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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Nunca o governo gastou tanto com os seus gabinetes: mais 864 mil euros que no último Orçamento do Estado

Gastos previstos no OE/2015 prevê um acréscimo de 864,3 mil euros em relação a 2014. O aumento em relação a 2012 é de 4,3 milhões


As despesas dos gabinetes dos 56 membros que compõem o actual governo totalizam os 51,5 milhões de euros, de acordo com os mapas que acompanham a proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2015. Este montante representa um aumento de 864,3 mil euros em relação às verbas inscritas no OE de 2014. Se compararmos com o OE/2012, o primeiro elaborado pelo executivo de Pedro Passos Coelho, o acréscimo é muito mais significativo: 4,3 milhões de euros.
Em causa estão todas as despesas com pessoal, designadamente as remunerações de ministros, secretários de Estado e seus colaboradores, as despesas de representação, ajudas de custo, suplementos e prémios, subsídio de refeição, férias e Natal e contribuições para a Segurança Social ou a Caixa Geral de Aposentações; e os gastos na aquisição de bens e serviços, nomeadamente em telemóveis, combustíveis, alimentação, deslocações e estadas, estudos e consultadoria, entre muitas outras rubricas.
De acordo com a última síntese estatística do emprego público, os gabinetes dos membros do governo eram compostos por 1030 pessoas a 30 de Junho de 2014, ou seja, mais 34 do que um ano antes e mais 79 do que no final de 2011.
Recorde-se que Passos Coelho foi precisamente um dos que criticaram a dimensão dos governos socialistas. Em 2011, em vésperas das eleições legislativas, o então líder do PSD chegou a afirmar: "Não podemos ter um governo com 16 ministros mais dezenas de secretários de Estado. Temos de ter um governo que se possa sentar à volta da mesa e que, com o primeiro-ministro, possa responder pelas decisões que são tomadas. E isto pode fazer-se com um governo muito mais pequeno e com um número de ministros não superior a 10".
Confrontado pelo i com esta informação, o gabinete da ministra das Finanças, em nome do gabinete do primeiro-ministro e de outros ministérios cujos gastos aumentaram, respondeu que "as despesas com pessoal dos gabinetes ministeriais previstas no OE para 2015, reflectem o correspondente aumento de despesa", tendo em conta que "a partir de 1 de Janeiro de 2015 entrará em vigor a reversão da redução remuneratória temporária no montante de 20%". Apesar desta justificação há quatro ministérios que conseguiram cortar nos gastos dos respectivos gabinetes (ver página ao lado).
Apesar do aumento global dos gastos dos gabinetes ministeriais, as despesas previstas para o próximo ano estão ainda assim muito abaixo dos encargos inscritos nos dois últimos anos do governo de José Sócrates. Em 2011, as despesas dos gabinetes dos 55 membros do executivo socialista ascenderam a 62,4 milhões. Um ano antes ainda tinham sido maiores: 67,3 milhões de euros. Em termos médios, cada membro do actual governo prevê gastar cerca de 919,8 mil euros, mais 15,5 euros do que no ano anterior. Em 2013, a despesa média dos 48 membros do executivo da coligação chegou a ultrapassar o milhão de euros.
CRISTAS FOI A QUE MAIS AUMENTOU A análise do i aos mapas por área de governação permitiu concluir que o Ministério da Agricultura e do Mar foi o que registou a maior subida no ano em análise, com um aumento dos gastos em 708,9 mil euros para 3,9 milhões em 2015.

Questionado pelo i, o gabinete da ministra explicou que "o Orçamento inicial não contemplava a decisão do Tribunal Constitucional (cerca de 200 mil euros), o que aparece logicamente reflectido no OE para 2015" e, por outro lado, o Orçamento "prevê ainda a verba com a ex Secretaria de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, no valor de 723 mil euros. Valor este que logicamente não será gasto". Recorde-se que a ministra do CDS, pouco tempo depois de assumir a pasta, decidiu, entre outras medidas de racionalização dos gastos, dispensar o uso de gravatas em todos os edifícios do ministério para poupar no ar condicionado e com isso reduzir as despesas em electricidade.
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