O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) acaba de
deduzir a segunda acusação no âmbito do dossiê BPN, desta vez por crime
de falsificação de documentos, relativos a operações de crédito feitas
através do Banco Insular, que resultaram num prejuízo para o banco de
185,3 milhões de euros e de 36,8 milhões de dólares.
Os arguidos são o antigo presidente do BPN, José Oliveira Costa, António Franco (ex-administrador), José Vaz de Mascarenhas (ex-presidente do Banco Insular) e Ricardo Pinheiro (ex-director do Departamento de Operações do banco). A acusação foi feita pelos procuradores da República Rosário Teixeira (que coordena, no DCIAP, as investigações dos casos BPN e Furacão) e Patrícia Agostinho. Ainda estão pendentes 20 outros inquéritos relativos ao BPN.
Os arguidos são o antigo presidente do BPN, José Oliveira Costa, António Franco (ex-administrador), José Vaz de Mascarenhas (ex-presidente do Banco Insular) e Ricardo Pinheiro (ex-director do Departamento de Operações do banco). A acusação foi feita pelos procuradores da República Rosário Teixeira (que coordena, no DCIAP, as investigações dos casos BPN e Furacão) e Patrícia Agostinho. Ainda estão pendentes 20 outros inquéritos relativos ao BPN.
Nesta acusação, começa-se por
recordar como o BPN se tornou proprietário do Banco Insular e escondeu
essa ligação durante anos ao Banco de Portugal e ao homólogo supervisor
de Cabo Verde. Pelo Insular, mas com dinheiro desviado do BPN, foram
feitos desde 2001 contratos de empréstimo de centenas de milhões de
euros, ruinosos para o banco – que de outra forma não os poderia ter
feito, sem alertar o supervisor em Portugal.
O carácter
fraudulento dessas operações de crédito e o prejuízo causado já estão em
julgamento, há cerca de um ano, nas Varas Criminais de Lisboa (contra
23 arguidos, acusados de burla e abuso de confiança, entre outros
crimes). Nesta acusação de falsificação de documentos, estão em causa as
chamadas ‘cartas de opção de retoma de créditos’: ou seja, documentos
enviados para Cabo Verde, em que se atestava que o BPN assumia a
responsabilidade pelos financiamentos feitos pelo Banco Insular.
Essas
cartas obrigavam o BPN a comprar os créditos em causa, assumindo assim o
risco das operações feitas pelo Insular. Para serem executadas, bastava
o Insular fazer o pedido, a qualquer momento.
Segundo a acusação
do DCIAP, essas cartas foram feitas e assinadas como se fossem
contemporâneas às operações de crédito – o que era falso. A sua
elaboração era feita seguindo instruções de Oliveira Costa e foi a
solução encontrada para iludir os auditores e as entidades de supervisão
de Cabo Verde de que os créditos concedidos estavam devidamente
garantidos em termos de rácios de capital.
Ainda segundo a
acusação, Vaz Mascarenhas, presidente do Insular, ia informando quais
eram as operações de crédito que estavam omissas quanto a garantias,
Oliveira Costa dava instruções e António Franco e Ricardo Pinheiro
assinavam – sem terem, porém, poderes para tal. Além disso, descobriu-se
que essas cartas eram feitas por atacado, em papel timbrado fornecido
ao BPN em anos posteriores aos que se faziam constar. Só de uma vez, em
2007, foram assinadas 65 cartas, em que 58 tinham datas de anos
anteriores.
Queixa fora do prazo fez cair infidelidade
O
DCIAP teve de restringir-se à falsificação de documentos (punível com
prisão até três anos), ficando impune o crime de infidelidade aqui
também detectado. Isto porque o BPN não fez queixa dentro prazo. É que o
crime de infidelidade – que ocorre quando alguém gere intencionalmente
bens a seu cargo com grave prejuízo patrimonial – depende de queixa do
lesado. Neste caso, a administração do BPN, já liderada por Miguel
Cadilhe, tomou conhecimento formal da situação em Agosto de 2008. A
queixa teria de ser apresentada pelo menos até Fevereiro seguinte – o
que a nova administração do banco já nacionalizado, liderada por
Francisco Bandeira, só fez em Abril. Por isso, o DCIAP teve de arquivar a
participação.
Fonte:«Sol»
Fonte:«Sol»
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