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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Este querido mês de Agosto…

o fim da estação tonta?
será mesmo o fim, ou aproxima-se o inicio de uma estação bem mais ridícula? ou será que esta afinal nunca acabou? há duvidas que nos cercam a alma nestes dias que antecedem os tempos que aí vêm e que definham a estação que nos precedeu. o Agosto para mim é um pouco a “passagem de ano”. explico. é este por excelência o meu tempo de reflexão. de balanço do ano. do profissional ao emocional. é aqui que se riscam expectativas, que se alinham esperanças, que se traçam os planos para o que aí vem. já assim era no tempo de escola. era a minha passagem de ano.

hoje isso faz cada vez mais sentido.

mas o Agosto teve muito de tonto. sussurra-se o encerramento de 8 extensões de saúde no concelho de Tomar. como se estas decisões pudessem ser tomadas assim, ao de leve. não há médicos, já sabemos. mas também não há condições económicas, não há transportes, não há acessibilidades que permitam tratar urgências. as urgências hoje em dia não se medem em quilómetros, medem-se em tempo. e o tempo de deslocação das pessoas é urgente. e ninguém parece pensar nisso.

também se fecham pontes no Verão! e quem quiser que dê a volta..e que volta…em Constância anda-se assim. e anda-se anda-se e anda-se, primeiro que se consiga passar para a outra margem…será possível isto acontecer? as pontes não são sapatos que se deixam romper até se comprar uns novos. uma homenagem à pouca vergonha, é o que é. agora em Constância há a margem norte e a margem sul, onde as coisas acontecem em separado..já em tempos houve um ministro que teceu piadas sobre as margens, pena que o seu sucessor se mantenha mudo a estas coisas.

tudo isto tem muito em comum com o encerramento das escolas. qualquer dia aqui não há quem viva. não há escolas, não há médicos, não há correios, não há supermercados, as mulheres têm que parir em ambulâncias (quando estas chegam)…há mato, e silvas e terras ao abandono que já ninguém as amanha. e sempre no querido mês de Agosto vemos um país a ser carbonizado como se isso já fizesse parte da tontice que reina nestes dias, na loucura das terras que ficaram por tratar, nos caminhos que ficaram por arranjar, para os parcos habitantes de um território que parece ser de ninguém. um ministro ameaça expropriar terras a quem não as cuide! vá, pode ser que isso chegue também ao Estado, e à sua incúria de não cuidar também o que lhe pertence, querendo moralizar seara alheia quando em casa própria é o que se vê..

e em Agosto matamo-nos para ir de férias. literalmente. que nem tordos caímos por aí nas estradas e auto-estradas de Portugal, que dizem são feitas em nome e a bem da segurança rodoviária. aquelas que pagamos e aquelas que o vão deixar de ser. and yeat, permitimo-nos a ter estradinhas novas, que mal abriram e voltam a fechar. dizem que é o IC9…mas ainda poucos lhe viram as formas.

aqueles que as zelavam eram brigadas de trânsito. agora encapotaram-lhes o nome e as funções. e já quase ninguém os vê. e é pena.

este é também os mês dos reencontros. dos emigrantes. quando era miúda era o mês dos casamentos…agora já quase ninguém se casa, e muito menos em Agosto. mas continua a ser o mês dos emigrantes. foi neste Agosto que revi os amigos de faculdade que partiram para Angola, para Espanha, Inglaterra, Moçambique e Brasil. são os novos imigrantes, e em todos os aspectos, jovens talentosos que partiram em busca de um país que lhes desse o que o nosso não consegue…e tanto que o nosso tem para fazer, que falta cá fazem…é preciso gente para construir um país. aqui nascem poucos, cada vez menos e os activos tendem a sair, aos magotes. tive muita família imigrante nos anos 60 e 70. volvido todo este tempo os números da imigração devem estar ao mesmo nível, agora com a família do coração a espelhar esta realidade. a dizerem-me que não gostam de ensinar aos filhos uma língua que não lhes diz nada.

e cada vez se ouve mais o lamento daqueles tempos a preto e branco, vozes de lamentos longínquos que se supunham ultrapassados pelo bem estar que hoje os tempos nos deveriam dar. parece que perdemos a memoria desses tempos, mas que a precisamos bem lúcida, liberta de ilusionismos mediáticos. Almodôvar não teria feito melhor.

como as estações se invertem para mim, aqui ficam não 12 passas, mas 21, uma por cada concelho do distrito, se quiserem acompanhem com champanhe fresquinho, sabe melhor agora nos tempos quentes que em final de Dezembro com a chuva e o frio a bater na janela…mas com os desejos de que a estação que aí venha, seja ela qual for, que seja melhor que a que nos antecedeu. So be it!
Por: Carina Oliveira
Deputada do PSD, eleita pelo Distrito de Santarém e colaboradora deste jornal

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