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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Fragmentos da História de Alpiarça- Eleições de 1969.

Por: José João pais
 O grande momento politico em Alpiarça, em 1969, é o período eleitoral para escolher os deputados à Assembleia Nacional. As eleições têm lugar em 26 de Outubro. Foram as primeiras que se realizaram com Marcelo Caetano como Primeiro-Ministro. O regime mostrou sinais de abertura. Foi a chamada “Primavera Marcelista”. Foi permitido à oposição a utilização dos órgãos da comunicação social para transmitir algumas das suas propostas. Elas aparecem, sobretudo, em jornais tidos como não afectos ao poder, casos da Capital, do Diário de Lisboa e da Republica, que eram, por assim dizer, os porta-vozes da oposição. Muita gente de Alpiarça participa de forma empenhada nestas eleições. Dão maioritariamente o seu apoio aos candidatos da oposição reunidos nas listas da CDE (Comissão Democrática Eleitoral). Sublinhemos que a oposição abandonou nesta altura a linha seguida até então para as disputas eleitorais, de uma frente popular e de unidade antifascista. Assim, apresentou, além da referida CDE, liderada pelos comunistas, também católicos progressistas e democratas independentes, a CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática), que apenas concorreu em Lisboa e Braga e que congregava os socialistas, herdeiros da velha Aliança Republicana Socialista de 1931, os socialistas da nova União Socialista que surgiu após a 2ª Grande Guerra e os socialistas democráticos, imbuídos das doutrinas sociais-democráticas que vingavam em muitos países da Europa e que tinha como figuras centrais Mário Soares e Salgado Zenha. No círculo de Lisboa concorreu ainda uma outra lista que reunia elementos monárquicos oposicionistas, designados por CEM (Comissão Eleitoral Monárquica). Tal dispersão não augurava nada de bom para a Oposição quando se procedesse à contagem final de votos. Em Alpiarça formou-se uma comissão de apoio aos candidatos oposicionistas pelo circulo de Santarém e que era constituída por: António Conceição Jorge, Armindo Avelino Pinhão, Maria Luísa Ribeiro de Mira Pinhão, António Cardoso Dias, Olímpio Francisco Oliveira, José Faustino Rodrigues Pinhão, Fernando Saturnino Jorge, Jerónimo Bernardo “Nazaré”, Rui Batista Feliciano e Fernando da Cunha Paulo. A oposição alpiarcense sente que pode obter bons resultados, tal o entusiasmo e o apoio que sente por parte da população. Estas movimentações oposicionistas levam o Dr. Raul Neves a escrever um artigo no jornal Voz de Alpiarça com o título “Declaração de Voto”, em que ele próprio reconhece que Alpiarça era tradicionalmente desafeta à situação política vigente, mas ele “iria votar nas listas da União Nacional”. A lista da União Nacional era liderada por António de Sousa Vadre Castelino e Alvim e o número 2 era Carlos Monteiro Amaral Neto. A expectativa era muito grande. Na 1ª página do jornal República do dia 1 de Outubro surgia em grande título a pergunta, “Será chegada a hora?”. Mas a abertura do regime não foi tão grande como se apregoava. A Oposição não teve tarefa fácil, bem pelo contrário. Eram proibidas reuniões ou manifestações de rua, persistia a censura prévia a todo o material de propaganda e até as próprias sessões de esclarecimento teriam que ter a presença da autoridade, com poderes para a interromper definitivamente, caso se verificassem “incitamentos à subversão, desobediência, resistência, injúria à autoridade, ou outra infração grave à lei”. Outro obstáculo para a Oposição era a pequena percentagem de população recenseada. Em Santarém essa percentagem era de apenas 22,3%. Começada a campanha eleitoral organizam-se caravanas de automobilistas por todo o distrito, de modo a que os comícios tivessem uma grande participação. Aconteceram até casos caricatos em Alpiarça que envolveram os agentes da PIDE e as pessoas que pretendiam aplaudir as caravanas com os candidatos oposicionistas que passavam pela vila. Usaram-se estratagemas quase anedóticos para ludibriar a acção pidesca, o que