.

.

.

.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Português na equipa que descobriu 32 planetas extra-solares

O anúncio da descoberta de 32 planetas fora do sistema solar foi feito ontem no Porto. O responsável pela divulgação foi Nuno Cardoso Santos, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e membro da equipa que fez a descoberta. Agora quer ir mais longe, usando um novo telescópio e, quem sabe, descobrir vida fora do sistema solar
Uma equipa de investigadores, onde se inclui um português, descobriu 32 novos planetas fora do sistema solar. A descoberta foi anunciada ontem por Nuno Cardoso dos Santos, cientista do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), e membro da equipa internacional. Nuno Cardoso Santos, que é também professor afiliado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, disse ao DN que "esta descoberta de 32 novos planetas a orbitar noutras estrelas faz com que a a barreira dos 400 planetas extra-solares tenha sido ultrapassada".
Os planetas encontrados são "gigantes", como explicou o cientista: "A maioria é semelhante a Júpiter. Outra percentagem são planetas do tamanho da Terra."
Esta descoberta aconteceu no âmbito do projecto HARPS (Localizador de Alta Precisão de Planetas por Velocidade Radial, em português) . A técnica do telescópio parece simples quando explicada por Nuno Santos: "Não é só o planeta que orbita a estrela, mas a estrela também orbita o planeta", diz o cientista. Por isso, a estrela "vai oscilar no céu, umas vezes afastando-se de nós, outras aproximando-se". Ou seja, "a velocidade da estrela vai variar periodicamente se ela tiver um planeta à sua volta", explica o investigador, que aclarou que é através da medição dessa mesma velocidade que se pode detectar novos planetas.
Stéphane Udry, do Observatório de Genebra, disse estar convencido de que "que há vida noutros planetas" e que uma boa aproximação à confirmação desta teoria seria "encontrar vestígios de vida na atmosfera dos planetas detectados". Para isso - acrescentou - são necessários "enormes telescópios, provavelmente no espaço", sendo este um processo que "demorará pelo menos 20 anos, para ter o projecto aceite, conseguir o dinheiro, construir e mandar os telescópios para o espaço".
O HARPS "é um instrumento único com um espectógrafo de alta precisão construído para procurar planetas semelhantes à Terra", diz o cientista. Está instalado num telescópio da ESO - Observatório Europeu do Sul - em La Silla, no Chile.
Nos últimos cinco anos, foram 75 os planetas já descobertos pelo HARPS, onde se incluem aqueles anunciados ontem.
Mas esta ferramenta não é suficiente, por isso vai-se recorrer a outra: o ESPRESSO. Este programa, onde Nuno Cardoso Santos também está envolvido, poderá detectar planetas com uma precisão de dez centímetros por segundo.
"Estamos a dar passos muito importantes na participação num consórcio que vai construir um novo instrumento - ESPRESSO - o que significa um salto qualitativo e vai permitir descobrir outros planetas habitáveis, parecidos com a Terra, a orbitar estrelas parecidas com o nosso Sol", sustentou o investigador português, doutorado em Astronomia e Astrofísica.
Nuno Cardoso Santos avançou com 2014 como a data em que este novo projecto estará pronto.
"O ESPRESSO vai dar novas dimensões aos planetas descobertos e vai permitir um maior sucesso", conclui.
in DN Ciencia

Sem comentários: