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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Cuba exporta clínicos para contrariar embargo

Uma visão diferente de sociedade sustenta a argumentação do embaixador de Cuba para justificar as condições que presidiram à contratação de médicos do seu país. Daí que tenha dificuldade em compreender o interesse mediático que tem envolvido a sua presença em Portugal, quando "existem médicos de vários países e o problema é só com os que vêm de Cuba". "Porquê?" E sem esperar resposta explica o que considera ser um ponto crucial: "Vieram para a Europa 44 médicos de um país socialista." E isto faz toda a diferença. "Além do mais, somos pobres e estamos bloqueados pela maior potência do mundo, mas com um grande capital humano", realça Eduardo Lerner.

Estes factores associados determinaram a criação dos Serviços Médicos de Cuba que se dedicam "à exportação de serviços médicos" numa tentativa para contrariar os condicionalismos In Jornal "Público"
económicos num país que no passado "vivia da exportação do rum, do açúcar e dos charutos", lembra o embaixador. Neste momento "mais de 30.000 médicos e outros especialistas estão fora de Cuba e já formámos cerca de oito mil médicos de 87 países com bolsas de estudo gratuitas", esclarece o diplomata.

A maioria dos médicos está na Venezuela, que paga a sua presença com serviços e produtos. No continente africano também estão colocados um número elevado de médicos. Ao mesmo tempo, Cuba recebe doentes de vários países. "Temos uma vocação internacionalista. A nossa pátria é a humanidade", acentua Eduardo Lerner, focando o caso de médicos africanos formados em Cuba e que afinal estão a prestar serviço em Portugal.

Num país socialista, "o voluntariado é a base" que gera a deslocação de médicos para vários países, alguns deles desenvolvidos. E, ao contrário da realidade europeia, o clínico cubano que se desloca em serviço para fora do seu país "vai receber uma modesta quantidade de dinheiro", equivalente à que receberia em Cuba. Para a sua família são canalizados, em média, 600 pesos cubanos, o equivalente a 15 dólares. "Dá para viver modestamente", reconhece o representante cubano em Portugal. E deixa expresso mais um princípio socialista: "Se temos pouco, distribuímos pouco; se temos muito, distribuímos muito." Realça o facto de os cidadãos do seu país "não pagarem casa, saúde e ensino" .

Debruçando-se sobre a carga horária dos médicos cubanos em Portugal, Eduardo Lerner também tem uma justificação: "Em Cuba não se pagam horas extraordinárias a ninguém" e o tempo normal de trabalho é de oito horas de segunda a sexta e dois meios dias ao sábado por mês. Ao todo, 192 horas mensais. Em Portugal trabalham cerca de 220 horas mensais.

O acordo realizado prevê contratos de trabalho colectivos por três anos renováveis. Os médicos não têm de pagar aluguer durante sua estadia, nem a viagem de avião entre Cuba e Portugal.
«Público»
Artigo enviadopor um leitor

1 comentário:

Anónimo disse...

«Revolução é o sentido do momento histórico;
é mudar tudo o que deve ser mudado;
é igualdade e liberdade plenas (...);
é emanciparmo-nos por nós próprios e com o nosso próprio esforço;
é desafiar poderosas forças dominantes (...);
é defender os valores em que se acredita à custa de qualquer sacrifício;
é modéstia, desinteresse, altruísmo, solidariedade e heroísmo;
é lutar com audácia, inteligência e realismo;
é não mentir nunca nem violar princípios éticos;
é a convicção profunda de que não existe no mundo força capaz de aplacar a força da verdade e das ideias.
Revolução é unidade, é independência, é lutar pelos nossos sonhos de justiça para Cuba e para o mundo, que é a base do nosso patriotismo, do nosso socialismo e do nosso internacionalismo.»

Fidel Castro, Praça da Revolução, Havana - 1º de Maio de 2001


Só para recentrar a conversa, quando falamos dos médicos cubanos!