Fábrica da Renoldy com futuro incerto
O ministro da Agricultura, Jaime Silva, visitou esta quarta-feira a fábrica de leite da Renoldy em Alpiarça para pedir à administração que volte “a negociar e procurar os melhores parceiros” para conseguir colocar a fábrica de novo a funcionar.
A fábrica tem estado quase sem produzir e tem já em stock cerca de 2,5 milhões de litros de leite embalado sem destino e sem encomendas. Uma situação que acontece mesmo depois da encomenda de 1,3 milhões de litros de leite feita pela Sonae, logo após a reunião de Junho entre o ministro e os representantes da distribuição, mas que a fábrica de Alpiarça satisfez com recurso a leite que a fábrica já tinha stock.
Apesar do cenário complicado, o ministro Jaime Silva disse que tem garantias de que as grandes cadeias de supermercados continuam interessadas em comprar leite à fábrica de Alpiarça. ”A informação que eu tenho é que há do lado das grandes superfícies a vontade de estabelecer um compromisso no interesse de ambas as partes e claro da produção nacional”, afirmou Jaime Silva.
Um dos grandes compradores de leite da Renoldy é a Sonae que reduziu as encomendas de 3.125 milhões de litros/mês para 2.700 milhões em Maio, não tendo em Junho comprado qualquer quantidade de leite Marca “E”, cujas compras mensais rondavam os 2.500 milhões de litros".
Recentemente, o grupo Auchan demonstrou também interesse em comprar leite à fábrica mas a administração da Renoldy disse que existiram negociações mas que o “preço não compensava” porque esta cadeia proprietária dos hipermercados Jumbo queria comprar leite a 35 cêntimos ao litro, quando a Renoldy está a comprar aos produtores a preços de 29 e 30 cêntimos.
Da parte da administração da Renoldy, Pedro Reis, advogado e porta-voz da empresa, disse que a Sonae apenas lhes comunicou que “está a fazer um planeamento para os próximos três meses e que pode voltar a encomendar”. “Mas não temos tempo para negociar porque já não temos capacidade para receber mais leite. Até vamos ter que transformar parte do leite em pó para podermos cumprir os compromissos até segunda-feira”, alertou o porta-voz da Renoldy, em declarações à Agência Lusa.
Os produtores de leite também marcaram presença nesta visita e reuniram com o ministro Jaime Silva a quem pediram que “faça pressão sobre a distribuição para que seja encontrada uma solução que viabilize a Renoldy”.
Os produtores de leite queixam-se do preço a que é vendido o leite português e da “concorrência desleal de leite estrangeiro, sobretudo vindo de Leste”, refere Rui Moreira, do "Movimento Mais Português", um iniciativa organizada de produtores que apela ao consumo de mais leite português.
O mesmo apelo deixado pelo ministro Jaime Silva que recusa fazer pressões sobre o mercado e apenas fala em “diálogo”. “O que tentamos é que exista diálogo entre as entidades e que se chegue a um compromisso em termos de preço e de prazos, de forma a que haja estabilidade para quem compra e para quem fornece.”
Com o fim dos contratos de fornecimento de leite anunciados pela Renoldy com cerca de 100 produtores do Centro e Sul, ficam em causa cerca de 200 postos de trabalho aos quais se juntam mais 55 funcionários da fábrica de Alpiarça.
Estes produtores são proprietários de cerca de 7 mil animais e não sabem o que hão-de fazer ao leite e aos animais porque “não podem para de ordenhar”.
«Lusa»
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