foi conseguido para desespero dos agentes. Reparemos por exemplo na informação do agente da PIDE, José Manuel Jordão, do posto de Alpiarça. Ele observa, no dia 12 de Outubro de 1969, movimentações estranhas em Alpiarça. De início, não percebe o que se passa. No seu relatório, refere que, “cerca das 11 horas e 15, junto do jardim, encontravam-se cerca de 300 pessoas, as quais, segundo o que lhes ouvia dizer, pareciam estar à espera dos ciclistas desta Vila, que andavam em prova de treino, o que mais tarde verifiquei não ser verdade, embora muita gente assim pensasse. Tendo ali permanecido, apercebi-me que iam chegando ao local referido mais indivíduos, até que pelas 11 horas e 20 encontravam-se ali, entre outros, os seguintes nacionais, já referenciados neste posto: - Olímpio Francisco Oliveira, Fernando Saturnino Jorge, Celestino Ferreira “o Cláudio”, Rui Baptista Feliciano “o Rui Balsa”, Jerónimo Reinaldo Pereira Bernardo “o Nazaré” e António Malaquias Abalada, que se encontra em liberdade condicional. Com estes referenciados encontrava-se também um individuo alto, forte, de bigode e cabelo preto penteado para trás, vestindo uma camisola branca, que me parece ser viajante, por o ter visto mais tarde deslocar-se numa furgoneta de caixa fechada de cor azul-escuro, com a matrícula LD-81-62, acompanhado do Saturnino. Pelas 11,30 horas, vindo da Rua José Relvas, lado da Chamusca, chegaram junto do Olímpio dois indivíduos que desconheço a identidade, sendo um de cerca de 20 anos de idade, alto, vestindo fato claro, outro de 33 anos aproximadamente, baixo, vestindo fato verde-escuro, que lhe disseram algumas palavras. Após esta curta conversa, o Olímpio dirigiu-se ao meio da multidão dizendo qualquer coisa que não compreendi, tendo seguidamente dirigindo-se, acompanhado por aqueles dois indivíduos, à rua José Relvas, seguindo o mesmo sentido que aqueles dois tinham trazido. Cerca das 11,40 horas, vindo do lado de Santarém, chegou uma caravana da Oposição Democrática do Distrito de Santarém, constituída por cerca de 10 automóveis, em que figuravam o Dr. José Fidalgo e o Engenheiro Lino Neto, candidatos da oposição deste distrito, sendo recebidos com grandes aplausos pelas pessoas que os aguardavam. Incluídos na caravana vinha um automóvel de cor preta, marca Peugeut-403, que entregou vários panfletos de cor branca e o comunista Armindo Avelino Pinhão, que se fazia transportar no seu automóvel acompanhado de sua mulher e outras senhoras. Entretanto, poucos minutos depois, o António da Conceição Jorge, individuo muito referenciado neste Posto, encontrava-se no seu carro, junto ao mercado municipal, falando a muitos indivíduos que o rodeavam. O Cláudio e o Nazaré, cerca de dez minutos antes da caravana ter chegado, saíram desta vila, em direcção a Santarém, respectivamente nos seus carros, regressando incluídos na mesma. O Cláudio era acompanhado pelo Rui Balsa. Por volta das 12,15 horas, a caravana oposicionista deixou esta vila, dirigindo-se em direcção a Almeirim. Segundo me parece a multidão juntara-se ali influenciada pelos indivíduos acima mencionados” Era assim uma campanha eleitoral por parte da oposição, com aparições imprevistas, movimentos para despistar e uma força interior para ultrapassar os obstáculos, força que, como vemos, não faltava nesta terra. Como não podia deixar de ser, os oposicionistas decidem efectuar uma sessão de propaganda em Alpiarça. O Governador Civil, Bernardo Macedo, recebe uma carta assinada por João Catarino Duarte a solicitar autorização para realizar essa sessão, a ter lugar no dia 18 de Outubro, num edifício propriedade de António Catarino Duarte. O Governador Civil despacha favoravelmente a petição desde que fossem garantidos alguns condicionalismos, “não eram permitidos incitamentos à subversão da ordem social estabelecida”. O subscritor da carta era responsabilizado pela boa ordem, disciplina e legalidade da reunião. Ela iria realizar-se na chamada “fábrica da passa”. No dia 16 começam os preparativos para o comício. Realiza-se uma reunião numa sala da própria “fábrica da passa” para