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domingo, 15 de julho de 2012

Semana em revista – até 13, sexta


Por: Anabela Melão
 Estimativas do Banco de Portugal apontam para uma recessão de 3% este ano e para a estagnação em 2013. O número de desempregados chegará a um milhão. E, entretanto, debateu-se, no Parlamento, o Estado da Nação.
Um ano volvido sobre a entrada da troika, a perda de soberania que muitos anteviam como consequência revelou-se uma realidade. Quando um Tribunal com a natureza e as competências do Constitucional, em resposta à justificação de “emergência” com que o Governo pretendeu legitimar a suspensão da lei – numa “suspensão da Constituição” na linha da suspensão da democracia defendida por Ferreira Leite - a suspensão da democracia é o próximo passo ou está já contido neste? – profere uma jurisprudência, no mínimo original, que difere para 2013 a produção de efeitos da declaração de inconstitucionalidade, a troco de questões economicistas, de facto, está mesmo ameaçada a soberania.
Passos Coelho vê-se agora a braços com um problema resultante da economicidade da decisão – problemazinhos vai ele tendo que cheguem embora vá fazendo ouvidos de mercador e passando em frente como se nós fôssemos os cães e o Governo a caravana - o de encaixar no Orçamento de Estado 2013 a solução para cobrir a fatura dos dois mil milhões de euros, dividindo-a, assim numa espécie atípica de injustiça distributiva entre os funcionários públicos e os “outros”.
É certo que, com o mesmo rigor com que o seu ministro dileto vai dizendo e fazendo umas atrás de outras, o Primeiro-Ministro garantiu Pedro Passos Coelho, garantiu ainda que o governo "não está nesta altura a preparar qualquer aumento de impostos". Pouca diferença faz! Com a rapidez com que os seus vassalos se vão embrulhando em trapalhadas, dizendo heresias e cometendo barbaridades, caso seja necessário, amanhã, com a bica reforçada e as torradas saem uns aumentozitos aqui e acoli, coisa pouca! Ou não fôssemos nós piegas e pacientes!
Não sei se Seguro pretende abandonar a corte da abstenção violenta e do falar manso quando diz “Desça à terra senhor primeiro-ministro”, já que ele próprio também vai mostrando que nem sempre encontra terreno firme quando tenta pisar o chão. Mas gostei de o ver manusear com preparação os números do desemprego, das empresas falidas e das famílias em dificuldades para, por fim, acusar o (des)governo de ter falhado “na receita” e informar que vai propor à 'troika' um programa de recapitalização das empresas nacionais com um valor mínimo de três mil milhões de euros e financiado com parte das verbas não utilizadas pela banca. Saia-se bem se assim fosse e fizesse!
Jerónimo de Sousa, no estilo de sempre, afirmou que a revolta "está a crescer" – e eu confirmo já que não conheço melhor indicador de stress que os motoristas de táxi, e esses, com que falo todos os dias, estão “nervosos”! Evidentemente que tem toda a razão em falar de mais injustiças e de mais exploração, de mais desemprego, de mais pobreza, de mais recessão económica, de menos soberania, de maior endividamento e de maior dependência do exterior.
Louçã, mais drástico, tem uma saída para o Governo: a sua própria recomendação - Que emigre, pois naturalmente! E não se inibe de dizer que o Governo está "paralisado por intrigas internas" e que levou o País a um estado de "claustrofobia social", considerando que perante este "falhanço estrondoso" era "altura de se ir embora". E fala de mais buraco e de mais dívida.
E quem cá está “fora” vai-se indignando com verborreias nunca antes vistas de histórias rocambolescas de palhaços-pierrots de fazer ruborizar Maquiavel. Bem que disse o Baptista Bastos: “o que é a dignidade em política, quando a estratégia da dissimulação se substituiu ao princípio da honra."?
“Estamos a navegar numa noite escura e sem bússola”, afirma Viriato Soromenho Marques.
Portugal é inconstitucional!, diz o Daniel Deusdado.
Tudo acertado. E posto isto, venha amanhã que é sexta-feira, 13! Que mais pode acontecer neste dia agoirento para os cavaleiros templários? Bom, mais uma coisinha: Tomar é terra de Templários. O pai da minha filha tem costela de Tomar. A mãe tem costela templária. E a rapariga casa amanhã. Há ou não gente com coragem?!

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