O Hospital Distrital de Santarém devia ter 46 médicos especialistas em
medicina interna e só tem, actualmente, 11 destes profissionais no seu quadro.
Em carta aberta à população, os internos da unidade ribatejana dizem que têm
procurado evitar esta “degradação das situações assistenciais” mas que as suas
preocupações não têm sido ouvidas, avança o jornal Público.
“Neste momento e por razões externas à nossa vontade, esta degradação coloca
em risco o funcionamento, em condições tecnicamente mínimas, da urgência e do
internamento. Sem os médicos internistas, o serviço de urgência não funciona e
não há apoio médico nas enfermarias”, sustenta o documento subscrito pelos 11
médicos internos no hospital distrital, frisando que estes especialistas
trabalham na urgência, nas enfermarias de medicina interna, nas consultas e nos
hospitais de dia e são responsáveis pela formação de outros médicos.
Segundo afirmam, para um hospital com a afluência e a área de abrangência do
hospital distrital, deveriam estar colocados, no mínimo, 35 internos e o número
ideal seria de 46. A unidade de Santarém serve metade do distrito (concelhos de
Almeirim, Alpiarça, Cartaxo, Coruche, Rio Maior, Salvaterra de Magos e
Santarém), onde residem cerca de 191 mil pessoas. O serviço de urgência Médicos
internos denunciam grave falta de meios atendeu, no ano passado, cerca de 83.500
pessoas e o hospital dispõe de 383 camas, escreve o Público.
Os médicos internos sublinham que acreditam que os utentes compreendem as
dificuldades, mas sublinham que é preciso tomar medidas de reforço de meios e
que “não se poderão responsabilizar por quaisquer actos ou omissões decorrentes
da aludida ausência de condições, particularmente decorrentes da carência de
profissionais médicos”. A carta aberta dirigida à administração do hospital
(entidade pública com gestão empresarial) apela à tomada de diligências para
“suprir tais carências, sem o que, inevitavelmente, será posta em causa a
qualidade da prestação de cuidados médicos, bem como a celeridade e prontidão da
mesma”.
Os profissionais recordam que a taxa de ocupação hospitalar foi, em 2011,
“muito superior aos 100%” da capacidade dos serviços de medicina e que a solução
tem passado pelo aumento do número de doentes atribuídos à Medicina Interna, com
cedência de camas de outras especialidades e acréscimo de lotação nos serviços
de medicina 3 e 4. “Nas equipas de urgência da área médica tem-se assistido
igualmente à redução do número de internistas, existindo com frequência apenas
um especialista de medicina interna no período nocturno, contrariamente às
recomendações da Ordem dos Médicos”, acrescentam. Garantem desempenhar funções
com o máximo de zelo, mas defendem a aplicação medidas como o regime horário de
jornada contínua e o pagamento extra por este esforço assistencial, a exemplo do
que, dizem, acontece noutras especialidades e com alguns enfermeiros e
auxiliares.
«RCMP»
Sem comentários:
Enviar um comentário