se preparar a recepção aos candidatos. Cerca das 10 da noite começam a chegar os organizadores principais, entre eles, Celestino “Cláudio”, José Pinhão, Olímpio Oliveira, Jacinto Falcão Patrício, João Ramos Teixeira, António Conceição Jorge, César Fróis Rodrigues, Franquelim Nazaré Marques e Fernanda da Cunha Paulo. São debatidos todos os pormenores numa reunião que se prolonga até à 1 hora e 15 minutos da manhã, como anota o Agente da PIDE João dos Reis Baltasar. Não é para admirar esta precisão horária se nos lembrarmos que o Posto da PIDE era mesmo em frente do local onde se realizou a reunião e onde também se iria realizar a sessão. Alpiarça prepara-se para ver renascer os grandes comícios, como os de apoio ao General Humberto Delgado em 1958. É por isso que, no meio de grande entusiasmo e fervor político intenso, se realiza o comício da Oposição no dia 18 de Outubro nas instalações da fábrica da “Passa de Uva”, com a presença de largos milhares de pessoas, não só da vila, mas também vindos de várias terras vizinhas. Às 9 da noite, hora programada para o início, já a sala estava completamente apinhada de gente. Gritavam-se palavras de ordem contra a guerra colonial, a favor da amnistia e da liberdade para os presos políticos, apesar do forte aparato policial que se fez sentir em redor de toda a vila, e durante todo o dia, com o propósito de amedrontar os potenciais participantes, o que parece não ter resultado, pois o recinto, como referi, estava completamente cheio. A sessão foi presidida por João Catarino Duarte, que requerera a autorização para realizar o comício e era o responsável pelo bom andamento da reunião. Usaram da palavra os candidatos pelo círculo de Santarém: o Advogado António Antunes da Silva; o estudante de 21 anos, António Reis; o empregado comercial e escritor José dos Santos Cabral; o engenheiro eletrotécnico Lino Neto; o médico José Fidalgo Marques Pereira e a licenciada em letras Maria Barroso. Eram para intervir também Maria Fernanda Corte Real Graça Pereira, Manuel Alves Castela, Carlos Raposo Miguel Sardinheiro, Maria Luísa Ribeiro de Mira Pinhão, António Conceição Jorge e Jerónimo Reinaldo Pereira Bernardes ”Nazaré”, mas devido ao adiantado da hora, apenas Manuel Alves Castela e Maria Luísa Ribeiro de Mira Pinhão, tiveram oportunidade de discursar, ainda assim com esta última a ser interrompida à meia-noite, hora estipulada pelas autoridades para acabar com a sessão. João Catarino Duarte abriu a sessão pedindo para que a tudo decorresse com normalidade e sem excessos por parte dos oradores ou da assistência. Seguidamente Manuel Alves Castela fez a apresentação dos candidatos, lendo a respectiva biografia política. O primeiro candidato a usar da palavra foi o Dr. António Antunes da Silva, dizendo que “estava a falar para os democratas, mas que também sabia haver outros que não o eram e que até estavam presentes adversários em missão de serviço”. Falou depois sobre o modo como estava a decorrer a campanha, terminando com vivas à democracia e gritando: pão, amor e liberdade. Falou depois o Dr. José Fidalgo Marques Pereira que abordou “as péssimas condições hospitalares existentes no País e a má assistência ali prestada”. Curiosamente, o seu discurso seria interrompido para que ele próprio “fosse assistir a um indivíduo que tivera uma indisposição e que fora conduzido para fora da sala, mas na altura em que o Dr. Fidalgo chegou junto dele, já estava presente o Dr. Raul José das Neves, médico e presidente da U.N. desta vila, que cuidava do doente”. O terceiro orador foi José dos Santos Cabral, que falou sobre a liberdade de expressão, considerando que “era difícil ser escritor em Portugal, para não dizer impossível, porque a censura e a apreensão de livros tornavam a profissão inacessível”. O candidato António Reis afirmou-se como o candidato da juventude, “censurou a exploração juvenil e sobre a juventude disse que só lhe restava dois caminhos, ou emigrar ou ir para a guerra colonial”. Maria Barroso, por sua vez, respondeu às declarações da candidata da U.N. pelo círculo de Lisboa, Maria