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domingo, 20 de janeiro de 2013

SAÚDE: Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

Por: Antonieta Dias (*)

Do ponto de vista das competências médicas, por assim dizer, profissional, a actividade clínica também requer a capacidade de ensinar e de informar.
Além disso, impõe-se como condição a necessidade de se tratar uma pessoa dependente integrada num ambiente que lhe permita fazer uma integração social, verdadeiramente personalizada e adaptada às características biopsicossociais a que estava habituada.
É evidente que a primeira observação a fazer é que se trata de uma pessoa, em que o elenco ocasional e imprevisto, procura simplesmente traçar um percurso de tratamento seguro, prudente, eficiente, estável, e tecnicamente correto.
Todavia, esta reflexão sensata sobre a rede de cuidados continuados integrados, não nos pode fazer esquecer que a pessoa humana é uma profunda unidade.
Porém, os critérios inerentes à decisão de incluir um doente na rede não podem colocar em risco a vida, nem bloquear ou estabelecer regras, que possam diminuir a capacidade de estabelecer uma necessidade emergente e muito menos defraldar as expectativas das curas possíveis e facilmente controláveis.
Se é certo que uma experiência mal sucedida, desencadeia um perigo que pode ser vital, o controlo e domínio de uma situação de sofrimento ou de angústia gera um profundo conforto de confiança e de sucesso na decisão clínica.
Para colmatar a necessidade de resposta atempada às situações de dependência decorrentes de doenças imprevistas, que ocupavam demasiado tempo de internamento hospitalar, criou-se um modelo de prestação de cuidados destinado a resolver e apoiar o Serviço Nacional de Saúde, que desenvolve de forma exemplar e inovadora um programa em Portugal designado por Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
Consta do Guia prático – Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados o seguinte:
 “A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), é constituída por um conjunto de instituições, públicas ou privadas, que prestam (ou virão a prestar) cuidados continuados de saúde e de apoio social a pessoas em situação de dependência, tanto na sua casa como em instalações próprias.
A RNCCI inclui
Unidades de internamento, que podem ser de:
-Cuidados continuados de convalescença;
-Cuidados continuados de média duração e reabilitação;
-Cuidados continuados de longa duração e manutenção.
Nos Cuidados Continuados Integrados a pessoa em situação de dependência, independentemente da sua idade, recebe cuidados de saúde e apoio social. O objectivo é ajudar a pessoa a recuperar ou manter a sua autonomia e maximizar a sua qualidade de vida.”
Motivos gerais de referenciação, que deveriam ser considerados no caso em apreço:
-Episódios frequentes de agudização de doenças graves que geram recursos frequentes aos serviços de urgência;
-Casos de isolamento ou ausência de familiares directos;
Doente com dependência e com necessidade de cuidados diferenciados diários.
Esta rede tinha como objectivo ser alargada e adaptada às necessidades reais do País a fim de dar cobertura à complexidade de casos patológicos cujos critérios se incluíam nos destinatários desta rede.
Todavia, constatamos que cada vez mais os recursos estão verdadeiramente desadaptados à nossa realidade e há urgência em que o Estado invista mais neste modelo de prestação de cuidados de saúde.
Quando acontecerá isso? Como? Poderemos então acreditar que não vai ver desinvestimento nesta iniciativa?
Estas são as questões que mais nos preocupam, uma vez que a Rede tem sido fulcral na diminuição dos tempos de internamento hospitalar, libertando camas que podem ser ocupadas, por doentes cuja indicação para se manterem hospitalizados é prioritária.
Em suma, resta-nos acreditar na sensibilidade dos decisores para que este projecto mantenha a consistência e sustentabilidade necessária à resposta dos utentes que dela dependem.”
(*) Doutorada em medicina

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