Por: Antonieta Dias (*) |
“A demência é uma perturbação muito
comum, caracterizada por défices cognitivos vários, onde se inclui a memória,
que se encontra diminuída.
A demência leva a uma perda ou diminuição progressiva das
faculdades cognitivas mais ou menos acentuada, que determinará uma maior ou
menor dependência dos doentes, podendo nalguns casos conduzir a uma dependência
total, com necessidade de intervenção de terceiros para os apoiar nos actos de
vida diária.
As alterações cognitivas que esta doença origina nas funções
cerebrais, designadamente na memória, na linguagem, na atenção, na
personalidade, na capacidade de resolução dos problemas do quotidiano (actos de
vida diária) na perda de orientação, no comportamento podem resultar em
situações clinicas de difícil resolução de carácter médico, familiar e social.
Por vezes, estes doentes podem desenvolver comportamentos
psicóticos, depressivos ou delirantes, que obrigam a instituição de
terapêuticas mais ou menos agressivas, de forma a estabilizá-los clinicamente.
A reversibilidade ou não da demência depende da sua
etiologia.
As causas da demência podem ser várias, das quais destacamos
as de origem vascular, as de causa infecciosa, sendo que estas últimas são as
que estão associadas ao Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), à
sífilis, à encefalite causada pelo vírus do Herpes, doença de Lyme, doença de Creutzfeldt Jakob, doença de Whipple
e as de origem vascular que dão origem a enfartes múltiplos.
As demências podem ainda ter uma etiologia metabólica ou
nutricional, facilmente tratáveis se forem corrigidos os défices que as
desencadeiam.
Assim, para se fazer um diagnóstico de demência há
necessidade de identificar os critérios estabelecidos para a classificação
desta patologia.
Os mais utilizados são os descritos na 4.ª edição do Manual
de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais da Associação Americana
de Psiquiatria (DSM-IV).
Estima-se que 7.3 Milhões de cidadãos europeus sofrem de uma
das várias formas de demência.
Em Portugal existem cerca de 153.000 pessoas com demência,
das quais 90.00 sofrem de doença de Alzheimer.
Prevê-se uma duplicação destes valores em 2040 na Europa
Ocidental, e na Europa de Leste estima-se que este valor triplique.
Dos estudos efectuados até à data, calcula-se que anualmente
1,4 milhões de cidadãos europeus virão a desenvolver demência, o que se traduz
que em cada 24 segundos, é diagnosticado um novo caso.
Os antioxidantes são substâncias capazes de prevenir ou
atrasar este processo degenerativo actuando como protectores celulares protegendo
os tecidos do stress oxidativo, que
desempenha um importante papel no envelhecimento celular, nomeadamente no
processo de envelhecimento cutâneo e na fisiopatologia de diversas doenças.
O processo oxidativo pode afectar o envelhecimento cerebral e
despoletar a doença de Alzheimer.
É possível, através de utilização de uma escala psiquiátrica
abreviada Mini Mental State Examination
(MMSE), determinar o estado mental da pessoa, e orientá-la de acordo com os
parâmetros cognitivos encontrados.
Porém, o processo degenerativo pode torna-se irreversível e
gerar situações complicadas de dependência física e psicológica, dificilmente
suportadas pelas famílias dos doentes, sendo então necessário recorrer à
institucionalização destas pessoas carentes de cuidados globais de saúde
urgentes.
Nestes casos, torna-se imperiosa a necessidade de manter as
Unidades de Cuidados Continuados Integrados receptivas e com vagas disponíveis
para acolherem estes pacientes e para os cuidarem de forma global, diferenciada
e humanizada.
Em suma, são várias as patologias que requerem a prestação de
cuidados especializados cuja adaptabilidade aos vários problemas dos pacientes
dependentes de terceiros, exige um grande investimento estatal e social para
manter a sustentabilidade do sistema, já de si carenciado de meios adequados
para este tipo de doentes.”
(*) doutorada em medicina
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