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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Médicos internos denunciam grave falta de meios

 O Hospital Distrital de Santarém devia ter 46 médicos especialistas em medicina interna e só tem, actualmente, 11 destes profissionais no seu quadro. Em carta aberta à população, os internos da unidade ribatejana dizem que têm procurado evitar esta “degradação das situações assistenciais” mas que as suas preocupações não têm sido ouvidas, avança o jornal Público.
 “Neste momento e por razões externas à nossa vontade, esta degradação coloca em risco o funcionamento, em condições tecnicamente mínimas, da urgência e do internamento. Sem os médicos internistas, o serviço de urgência não funciona e não há apoio médico nas enfermarias”, sustenta o documento subscrito pelos 11 médicos internos no hospital distrital, frisando que estes especialistas trabalham na urgência, nas enfermarias de medicina interna, nas consultas e nos hospitais de dia e são responsáveis pela formação de outros médicos.
 Segundo afirmam, para um hospital com a afluência e a área de abrangência do hospital distrital, deveriam estar colocados, no mínimo, 35 internos e o número ideal seria de 46. A unidade de Santarém serve metade do distrito (concelhos de Almeirim, Alpiarça, Cartaxo, Coruche, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém), onde residem cerca de 191 mil pessoas. O serviço de urgência Médicos internos denunciam grave falta de meios atendeu, no ano passado, cerca de 83.500 pessoas e o hospital dispõe de 383 camas, escreve o Público.
 Os médicos internos sublinham que acreditam que os utentes compreendem as dificuldades, mas sublinham que é preciso tomar medidas de reforço de meios e que “não se poderão responsabilizar por quaisquer actos ou omissões decorrentes da aludida ausência de condições, particularmente decorrentes da carência de profissionais médicos”. A carta aberta dirigida à administração do hospital (entidade pública com gestão empresarial) apela à tomada de diligências para “suprir tais carências, sem o que, inevitavelmente, será posta em causa a qualidade da prestação de cuidados médicos, bem como a celeridade e prontidão da mesma”.
 Os profissionais recordam que a taxa de ocupação hospitalar foi, em 2011, “muito superior aos 100%” da capacidade dos serviços de medicina e que a solução tem passado pelo aumento do número de doentes atribuídos à Medicina Interna, com cedência de camas de outras especialidades e acréscimo de lotação nos serviços de medicina 3 e 4. “Nas equipas de urgência da área médica tem-se assistido igualmente à redução do número de internistas, existindo com frequência apenas um especialista de medicina interna no período nocturno, contrariamente às recomendações da Ordem dos Médicos”, acrescentam. Garantem desempenhar funções com o máximo de zelo, mas defendem a aplicação medidas como o regime horário de jornada contínua e o pagamento extra por este esforço assistencial, a exemplo do que, dizem, acontece noutras especialidades e com alguns enfermeiros e auxiliares.
«RCMP»

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