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segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mário Viegas morreu num dia 1 de abril

 Foi no dia das mentiras, mas tratava-se de uma crua verdade. O ator, encenador e declamador Mário Viegas morreu no dia 1 de abril de 1996, faz hoje 16 anos. 
Nascido em 10 de Novembro de 1948, em Santarém, António Mário Lopes Pereira Viegas estreou-se aos 15 anos fazendo teatro amador na sua terra natal. 
Aos 17 veio para Lisboa. "Nessa altura, em vez de me dedicar ao futebol ou a outra coisa qualquer, comecei a interessar-me pela política. E fiz da política, do antifascismo e dos movimentos contra a guerra colonial e o regime, uma grande bandeira. E tinha as minhas referências: o Zeca, pelo seu comportamento, era e continua a ser uma referência fundamental para mim", assim respondeu ao jornalista Viriato Teles, quando este, em 1992, lhe recordou numa entrevista que ele se intitulara "um anarquista de esquerda".
Outra  das referências que tinha, era a Maria Barroso, mulher de Mário Soares. "Lembro-me que a vi actuar pela primeira vez em Alpiarça, localidade que era um grande baluarte do Partido Comunista Português e da Oposição, antes do 25 de Abril. Nunca mais me esqueço que as duas primeiras filas da plateia estavam ocupadas por agentes da PIDE e da GNR. Eu também queria fazer aquelas coisas todas. E fiquei com o mito da Maria Barroso, que era uma mulher que, de facto, dizia muito bem e que empolgava as pessoas. 

"O sonho ao poder" 

 E, na mesma entrevista, falaria ainda dos seus muitos anos de teatro. Fazendo um balanço entre recordações más e boas, respondeu: "A maioria são boas. Fiz as coisas boas e más na altura em que tinha de as fazer. Claro que as melhores recordações que tenho da minha carreira (não gosto muito de utilizar a palavra carreira, mas enfim) são as coisas que concretizei principalmente fora de Lisboa".

E concretizou inúmeras coisas, desde peças de teatro a filmes (mais de quinze), passando por programas televisivos. Mas também fez a sua incursão na política, em 1995, concorrendo ao Parlamento nas listas da UDP e candidatando-se à Presidência da República com o slogan "O sonho ao poder". Pouco depois, a 29 de Agosto, seria internado no Hospital de Santa Maria.
O programa da candidatura lançou-o no espectáculo "Europa, Não! Portugal, Nunca!". Como recordou Viriato Teles em 2003, na revista brasileira "Agulha", tratou-se de "uma genial provocação a favor de "uma política sem máscaras", que só a doença impediu de levar até ao fim, mas que ficou como derradeiro exemplo de insubmissão. Total, radical, verdadeira, absoluta. A doer, como a vida."
Aqui deixamos uma lembrança, bem a propósito: "Carreirista", do poeta Mário Henrique-Leiria, que também fez da irreverência a sua vida, por Mário Viegas no seu programa televisivo de 1984, "Palavras Ditas". 

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