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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

João Serrano desempenhou papel importante para a Cultura Avieira estar a caminho do título de Património Nacional

O projecto que pretende salvaguardar legado de pescadores envolve actualmente 39 instituições. O programa de investimentos orça os 30 milhões de euros para 56 projectos na zona ribeirinha do Tejo. A valorização turística, económica e social sob o legado único dos avieiros é o mote para esta criação de sinergias.

Até há pouco tempo pensava-se que apenas se limitava à migração de pescadores da Praia da Vieira de Leiria para o rio Tejo e seus afluentes. Mas, a
Cultura Avieira, tem origens também na zona da Gândara (Mira) e até mais a norte da Península Ibérica. A sua origem remonta ao século XIX , quando um grupo de pescadores lutava pela sobrevivência, já que do mar o sustento já não provinha. Foi aí que os pescadores da praia da Vieira se fixaram em aldeias piscatórias fixas sobre estacas, as chamadas palafitas
. O que não sabíamos até aqui é que este fenómeno migratória se estendia para além do Tejo, chegando mesmo ao Sado. Foi isso mesmo que João Serrano e Aurélio Lopes, descobriram, quando, em 2005, começaram a estudar a cultura avieira.João Serrano, natural de Alpiarça, onde existe uma aldeia piscatória abandonada, e onde começou esta aventura de recuperar a cultura avieira, conta ao Café Portugal de que forma se chegou a uma candidatura a património nacional e a um projecto de desenvolvimento económico.
O projecto que pretende elevar a cultura avieira a património nacional, nasceu há cerca de três anos e meio, e os estudos que daí têm resultado permitiram perceber que o fenómeno migratório iniciado no século XIX não se limita à relação entre a Praia da Vieira e o rio Tejo entre Abrantes e Póvoa de Santa Iria.
O estudo, que evoluiu para a «área da religiosidade popular», incidiu junto de comunidades avieiras do concelho da Chamusca permitiu concluir que os avieiros também se estabeleceram no rio Sado, até Grândola e Alcácer do Sal.
E foi então que a associação de que João Serrano e Aurélio Lopes fazem parte, a Associação Independente para o Desenvolvimento Integrado de Alpiarça, estabeleceu com o Instituto Politécnico de Santarém uma pareceria para «estudar esta cultura e elevá-la a património nacional». «Estamos na posse de uma riqueza etnográfica, antropológica, social e sociológica, que não podemos perder», refere João Serrano. «A proposta de candidatura a Património Nacional começou a ser delineada em 2006. É um trabalho que dura há 4 anos. Porém, só há seis meses é que o Ministério da Cultura fez publicar legislação que enquadra propostas de candidaturas a património imaterial.
Até aqui não havia nada», explica.Actualmente, todo este trabalho passa pelo contributo de 25 pessoas e 65 instituições em todo o País na componente imaterial e como objectivo estabelecido está a publicação de 42 obras diferentes para fundamentar o valor do património cultural avieiro.João Serrano realça que, entretanto, o projecto evoluiu do ponto de vista da sua dimensão cultural: «há dois anos, no âmbito do PROVER-QREN (programa de valorização económica dos recursos endógenos).
Candidatamo-nos na componente do desenvolvimento económico, para criar um destino turístico e desenvolvimento. Juntamos 39 instituições, do Tejo e do Sado, e criamos um consórcio para criar um novo destino turístico».
Um projecto de desenvolvimento onde serão investidos 30 milhões de euros repartidos por 56 projectos durante os próximos dois a três anos.Por fim, João Serrano afirma: «pretendemos recuperar todas as aldeias avieiras que vão ser, no fundo, as âncoras deste projecto de desenvolvimento na área do turismo rural, de habitação, da restauração, etc.».
Recorde-se que o I Congresso da Cultura Avieira vai realizar-se nos dias 7, 8 e 9 de Maio em Santarém e Salvaterra de Magos e conta com o alto patrocínio do Presidente da República.A riqueza da Cultura Avieira resulta da interligação dos pescadores da costa atlântica, a maioria da Praia da Vieira, com as gentes da borda d’água. Criaram várias aldeias palafíticas (casas assentes sobre estacas), de que são exemplos Escaroupim (Salvaterra de Magos), Palhota (Cartaxo) ou Caneiras (Santarém).
Por: Ana Clara

1 comentário:

Anónimo disse...

João Serrano é um sonhador. Como todas as grandes obras nascem do sonho, desejamos-lhe que eleve o seu sonho cada vez mais alto.
Alpiarça e o país merecem.