geométrica. Ao observar no infravermelho, o Spitzer detecta a poeira que, por ser aquecida pelas estrelas vizinhas, brilha neste comprimento de onda, revelando a estrutura intrincada do material que constitui a nuvem gigante. As observações do Spitzer efectuaram-se com duas das suas câmaras: a IAC e a MIPS. A IAC observou no
infravermelho próximo
infravermelho próximoRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 5 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 740 e 5200 graus Kelvin.e médio, e mostrou que a nebulosa está a formar activamente estrelas, detectando
moléculas
moléculaUma molécula é a unidade mais pequena de um composto químico, sendo constituída por um ou mais átomos, ligados entre si pelas interacções dos seus electrões.orgânicas misturadas com poeira. A MIPS observou no
infravermelho longínquo
infravermelho longínquoRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 40 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 10 e 140 graus Kelvin.a poeira fria da nebulosa e perscrutou através da poeira que envolve as estrelas mais bebés. Nos últimos milhões de anos, centenas de novas estrelas e sistemas planetários foram produzidos num surto de grande actividade de formação de estrelas neste local. O enxame da Árvore de Natal encontra-se a cerca de 3000
anos-luz
ano-luz (al)O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano. , na
constelação
constelaçãoDesigna-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.do Unicórnio (Monoceros).

3 comentários:

Anónimo disse...

seria giro pedir a opinião desta alpiarcense sobre o projecto do Observatorio Municipal de Alpiarça.
Certamente que gostaria da ideia.

Anónimo disse...

Uma optima ideia, a deste leitor. Mário Pereira tem aqui nesta alpiarcense a possibilidade de levar a efeito um coloquo sobre a matéria. Talvez assim se pudesse saber algo mais

Anónimo disse...

Observatório Astronómico de Braga pode ser controlado remotamente

O Observatório Astronómico a construir em Braga tem como mais-valia a possibilidade de os telescópios poderem operar via internet em qualquer zona do país ou do estrangeiro, disse um dos promotores.
O presidente da Sociedade Científica de Astronomia do Minho, João Vieira, adiantou à Lusa que o Observatório terá dois telescópios com capacidade para a realização de imagens astronómicas, planetárias, solares e ainda abordagens a campos como a espectroscopia solar.
O equipamento, que fica sedeado em Gualtar, arredores de Braga, será inaugurado até ao Verão, a tempo de integrar o projecto "Astronomia no verão" que decorre a nível nacional.
Orçamentado em 60 mil euros, conta com o financiamento do programa Ciência Viva (que disponibiliza 45 mil euros), da Junta de Freguesia de Gualtar (na construção) e ainda de mecenas que contribuem em investimentos nas áreas da informática, do mobiliário e dos arranjos exteriores.
João Vieira sublinhou que, "embora existam quatro observatórios em Portugal com capacidade para serem operados via Internet, nenhum deles, está, de momento a funcionar em pleno".
"Este observatório astronómico será um dos mais bem equipados do país, apto para diversos trabalhos de astronomia, para ser utilizado no ensino das ciências e na realização de alguns trabalhos científicos em parceria com instituições de ensino superior e não só", assinalou.
A associação Orion, que tem hoje 100 associados entre investigadores e professores de diversos graus de ensino da região minhota, nasceu a partir da actividade de vários clubes escolares: "havia clubes em escolas de Barcelos, Taipas, Arcos de Valdevez, entre outras, que, acabavam, deixando os equipamentos sem utilização", sublinhou.
O organismo, que desenvolve regularmente actividades científicas de divulgação junto do público e das escolas, vai aproveitar o nascimento do Observatório para participar, em 2009, nas actividades nacionais do Ano Internacional da Astronomia.

Posted by PAULO FARIA in http://paulofaria.blogspot.com