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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro actuou pela primeira vez em 1895

Banda da Sociedade Filarmónica actua mais uma vez na abertura da Alpiagra e renova o convite para a inscrição de crianças na escola de música.

A Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro (SFAD) foi fundada no dia 1 de Dezembro de 1931, mas existem registos de actuações da banda em 1895. Depois desta data foi mudando de nome até ser registada, há 77 anos, com o nome actual. A banda da SFAD conta actualmente com cerca de três dezenas de elementos. O seu reportório é variado. Vai de temas pop a cha-cha-cha, música religiosa, marchas e passodobles.

É no Verão que tem mais actuações um pouco por todo o país. Participa em arraiais, concertos, touradas e procissões, desde o Algarve ao Minho passando pelos Açores. Uma das últimas saídas para longe foi a Cabeceiras de Basto (Trás-os-Montes), há duas semanas, onde actuou numa corrida de toiros. O MIRANTE encontrou-a no último domingo a acompanhar a procissão em honra de Nossa Senhora dos Remédios, nas festas de Vale de Cavalos, concelho da Chamusca.

Fernando Sardinheiro, 77 anos, Mário Favas, 75 anos, e João Sardinheiro, 74 anos, são músicos da velha guarda. A família Sardinheiro é uma família de músicos tendo chegado a juntar quatro irmãos na banda. Fernando Sardinheiro, o mais velho dos três músicos, conta que começou aos 15 anos.

“Decidi aprender solfejo mas o meu pai não achou graça porque precisava de gente para o trabalho. Na altura era a vindima e a pisa da uva para fazer vinho. Mas levei a minha avante e fui com o meu irmão, o João. Se não tocássemos na banda o porteiro não nos deixava entrar nos bailes. E nós queríamos era dançar com as moças novas”, conta.

Mário Favas entrou na banda por influência do pai que assistia com frequência aos ensaios. “Quando chegava a casa assobiava-me todo o reportório das marchas do Maestro Dores ao ouvido. O meu irmão mais velho ainda tentou aprender mas não conseguiu. Eu fui para lhe fazer a vontade e acabei por me apaixonar”, recorda o músico que começou por tocar trombone e contra-baixo e há mais de meio século que toca saxofone alto.

O interesse dos jovens pelas bandas já não é como antigamente. O músico lamenta. “Hoje em dia, existem muitas diversões e distracções que nós não tínhamos. Os mais novos preferem ficar em casa na internet ou a jogar computador. Por isso, não os conseguimos convencer a aprenderem a tocar um instrumento”, desabafa.
João Peixinho é uma excepção. Tem 13 anos e toca na Filarmónica 1º Dezembro há sete, desde que decidiu seguir as pisadas do avô, saxofonista na banda. Escolheu tocar clarinete e tudo o que sabe de música aprendeu na Sociedade Alpiarcense. O estudante confessa que às vezes ainda se engana mas disfarça com o truque que lhe ensinaram. “Mexo os dedos e finjo que toco até voltar a acertar com as notas”. João Peixinho quer seguir desporto e garante ir dar o máximo para conseguir conciliar o curso com a música. Sempre na Filarmónica onde deu os primeiros passos.

O momento alto da SFAD é a actuação da banda na inauguração da Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça, certame conhecido como Alpiagra. “É um grande orgulho para a nossa Sociedade actuar todos os anos na abertura da Alpiagra e dar alguns concertos ao longo da semana. Não podia haver maior reconhecimento da nossa terra”, explica o tesoureiro da Sociedade Filarmónica, António Barbosa.

Escola de Música avança durante mês de Setembro
Além da banda, a Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º Dezembro vai arrancar no início de Setembro com a Escola de Música. Neste momento decorrem as inscrições. Uma classe para as crianças que frequentam o pré-escolar e outra para mais velhinhos, dos 9 aos 10 anos.

O objectivo é incutir nos jovens o gosto pela música, dar-lhes outra alternativa às diversas ofertas de lazer que têm ao seu dispor. Bruno Ramiro, 32 anos, é o professor e director pedagógico da Escola. Além de professor, Bruno Ramiro abraçou, há pouco mais de um mês, o convite feito pela Filarmónica, em conjunto com a autarquia, para ser o Maestro da Banda.

Ao tornar-se maestro da Sociedade Alpiarcense, Bruno Ramiro concretizou um sonho de criança. “Dei os primeiros passos como músico nesta banda aos 9 anos. Tocava requinta – instrumento parecido com um clarinete mas mais pequeno. Observava o maestro e sonhava que um dia queria estar a dar aos braços como ele”, conta entre risos.

Entretanto estudou no Conservatório e desenvolveu actividades paralelas com outros músicos. Agora concretizou o sonho.
«O Mirante»

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