Ribeiro, publicadas no Diário de Lisboa de 6 de Outubro, perguntando-lhe “se sabe o que é casar por procuração com o marido na cadeia; se sabe o que é ser acordada em plena madrugada por lhe estarem a bater à porta; se sabe o que é intervirem nas chamadas telefónicas; se sabe o que é não ser professora porque o governo não quis; se sabe o que é não ser atriz porque o governo não o consentiu; se sabe o que é ir ver o marido à cadeia e estar a falar-lhe sobre a vigilância dum polícia… Terminou procurando demonstrar os seus dotes de artista, fazendo uma declamação, o que se vai tornando num hábito em sessões deste género”. Findos os discursos dos candidatos, Manuel Alves Castela “apresentou a oradora seguinte, Maria Luísa Ribeiro de Mira Pinhão, pessoa abastada desta vila e desde há muito referenciada como fervorosa adepta de todas as correntes oposicionistas desde que tenham em vista a abolição do actual regime. Maria Luísa Pinhão, começou por dizer que tinha 36 anos e que durante este tempo só tinha conhecido dois governos, mas que o regime era sempre o mesmo…que durante os 40 anos do regime nada foi feito em defesa dos interesses do povo…que os salários dos trabalhadores eram baixos…referiu-se ao nível de vida, considerando-o insuficiente… terminando por pedir que todos gritassem “amnistia”. A outra formação política concorrente, a situacionista União Nacional, também aqui realizou uma sessão de propaganda, conforme podemos constatar pela notícia que vem inserta na edição de 25/10/69 do jornal Correio do Ribatejo e que dizia o seguinte: “Realizou-se na fábrica pertencente a António Catarino Duarte uma sessão de esclarecimento e de diálogo dos candidatos a deputados da União Nacional pelo círculo de Santarém. Presidiu o Dr. Raúl Neves, tendo o Sr. Dr. João Afonso Calado da Maia apresentado as restantes individualidades presentes que eram o Dr. Magalhães Mota, Dr. António Alvim, Eng.º Amaral Neto, Eng.º Correia da Cunha e Dr. Júlio Dias Neves. Estiveram presentes à sessão o Dr. António Gonçalves Saldanha, o presidente da Junta de Freguesia, membros da Junta de Freguesia e mais autoridades civis e militares da terra. O ponto principal focado nesta sessão foi a agricultura no concelho de Alpiarça. Realizadas as eleições verifica-se que a União Nacional preencheu todos os lugares de deputados que estavam a sufrágio. Entre eles estavam os deputados da denominada “ala liberal”, constituída por Pinto Leite, Sá Carneiro, Magalhães Mota e Mota Amaral. Sensacionalmente a CDE obteve uma estrondosa vitória em Alpiarça. Dos 1172 eleitores inscritos, votaram 705. A Lista A, afecta ao Governo, obteve 239 votos, enquanto a lista B, da CDE, obteve 466, isto é 66,1% dos votos entrados na urna. É interessante notar que havia duas mesas de voto em Alpiarça, e se na sede do concelho a vitória foi esmagadora, o mesmo não se passou na outra mesa localizada na Charneca do Frade, onde a lista do Governo teve 48 votos e a da Oposição teve apenas . O Chefe da PIDE, Hélder de Sousa, considera que a derrota em Alpiarça, apesar de esmagadora, foi honrosa, pois dirá na sua informações de 27 de Outubro que “a vitória da oposição na freguesia de Alpiarça...se poderá considerar um resultado satisfatório atendendo às características politicas sobejamente conhecidas desta localidade”. Em Almeirim, por exemplo, a lista da Oposição apenas teve 16,7% dos votos, contra os 83,3% da lista afecta ao Governo, o que até levou o Presidente da Câmara de Almeirim a dizer no seu relatório que “a população deste concelho é, por tradição, conservadora. Terra muito laboriosa, não se preocupa com questões políticas.” Pelo contrário, em Alpiarça, as questões políticas tinham enorme importância para uma grande parte da sua população. No seu relatório final sobre estas eleições, o Presidente da Câmara, António Gonçalves Saldanha, não podia iludir essa realidade, dizendo com realismo que “o número de votos na União Nacional corresponde de facto a igual número de eleitores que estão com o Governo de Marcelo Caetano (239). Porém, os votos da lista da C.D.E. (Comissão Democrática