Reflectindo ainda no registo dos poços, charcos e…
Neste País acontecem coisas no mínimo estranhas.
E digo estranhas para não utilizar a justa definição. Há pessoas no aparelho governativo e administração pública que, vivem o seu dia-a-dia a magicar na maneira habilidosa de extorquir mais uns cobres ao pacato cidadão porque as finanças públicas assim o exigem.
Quem é que tem poços, furos, fossas, charcos, noras e outros pequenos recursos hídricos neste País? Na sua maioria o Zé Povinho, pois claro.
Quem esteve nas imensas filas nos sítios para onde foram atirados por uma campanha Nacional orquestrada pelos mesmos Maestros de sempre, a fim de legalizarem os charcos, poços, fossas e quejandos, chegando até a pagar a alguém para o preenchimento da papelada? Foi o Zé Povinho, pois claro.
Então não houve um funcionário, um político, um membro do Governo, conhecedor desta Lei agora invocada pelo senhor Ministro que dissesse àquela gente que afinal aquela papelada (confusa) não se destinava a toda a gente mas apenas a casos "especiais" esclarecendo quais?
É agora, em vésperas de Eleições que, todos somos “informados” com uma nota do senhor Ministro à imprensa? Mesmo que o simples registo não levasse a quaisquer impostos a posterior, a verdade é que o isco foi lançado e, não é preciso ser um génio em matemática para saber que 3.00€ de imposto de selo a multiplicar por muitos milhares de cidadãos, entrariam muitos milhares (?) de Euros nos cofres do Estado.
Contudo e não obstante, continuo a pensar que é necessário para o ordenamento territorial de qualquer país civilizado, o levantamento dos seus recursos hídricos.Isto é, é importante saber a água que temos e aquela com que podemos contar no futuro.
Mas tudo isto se pode fazer ordeiramente, com educação, sem intimidações, sem obscurantismo, sem ameaças de coimas exorbitantes para quem não tem sequer dinheiro para comer.
Vamos imaginar uma família portuguesa que tem um pequeno poço do qual retira semanalmente (durante os meses quentes de Verão) alguns litros de água para regar duas ou três árvores que tem no quintal, uns tomates, umas couves, umas cenouras enfim, uns mimos para fazer face ao custo de vida que, não está fácil e, o governo resolve aplicar um imposto penalizando esta família.
Que dizer então de quem tem milhares de hectares de plantação de eucaliptos?
Quanto irá pagar quem tem milhares de hectares de plantação destas árvores onde cada hectare tem uma extracção de água do subsolo superior a muitas bombas de 5 CV (cavalos vapor) referidas na Lei?
O que o Povo deste País quer é ser devidamente esclarecido por pessoas sérias e que saibam o que andam a fazer. O Povo está habituado a pagar tudo e não refilar, mesmo não sabendo bem o quê. A dar um dia de trabalho para a Nação, como fez logo após a Revolução de Abril.
A cumprir com as suas obrigações. Mas que estas obrigações sejam razoáveis e pautadas na realidade social e económica das nossas gentes.
Por:Viriato«Colaborador do "Jornal Alpiarcense"»
3 comentários:
As reflexões de Mestre Viriato ( que conhecemos de outras paragens) são sempre bem vindas.
Neste caso dos registos dos poços,parece haver efectivamente algo de estranho. Muito estranho mesmo,atendendo ao tempo e ao modo.
Victória C.
Quem fala assim não é gago.
Eu diria que a notícia do sr. ministro veio sossegar muita gente que já sonhava com os poços e com as multas anunciadas ao ponto de dizer que o melhor seria entregar a horta ao fisco e... tirava-se dali o sentido.
Os jornais limitaram-se apenas a dar a notícia e poucos comentários se escutaram sobre esta atitude que, como é dito por mestre viriato,é no minímo estranha.
Há um provérbio lusitano bastante velhinho e talvez por isso já quase esquecido, que diz: - "Com passas e bolos se enganam os tolos."
Vai lá vai! Até os ditos abanam.
F.S
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