.

.

.

.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Produtividade não aumenta com mais horas de trabalho

Estudo do Governo diz que não há relação directa entre mais horas de trabalho e o crescimento da produtividade.
A eficácia da recente medida de aumentar o horário de trabalho na Função Publica para as 40 horas está a dividir as opiniões de gestores de recursos humanos. A alteração deverá constar do Orçamento Rectificativo, devendo por isso ser aplicada já este ano. Dado curioso é o facto de um estudo feito pelo próprio Governo concluir que não há relação directa entre mais horas de trabalho e a produtividade dos trabalhadores.
"Em toda a literatura científica relevante para o tema em discussão, é absolutamente consensual a impossibilidade de estabelecer uma teoria coerente que explique a relação, directa ou indirecta, entre o número de horas trabalhadas e produtividade", pode ler-se no estudo "O modelo de organização e duração do tempo de trabalho na administração pública: Análise comparada dos 27 estados-membro da UE / 2013". O documento elaborado pela Direcção Geral da Administração e do Emprego Público demonstra que há países com menos horas de trabalho semanais do que Portugal e em que os trabalhadores têm o dobro da produtividade dos trabalhadores portugueses por cada hora de trabalho. No estudo divulgado no início deste ano conclui-se que, embora "Portugal tenha um número média de horas trabalhadas por semana, tanto no emprego total, como no emprego a tempo inteiro, superior ao da Alemanha, o seu índice de produtividade é pouco mais de metade do alemão". Assim, os alemães trabalham em média 36,5 horas semanais e em média 1400 horas por ano e têm uma produtividade/hora de trabalho de 123,7, enquanto Portugal com 39 horas de trabalho semanal e 1711 horas de trabalho por ano tem uma produtividade de 65, a 4ª mais baixa de toda a União Europeia. 
Coincidência ou não, são os países com mais dias de férias e feriados que têm uma maior produtividade. O estudo lista indicadores de vários países que confirmam que "o número de horas trabalhadas é apenas uma variável em todo o processo produtivo e somente a articulação saudável entre as variáveis de produção (qualificações, horas trabalhadas, motivação, identificação pessoal com os objectivos organizacionais, adequação das tecnologias de informação e comunicação aos conteúdos e postos de trabalho) e os modelos de organização de trabalho existentes poderá determinar melhorias na produtividade". 

Mas há casos de unidades de multinacionais localizadas em Portugal que se destacam pela elevada produtividade. Caso paradigmático é a AutoEuropa do grupo Volswagem. A fábrica portuguesa foi a número 1 no índice da assiduidade (98,6%) entre as unidades localizadas na Europa, sendo considerada uma das unidades com melhor desempenho em termos de produtividade do grupo, garante a porta-voz da empresas.

Flexibilidade aumenta produtividade
Os autores do estudo acrescentam que as investigações mais recentes "sugerem haver uma relação directa entre práticas de trabalho flexível e desempenho organizacional". Assim, "a possibilidade dos trabalhadores gerirem com autonomia o seu horário de trabalho em função do cumprimento de objectivos constitui uma ferramenta de ‘high performance' passível de promover um esforço adicional no trabalho e uma maior intensidade nas horas trabalhadas
«DE»

Sem comentários: