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domingo, 22 de setembro de 2013

PCP faz avançar três unidades contra a "ditadura" do som e da luz


Três unidades móveis do Partido Comunista Português (PCP) andam sempre à frente da caravana da campanha eleitoral, de norte a sul, conforme o almoço, a "arruada" ou o comício, para combaterem a "ditadura" do som e da luz.
Ao todo, são nove elementos, quase todos "funcionários do partido" e divididos pela "V1", "V2" e "V3" - quatro carrinhas comerciais brancas de grande porte, uma delas basculante, a compor a "V1", especializada em comícios e concertos -, que percorrem todo o país, sobretudo em alturas de apelar ao voto, antes do secretário-geral para lhe dar todas as condições de fazer passar a mensagem.
"O mais difícil é acordar de manhã quando se dorme pouco por causa do horário tardio da iniciativa anterior", brinca João Aboim Inglês, de 32 anos e com formação em eletricidade, o responsável pelas duas carrinhas da "V1", ligado ao partido desde os 16.
O técnico, que anda "em campanhas há oito anos", tem duas prioridades: "que as pessoas se façam ouvir e que possam ser vistas, principalmente pelas televisões". É a "ditadura do som e da luz".
"Varia muito. Ora estamos num pavilhão com muito eco e que se encheu de repente, ora chegamos a uma sala de espetáculos com todas as condições acústicas e cénicas. Temos que nos adaptar aos imprevistos", descreve.
O improviso, às vezes, acontece até na estrada, com uma avaria que obriga a repensar todo o plano do dia e aí "avançam as outras carrinhas" para que nada falte na hora do discurso.
"Já houve ocasiões em que só conseguimos estar em cima da hora, mas nessas alturas contamos sempre com a ajuda dos camaradas locais que veem que é preciso e arregaçam as mangas também", conta.
A "V1", com dois veículos, transporta mais de quatro toneladas de material: quilómetros de cabos (elétricos, de microfone, de colunas), extensões, monitores, estruturas de cenário, um palanque ajustável.
"Só não levamos o palco e a eletricidade", resume João Aboim Inglês, que elege os níveis das vozes como a matéria mais delicada porque, por vezes, há oradores "inexperientes ou nervosos que dão uma dor de cabeça acústica".
Com 64 anos, Carlos Ferreira dirige a "V2", dedicada às sessões de esclarecimento e intervenções mais curtas, juntamente com Miguel Prudêncio, mas ainda é "do tempo do Álvaro Cunhal" depois de ter sido dissidente do PS e entrar para o PCP em 1975.
"Temos aqui tudo - 500 metros de cabos, quadro trifásico, monofásico, uma tribuna, oito colunas, oito microfones", contabiliza o técnico de audiovisuais, que já trabalhou em cinema, televisão, rádio, mas que deseja a reforma para se dedicar ao querido teatro e às crianças.
José Inácio, de 28 anos, é dos mais recentes elementos da "brigada", pois trabalha para o partido desde abril, após ter sido empregado de balcão e de uns "biscates" na área do som em videoclips e concertos.
"Requer braços e força de vontade, mas quem corre por gosto não cansa", afirma, enquanto arruma a "V3", especializada nas ações de rua, juntamente com Vítor Azevedo, para partirem para novo destino, já com mais de 3.000 quilómetros de estrada ao quinto dia oficial de campanha para as eleições autárquicas de 29 de setembro.
«NM»

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