Eleitoral), (466) não correspondem na totalidade a tal fação política, mas antes englobam eleitores fiéis a outras fações políticas, que só assim puderam ter oportunidade de publicamente manifestarem a sua oposição ao actual regime. No concelho as duas principais correntes são, sem dúvida, a do Governo de Marcelo Caetano e a da Oposição. Dentro da Oposição duas correntes parecem existir com maior força, o socialismo-marxista por um lado e a democracia liberal por outro, agrupando-se ainda a esta, outras correntes não definidas predominantemente de socialistas. Não existem no concelho católicos-socialistas ou progressistas-liberais. A corrente socialista-marxista afigura-se-me ter tendência pró-chinesa e tem sido obra de um fervoroso elemento ainda que pouco preparado intelectualmente. Denotam um esclarecimento conduzido do exterior. É do conhecimento que os emigrantes do concelho residentes em França são elementos ativos do partido comunista, com natural repercussão e reflexo na vida política do concelho.” A parte final do documento escrito pelo Dr. Saldanha é bastante curiosa, pois refere que “neste concelho ninguém se quer comprometer politicamente, porque daí lhe advém prejuízos materiais quando o seu comportamento não agrada à maioria. Contudo, lamento, nesta exposição, o facto de um Vereador desta Câmara ter a ousadia de representar a CDE na Secção de voto de Alpiarça, como fiscal. A sua atitude não tem qualquer desculpa, que não seja a falta de vontade e o medo de dizer não, do que resultaria, segundo ele afirma, prejuízos económicos, o que não creio, nem ninguém o pode aceitar. Não há individualidades da Oposição a destacar.” Na verdade o Vereador Fernando de Almeida Loureiro foi o delegado principal da CDE para fiscalizar o acto eleitoral na sua mesa de voto, enquanto o seu substituto foi Carlos da Conceição Raposo. Na lista A, da União Nacional, o delegado foi o Dr. Raul José das Neves, que aliás fazia parte da Comissão Eleitoral Distrital da União Nacional. E já que o relatório do Presidente da Câmara abordava a questão política dos emigrantes, devemos dizer que, na verdade, houve uma vaga de alpiarcenses que foram para França, ou por dificuldades em arranjarem trabalho, ou para “fugir” à tropa e outros ainda por questões politicas. Jaime Concho, João Carvalho Pinto, Amílcar do Vale e muitos outros, foram alguns daqueles que procuraram no estrangeiro a “terra da liberdade”. Era na festa promovida pelo jornal Humanité, órgão do Partido Comunista Francês, que acabavam por se juntar todos os que tinham saído do país por razões políticas e onde mantinham acesa a chama e o fervor na luta contra o regime português. Alguns deles conseguiam fazer chegar a Alpiarça os ecos da liberdade que viviam nesses países onde ganhavam a vida. Refira-se que em fins de 1969 se operou mais uma acção de cosmética politica, que vinha no seguimento do programa da “Evolução na Continuidade” do Primeiro-ministro Dr. Marcelo Caetano. Mudou-se o nome da polícia política. Partia a famigerada PIDE e em seu lugar surgia a DGS (Direcção Geral de Segurança”. A transfiguração resumia-se apenas a uma alteração de nome. Os métodos e os objectivos essenciais mantinham-se.

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns mais uma vez ao José João Pais por nos ter trazido aqui mais alguns factos interessantes da história de Alpiarça. É um registo que ficará para a posteridade, de grande significado e valor documental.

Ana Maria Duarte Gaspar da Mota Ferreira Nobre disse...

À descoberta dos meus queridos antepassados, deparo-me com este momento glorioso. Muito me sensibilizo por saber que o meu parente João Catarino Duarte( meu primo em 3º grau ), participou nesta história que ficou para a posteridade. João Catarino Duarte era irmão de António Catarino Duarte (ambos filhos de Manuel Duarte ) e primos direitos da minha falecida avó Irene Catarino Duarte.

Unknown disse...

às vexes sinto saudades da terra que me viu nascer...aqui vi que o meu tio avô e padrinho e irmão da minha avó Noémia é mencionado...o Jerónimo Nazaré...que saudades.