A entidade reguladora dos serviços de água e resíduos vai ser
responsável pela definição de tarifas e poderá aplicar multas e fazer
cobranças coercivas, segundo a proposta de lei do Governo enviada à
Assembleia da República.
A nova orgânica da ERSAR, que acentua a
autonomia do regulador e reforça os seus poderes em matéria tarifária,
sancionatória e de qualidade do serviço, foi aprovada em Conselho de
Ministros no final de dezembro, mas terá ainda de ser apreciada pelo
Parlamento.
O objetivo é aproximar a atuação da ERSAR de
reguladores como a ERSE (Entidade Reguladora de Serviços Energéticos) ou
a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações), que funcionam como
entidades administrativas independentes
Os atuais estatutos de regulador, equiparado a
um instituto público, podem "afetar a independência da regulação e
não oferecem garantias de equilíbrio de mercado, por uma das partes
acumular papéis, sendo em simultâneo agente e entidade que estabelece as
regras de funcionamento do setor", lê-se na proposta
legislativa.
O diploma visa, assim, "reconhecer e acentuar
a autonomia do regulador face ao poder executivo", mas também
assegurar a "correta proteção do utilizador dos serviços de águas e
resíduos" contribuindo para "garantir o equilíbrio entre os
preços socialmente aceitáveis e a necessidade de recuperação dos custos
dos serviços".
A ERSAR vai passar a "fixar as tarifas para
os sistemas de titularidade estatal", ou seja, as empresas do grupo
Águas de Portugal, mas os sistemas municipais também vão ter de seguir as
regras definidas pela ERSAR, que poderá impor um tarifário nos casos em
que verificar incumprimento.
As tarifas serão fixadas de acordo com vários
princípios entre os quais a recuperação dos custos dos serviços,
estruturas tarifárias consoante o agregado familiar e definição de tarifa
social.
A ERSAR vai ver também reforçados os seus
poderes de autoridade, sancionatórios e regulamentares.
Neste âmbito, a ERSAR vai poder fazer cobranças
coercivas e realizar inspeções e fiscalizações, podendo "aceder
livremente a todas as instalações" , requisitar e reproduzir
documentos, bem como recolher amostras, equipamentos e materiais para a
realização de análises e testes, selar instalações e suspender atividades
e aplicar multas.
O Governo preparou também uma lei para regular o
acesso de privados às concessões de água e resíduos que visa alterar um
regime jurídico considerado "especialmente limitativo no acesso da
iniciativa privada à gestão de sistemas multimunicipais de águas e de
resíduos sólidos urbanos".
No que respeita ao setor da água e saneamento
"prevê-se a reorganização, sem alteração da natureza das entidades
gestoras, que permanece maioritariamente pública", podendo os
sistemas multimunicipais existentes, "ser subconcessionados, total
ou parcialmente, por território e por áreas de negócio, a empresas cujo
capital seja integral ou maioritariamente subscrito por entidades do
setor privado".
Quanto aos resíduos sólidos urbanos, "é
criada a oportunidade de privatização, abrindo-se a possibilidade das
concessões virem a ser geridas por entidades privadas", prevendo-se
a autonomização deste subsetor no grupo Águas de Portugal.
«Lusa»
1 comentário:
ERSAR = mais tachos para boys. Desta vez laranjas.
O consumidor paga e este "regulador" serve apenas para justificar os aumentos.
Já estamos habituados.
Nada mudou...
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